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Balanço Final - Liga Bwin 22/ 23

 Liga Bwin - No que deve ser considerado sinal de competitividade e poderia, se as coisas fossem diferentes, traduzir um campeonato emocionante e saudável, 2022/ 23 deu-nos o terceiro campeão diferente em 3 anos consecutivos de Liga portuguesa. Depois de Sporting (2021) e Porto (2022), o Benfica voltou a fazer encher o Marquês, no culminar de uma época que embora tenha ficado sentenciada apenas na jornada 34, seria chocante se o campeão não tivesse sido a Equipa que passou basicamente toda a Liga no primeiro lugar.

    Com 87 pontos, o melhor ataque (82 golos) e a melhor defesa (20 Golos sofridos), o Benfica sorriu no Ano 1 de Roger Schmidt, uma aposta de Rui Costa que se revelou acertada, revolucionando e fazendo acreditar as águias, outrora perdidas e em subrendimento. Com o alemão, foram muitos os jogadores a disparar de rendimento (melhor época da carreira para João Mário, Grimaldo, Florentino ou Gonçalo Ramos), as aquisições foram em cheio e a bom preço (Enzo durou meia temporada, os adeptos desejam que Aursnes dure para sempre) e quando Schmidt recorreu ao Seixal (António Silva, João Neves) os jovens talentos não mais saíram do onze.
    Com Schmidt, o Benfica passou a correr mais e a correr "melhor". O futebol das águias tornou-se dinâmico, cativante, primeiro assente no cérebro do maestro argentino Enzo Fernández, e numa segunda fase a traduzir a maior conquista do técnico alemão na Luz - em muitos momentos, e logo na primeira época do novo treinador, os jogadores encarnados passaram a pensar o mesmo, numa simbiose ocasionalmente perfeita.

    Bastante abaixo do futebol que praticou na época anterior (abismal a diferença para a 1.ª metade de 2021/ 22 quando havia Luis Díaz e Vitinha em simultâneo), o FC Porto conseguiu manter-se vivo até à última jornada. Os azuis e brancos deixaram fugir apenas 5 pontos na segunda volta, fechando inclusive a época numa série de 9 vitórias, e no Dragão serve de consolação o estatuto de equipa com melhor rendimento quando considerada apenas a mini-liga entre Benfica, Porto, Sporting e Braga. Otávio jogou que se fartou, Taremi sagrou-se melhor marcador, e Pepê deixou a sua qualidade sempre evidente, umas vezes a extremo, outras como solução de recurso a lateral.

    Nas palavras de Rúben Amorim, o Sporting "falhou todos os objetivos". A época leonina teve bons capítulos europeus (na Champions, vitórias em Frankfurt e na receção ao Tottenham; e sobretudo aquele grande jogo a eliminar o Arsenal da Liga Europa), mas a nível interno o 4.º lugar traduz o valor/ nível que os leões apresentaram. O Sporting de Braga foi mais regular, com um plantel mais homogéneo e banco com melhores recursos, sendo certo que por duas vezes, em duas competições distintas do futebol português, o Sporting chegou a impor ao Braga este ano duas derrotas por 5-0.

    Sintoma muito preocupante do colossal desequilíbrio no nosso campeonato o facto de apenas os 4 primeiros classificados apresentarem uma diferença de golos positiva, dado impensável nas grandes ligas europeias. Entre quem faz muito com pouco, o Arouca impressionou-nos e merece ser distinguido como principal sensação da época, estatuto que pertenceu ao Casa Pia durante parte da época, e que o Desportivo de Chaves também fez por merecer. Marítimo, Santa Clara (de 7.º na temporada passada para último classificado este ano) e Paços de Ferreira (em 2021 foi quinto com Pepa, passados dois anos desce) mostram que em Portugal é fácil uma equipa ir do céu ao inferno num estalar de dedos.

