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Que venha o Crash! Operações Estruturadas - Fence

Que venha o crash é uma série de postagens que tem como objetivo principal destrinchar a crise que está por vir e identificar maneiras de proteger sua carteira do colapso. O post inicial da série avaliou duas formas de investimento em Ouro para hedge na carteira. Clique aqui e confira!

Uma Fence é uma operação estruturada que estabelece uma faixa de negociação em que as perdas são limitadas e, em contrapartida, também limita os ganhos da operação. O objetivo é evitar prejuízos em mercados em tendência de baixa.

A estruturação de uma fence envolve a venda de uma opção de compra (call) cujo preço de exercício seja superior ao preço de mercado da ação (out-the-money), a compra de uma opção de venda (put) cujo preço de exercício seja inferior ao preço de mercado da ação e a venda de uma opção de venda (put) cujo preço de exercício seja inferior ao preço de exercício da put que foi adquirida.

Todas as opções envolvidas na estratégia devem ter a mesma data de vencimento. A call estabelece um preço máximo que o investidor poderá vender o ativo. A put comprada estabelece um limite de proteção contra perdas que se extende até o preço de exercício da put vendida.







Para que fique mais claro, vamos a um exemplo:
Compra AÇÃO - cotação: 10,00
Vende CALL 11 - preço de exercício: 11,00
Compra PUT 10 - preço de exercício 10,00
Vende PUT 9 - preço de exercício: 9,00

Ao vender a CALL 11 é estabelecido um limite de ganhos, já que se o preço da ação ultrapassar o preço e exercício da opção, esta será exercida e o investidor terá que vender suas ações, neste exemplo, por 11,00.

Ao comprar a PUT 10 é estabelecido um limite inicial de proteção, já que se a ação sofrer desvalorização, o investidor poderá exercer sua opção de venda e vender suas ações, neste exemplo, por 10,00.

Ao vender a PUT 9 é estabelecido um limite final de proteção. Se houver desvalorizações além deste limite o detentor da PUT irá exercer sua opção de vender suas ações, neste exemplo por 9,00.

Esta operação tende a ter custo zero, uma vez que o preço pago pela PUT 10 é auferido com as vendas da CALL 11 e PUT 9.

CENÁRIOS

Se a ação valorizar: investidor ganha com a valorização até o limite de 10% (até 11,00).

Se a ação desvalorizar até 10%: investidor não sofre perdas entre 10,00 e 9,00, uma proteção

Se a ação desvalorizar acima de 10%: investidor sofre perdas correspondentes a diferença entre a cotação e o limite de proteção da PUT 9.

Por exemplo, se a cotação for a 8,50, o investidor exercerá sua opção de venda e venderá a ação por 10,00, porém será exercido e terá que recomprar as ações por 9,00. Assim as perdas seriam de 9,00 - 8,50 = 0,50 (5%). Ou seja, enquanto as ações sofreram uma queda de 15% o investidor teve perdas de apenas 5%.

Note que o as perdas não são limitadas, mas amortecidas, neste exemplo em 10%.

QUANDO USAR

Como dito, esta estratégia é excelente para mercados em tendência de baixa, uma vez que amortece as perdas. Em momentos como o atual, com as cotações próximas ao topo e ambiente de incertezas, também é uma excelente estratégia para estruturar uma proteção contra a reversão de tendência.

Utilizada em conjunto com outras estratégias de hedge, como a compra de ouro ou moedas estrangeiras, garante uma boa proteção para a carteira de ações.






FENCE NA PRATICA

Não é tão bom quanto parece!

A primeira dificuldade para montar a estratégia é a falta de liquidez do mercado de opções brasileiro. Algumas poucas ações possuem opções com razoável liquidez o que torna a tarefa bastante complicada. Algumas corretoras oferecem aos seus clientes liquidez para as opções ligadas as ações mais tradicionais. Basta entrar em contato com o setor de operações estruturadas de sua corretora que a equipe irá providenciar a compra e a venda das opções relacionadas.

A segunda dificuldade está na complexidade de proteger toda a carteira, uma vez que a operação precisa ser estruturada para cada ação. Uma alternativa é agrupar uma parte da carteira que tenha uma média de beta 1 e a partir de então fazer uma estrutura baseada no índice bovespa.

