O economista-chefe da Lopes & Filho Consultoria, Julio Hegedus, a valorização das commodities ajudam na recuperação dos negócios no mercado acionário, além de um cenário mais positivo para a inflação traçado pelo Banco Central (BC) no relatório trimestral de inflação.

— O Banco Central vê um cenário mais benigno para a inflação, mas claro que segue cauteloso. Mas ele indica que com a inflação baixa, não haverá dificuldade para a redução dos juros. Além disso, o preço das commodities no exterior influenciam os negócios aqui — disse.

As ações preferenciais (PNs, sem direito a voto) da estatal têm alta de 2,92%, cotadas a R$ 11,98. Já as ordinárias (ONs, com direito a voto) sobem 1,40%, a R$ 12,96. Essa valorização é reflexo da recuperação dos preços de petróleo no exterior. O do tipo Brent Tem Alta de 1,65%, a US$ 45,56 o barril.

Mesmo movimento é registrado na Vale, que tem alta de 2,36% nas PNs e de 2,94% nas ONs, acompanhamento a alta dos preços do minério de ferro na China.

As ações da Eletrobras também sobem forte. As preferenciais avançam 6,14% e as ordinárias, 8,94%, com a continuidade dos planos de ajuste na empresa, que incluem venda de operações e redução do quadro de funcionários.

No mercado de juros, as taxas registram leve recuo, após o Banco Central divulgar em seu relatório trimestral de inflação uma projeção de inflação menor para 2017. Os contratos com vencimento em janeiro de 2018 são negociados a uma taxa de 8,995% na B3, ante 9,015% do fechamento de ontem. Já aqueles com vencimento em janeiro de 2019 estão perto da estabilidade, 9,010% ante 9,020% do fechamento do último pregão.

DÓLAR PERTO DA ESTABILIDADE

Apesar da incerteza política, o dólar comercial encontra dificuldade em entrar em uma nova tendência de alta. Na avaliação de Cleber Alessie, operador da Correparti Corretora de Câmbio, a moeda americana tem fundamentos para buscar um patamar mais alto. No entanto, os investidores sabem que o BC pode agir para dar liquidez ao mercado, e isso impede altas mais acentuadas.

— Até a derrota do governo com a reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado o dólar estava entre R$ 3,25 e R$ 3,30. A leitura do mercado é que o governo carece de capital político para a aprovação das reformas e isso foi mais um sinal de alerta, o que fez com que muitos reduzissem a exposição, mas acredito que a moeda não fica muito acima de R$ 3,35 porque o BC já deixou claro que tem bala na agulha para agir — avaliou.

Logo após a divulgação do conteúdo da delação premiada dos executivos da JBS, o dólar atingiu R$ 3,40 e a autoridade monetária fez uma oferta de US$ 10 bilhões em contratos de swap cambial (que tem efeito de venda da moeda no mercado futuro) para reduzir a volatilidade. Mesmo com esses leilões, o estoque do BC em swaps está em apenas US$ 27 bilhões, bem abaixo dos mais de US$ 110 bilhões em 2015, ou seja, ainda pode atuar porque tem espaço para crescer essa exposição, além das reservas cambiais.

Na avaliação de Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora de Câmbio, os agentes financeiros estão de olho no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que avalia a validade do acordo de colaboração firmado entre a Procuradoria Geral da República (PGR) e os executivos da JBS. Além disso, também avaliam as discussões em torno da votação da reforma trabalhista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal. “Nesse cenário, tudo indica que os agentes manterão a cautela nos negócios, mantendo e até reforçando as posições defensivas em dólares, pelo menos até o novo teste do governo Michel Temer nas sessões da CCJ do Senado que discute a reforma trabalhista”, avaliou, em relatório a clientes.

No exterior, o dólar opera praticamente estável. O “dollar index’, calculado pela Bloomberg e que mede o comportamento da divisa americana frente a uma cesta de dez moedas, tem leve alta de 0,06%.

OGlobo