    Acompanhem-nos então neste balanço final, que analisa em detalhe as 18 equipas da Liga portuguesa, procurando determinar o que correu bem, o que correu mal, quem se destacou e quem desiludiu:



  BENFICA (1)

    If you love football, you love Benfica. Tudo começou bem, e acabou bem também. O Benfica revolucionou o seu futebol e apostou no engenheiro mecânico Roger Schmidt, acreditando que o alemão seria capaz de curar uma equipa deprimida.
    Figura sorridente, descomplexada e leve para a habitual toxicidade do futebol português, Schmidt trouxe serenidade e apaixonou os jogadores e adeptos com um futebol bem trabalhado, acutilante na pressão, inteligente na tomada de decisão e fértil na multiplicidade de soluções.
    Os encarnados conquistaram um título, o 38, que escapava desde 2019, fechando a época com o melhor ataque (82 golos) e a melhor defesa (20). Na Liga dos Campeões, o sonho viveu-se até aos quartos-de-final. As taças, bem, não falemos das taças.
    Com elevadíssimo acerto na hora de contratar (Enzo, Aursnes, Neres, Bah e até Musa vieram todos acrescentar e muito), o novo Benfica viveu um antes e depois de Enzo Fernández, vendido ao Chelsea por 121 milhões depois de se sagrar campeão do mundo pela Argentina e ser eleito melhor jogador jovem do torneio. O melhor Benfica foi o Benfica com Enzo, mas a equipa soube reagir: ao longo da época, Schmidt fez de Gonçalo Ramos um avançado super completo, inovou taticamente no posicionamento de Rafa e João Mário (alguém apostava que iria ultrapassar os 20 golos no conjunto de todas as competições?), acreditou em Florentino e Chiquinho, e estreou os miúdos António Silva e João Neves.
    O norueguês Fredrik Aursnes acabou por ser a melhor personificação do Benfica de Schmidt, um jogador de futebol total, capaz de pensar e executar bem em todas as zonas do campo, forte com e sem bola.
    Os adeptos do Benfica querem mais. Aguardemos pelos próximos capítulos.

Destaques: Fredrik Aursnes, Álex Grimaldo, Gonçalo Ramos, João Mário, Nicolás Otamendi

 PORTO (2)

    O excelente Benfica de Roger Schmidt só não festejou o título mais cedo por culpa própria e devido ao muito mérito que o FC Porto de Sérgio Conceição teve em não desarmar. Os azuis e brancos venceram sem parar na reta final da Liga e deixaram a prova "quentinha" quando na ida à Luz o Porto passou de eventuais 13 (se o Benfica tivesse ganho) para menos cómodos 7 pontos, que logo na jornada seguinte se tornaram 4.
    Com um futebol menos entusiasmante do que aquele que era jogado no tempo de Luis Díaz e Vitinha, o que é natural, o Porto voltou a exprimir a sua força na intensidade a pressionar, na combatividade na disputa dos duelos e na versatilidade tática, principalmente de elementos ímpares como Otávio (um dos grandes jogadores deste campeonato) e Pepê.
    Duas das três derrotas deste FC Porto foram em casa - contra Benfica e Gil Vicente -, coisa pouco vista para os lados da Invicta, numa edição que coroou o iraniano Mehdi Taremi como rei dos goleadores em Portugal. Pepe (40 anos) jogou como se tivesse 32, os reforços foram quase todos flops (não surpreenderá se David Carmo calar tudo e todos na próxima época) e Diogo Costa, o melhor guarda-redes português da atualidade, deve-se ter despedido dos relvados nacionais. 