Exemplo:

AÇÃO Part (%) BETA
AÇÃO 1 25% 0,9
AÇÃO 2 20% 1,05
AÇÃO 3 20% 1,15
AÇÃO 3 15% 1,3
AÇÃO 4 10% 1,45
AÇÃO 5 10% 1,8

Esta carteira tem um índice beta médio de 1,185, porém se excluírmos a AÇÃO 5, a carteira restante apresenta um beta médio de 1,005. Assim, poderíamos montar uma fence que proteja a parte da carteira correspondente as ações de 1 a 4 através das opções ligadas ao índice Bovespa. Eventualmente a AÇÃO 5 pode ser protegida com uma nova fence específica para ela. Assim, ao invés de ser necessário cinco fences serão feitas apenas duas. Observe que não há garantia nenhuma que sua carteira movimente-se de forma idêntica ao Ibovespa, mas é uma boa aproximação.

Terceira dificuldade: os spreads não são tão bons quanto os do exemplo. Para descrever a operação, utilizei exemplos parecidos com os propagadas pelas corretoras. Parece bom demais para ser verdade, né?. Porém, na hora de estruturar a operação você encontra um mercado que oferece spreads significativamente inferiores, se quiser montar a fence a custo ZERO.

Ontem (segunda-feira, 17/07/2017) foi dia de vencimento de opções, um bom dia para estruturar uma fence. Avaliei o mercado durante o pregão e segue as opções de BOVA11 que encontrei com ordens de compra e venda reais disponíveis para montar a operação com prazo de 1 mês:

BOVA11 - 63,15
BOVAH65 - 0,69 (CALL exercício 65,00 - Limite de ganhos: +2,93%)
BOVAT63 - 1,08 (PUT exercício 63,00 - Limite de perdas: -0,24%)
BOVAT60 - 0,39 (PUT exercício 60 - Limite de proteção: -4,99%)

0,69 + 0,39 - 1,08 = 0 (custo apenas das corretagens)
Resumo: limite de ganhos: 2,93%
Proteção de perdas de -0,24% se a queda for até -4,99%.

Na prática, para obter custo zero, o limite de ganhos é muito inferior aos 10% utilizados como exemplo pelas corretoras e a proteção contra perdas também é bem inferior aos 10%.

Mas se for pensar bem, se formos utilizar a fence em mercados próximo ao topo, limitar ganhos a 2,93% ao mês não é tão ruim... E garantir proteção de 5% por mês é uma boa vantagem. Raramente há quedas superiores a isso. E toda vez que houver quedas inferiores a 5% você está protegido e pode aumentar a quantidade de ações em sua carteira sem aportar novos recursos.

Não satisfeito, em contato com minha corretora foi informado que os exemplos servem para prazos maiores, acima de 6 meses. Aaaa... Limitar ganhos e perdas em 10% por 6 meses já não é tão grandes coisas...

Ainda assim foi me oferecida a seguinte operação custo zero que a corretora garantiria liquidez para as opções:

3 meses - vencimento outubro/2017
CALL exercício 67,00 - Limite de ganhos: +6,10%
PUT exercício 62,00 - Limite de perdas: -1,82%)
PUT exercício 59,00 - Limite de proteção: -6,57%)

Segue ordens de compra e venda reais encontradas no dia 17/07/2017 com um bom volume que daria para estruturar operações. Quem sabe você consegue enxergar uma Fence custo zero mais vantajosa que a apresentada:

ATIVO TIPO EXERCÍCIO COTAÇÃO LIMITE / PROTEÇÃO

BOVA11 ETF 63,15
BOVAH69 CALL 69,00 0,18 9,26%
BOVAH68 CALL 68,00 0,25 7,68%
BOVAH66 CALL 66,00 0,4 4,51%
BOVAH65 CALL 65,00 0,69 2,93%
BOVAH64 CALL 64,00 1,1 1,35%
BOVAH63 CALL 63,00 1,65 -0,24%
BOVAT63 PUT 63,00 1,08 -0,24%
BOVAT62 PUT 62,00 0,77 -1,82%
BOVAT61 PUT 61,00 0,52 -3,40%
BOVAT60 PUT 60,00 0,39 -4,99%
BOTAT59 PUT 59,00 0,28 -6,57%
BOTAT58 PUT 58,00 0,21 -8,16%

Enfim, a fence é uma estratégia das mais utilizadas para estruturar estratégias de proteção da carteira através de opções. É uma estratégia interessante para mercados em tendência de queda ou em mercados em regiões de topo. Mas não protege o investidor de quedas abruptas como costuma ocorrer nos estouros das bolhas.

No próximo post da série será avaliada uma nova operação estruturada, capaz de proteger o investidor de quedas abruptas, mas incapaz de isentar o investidor de pequenas perdas mensais durante as tendências de queda.




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