Destaques: Otávio, Mehdi Taremi, Pepê, Pepe, Galeno

 BRAGA (3)

     No ano antes das vagas para equipas portuguesas na Liga dos Campeões passarem a ser apenas duas, o Sporting de Braga aproveitou e superiorizou-se ao Sporting, ficando a 4 jogos de distância da fase de grupos da prova milionária.
    O segredo do Braga voltou a ser o equilíbrio entre as primeiras e segundas linhas, encontrando no banco melhores alternativas ou revelando outra capacidade para lidar com baixas temporárias, em comparação com o Sporting. Sequeira e Borja jogaram meia época cada um, quando não houve Al Musrati, havia Racic, Banza começou como avançado mas depois perdeu o lugar para Abel Ruiz. E António Salvador ainda conseguiu em Janeiro apetrechar a equipa com reforços de luxo para Artur Jorge como Bruma e Pizzi.
    Finalista vencido na Taça de Portugal, o Braga não foi a 2.ª melhor equipa desta época, mas foi a segunda equipa com futebol mais atrativo e rendilhado. Ricardo Horta voltou a ser o astro dos guerreiros, embora ligeiramente abaixo do que fez em 21/ 22, Al Musrati deve ter assegurado (sentimos que já dissemos tantas vezes isto) uma transferência para outro campeonato, Matheus realizou a melhor época em Portugal, Iuri Medeiros cresceu em consistência e Bruma foi uma determinante injeção de drible, velocidade e atrevimento.

Destaques: Ricardo Horta, Al Musrati, Matheus, Iuri Medeiros, Bruma

 SPORTING (4)

    O Sporting falhou todos os objetivos da época e acabou fora dos lugares de Champions, com tudo o que isso pode significar quer para as finanças do clube, quer para a menor atratividade para jogadores que interessem aos leões.
    Considerando que o Sporting por duas vezes esta época, uma na Liga e outra na Allianz Cup, impôs derrotas por 5-0 ao terceiro classificado Braga, entende-se alguma frustração leonina, mas o que é certo é que a equipa de Alvalade foi sempre a mais irregular dos 4 primeiros, enchendo sim primeiras páginas na Europa (memorável a eliminação do Arsenal, em Londres). O Sporting foi a única equipa portuguesa que o campeão Benfica não conseguiu vencer esta época (2-2 vezes dois) e, embora o FC Porto tenha saído vencedor nos dois embates, os dois jogos foram mais equilibrados do que a esta distância aparentam ter sido, decidindo-se em pormenores. No meio de tanta decepção, Amorim terá retirado conclusões positivas da reta final, em que a equipa não "desligou" e somou 14 jogos seguidos sem conhecer o sabor a derrota, algo que deixa uma boa nota para 2023/ 24.
    Porro foi vendido a meio da época, Matheus Nunes vendido mesmo antes de um Clássico, e Ugarte deverá ser a próxima grande venda dos leões. O médio defensivo uruguaio foi um dos poucos leões a valorizar-se esta época, mas a grande figura voltou a ser Pedro Gonçalves. Pote carregou a equipa (15 golos e 11 assistências), algumas vezes a médio e na sua maioria no trio da frente; Trincão alternou entre estrela brilhante e sombra sem chama, e Nuno Santos apontou golos que ficam escritos entre as páginas mais bonitas desta edição.

Destaques: Pedro Gonçalves, Manuel Ugarte, Nuno Santos, Trincão

 AROUCA (5)

    A equipa sensação de 2022/ 23. A falta de nomes chamativos e a menor cotação de Armando Evangelista (saiu super valorizado desta edição) davam a entender que este Arouca acabaria envolvido na luta para não descer. Coisa mais errada não poderia ser dita.
    Com bilhete de acesso à 3.ª pré-eliminatória da Liga Conferência, o Arouca foi ao longo de toda a prova uma das equipas mais interessantes de estudar. Princípios de jogo simplificados, facilidade em atrair o adversário e contra-atacar em poucos toques colocando 3 jogadores em zonas de finalização, e tudo isto - e aí nota-se "dedo" de treinador e trabalho de casa bem executado - transmitindo a sensação que todos os jogadores sabiam o que tinham que fazer e pensavam o jogo de igual forma.
    Com muitas vitórias por 1-0, o Arouca pode agradecer ao guarda-redes uruguaio de Arruabarrena, o máximo destaque da posição neste campeonato, e o capitão João Basso foi sempre o comandante da 5.ª defesa menos batida. O guineense Morlaye Sylla foi uma brilhante aquisição, mostrando-se um faz tudo em campo, Mújica fez os seus golos e Alan Ruiz emprestou a sua técnica diferenciada.
    Na próxima época, espera-se significativo rebranding, já com Daniel Ramos (entende-se a escolha) oficializado como sucessor de Evangelista.

Destaques: De Arruabarrena, João Basso, Morlaye Sylla, Rafa Mújica, Alan Ruiz

 VIT. GUIMARÃES (6)

    Menosprezámos Moreno. Saído da incubadora do Vitória B, o antigo defesa central agarrou a oportunidade com unhas e dentes e o desfecho foi claramente satisfatório - com 53 pontos, o Vitória totalizou mais pontos do que em 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022, superando em pontuação épocas cotadas de Luís Castro ou Pepa.
    Equipa disposta em 3-4-3, a turma da cidade berço viveu a sua noite mais apoteótica quando derrotou o grande rival Sporting de Braga no derby (2-1), prolongando no tempo sequências de resultados. Nesta segunda volta por exemplo, esteve 6 jogos sem perder (5 vitórias) para depois estar 6 jogos sem ganhar (incluindo 5 derrotas) e logo depois somar 4 vitórias consecutivas.
    André Amaro e Bamba foram os jovens que mais talento exprimiram, sem esquecer Dani, Maga ou Afonso Freitas. A equipa foi sempre (bem) mais segura com Bruno Varela do que com Celton Biai.

Destaques: André Amaro, Ibrahima Bamba, Bruno Varela, André Silva

 DESP. CHAVES (7)
    O Desportivo de Chaves foi a última equipa a garantir presença nesta Liga, derrotando o Moreirense no Play-off de promoção/ despromoção, e foi das 3 equipas que subiram a que terminou o campeonato mais acima.
    Pouco elogiado pela imprensa, talvez por não ser uma equipa sexy e vistosa no futebol praticado, ou por Vítor Campelos não ser um treinador que caiu no goto como tantos outros que são protegidos tendo feito muito menos para o merecer, o Chaves brilhou muitas vezes, sem grande alarido. Os transmontanos venceram o Sporting em Alvalade, venceram o Braga em Braga e pregaram ainda um valente susto aos benfiquistas quando à 28.ª jornada Otamendi escorregou e Abass impôs aos encarnados a 3.ª derrota consecutiva (segunda na Liga) no espaço de duas semanas.
    O canadiano Steven Vitória assumiu-se como máximo goleador da equipa (o central apontou 7 golos, tantos como o dianteiro Héctor Hernández) mas as principais figuras foram mesmo o criativo João Teixeira, o guardião elástico Paulo Vítor e Bruno Langa, lateral esquerdo (fortíssimo a defender) moçambicano com qualidade para representar Benfica, Porto ou Sporting. Num elenco humilde mas muito organizado e eficaz, talvez João Mendes e Guima sirvam como melhores ilustrações daquilo que foi este Desportivo de Chaves.

Destaques: Bruno Langa, João Teixeira, Paulo Vítor, João Mendes, Guima

 FAMALICÃO (8)

    Uma vez mais, o Famalicão andou a oscilar na tabela para, no final de contas, terminar como tem sido apanágio (desde que subiu, em 2020, tem ficado sempre entre sexto e nono).
    Com João Pedro Sousa de regresso a uma casa onde já fora feliz, para suceder a Rui Pedro Silva, os famalicenses foram um claro exemplo de equipa com duas caras. A meio do campeonato, o Famalicão era 15.º, a apenas 4 pontos do lugar que atirou mais tarde o Marítimo para o Play-off com o Estrela. Entre as jornadas 18 e 29, o Famalicão venceu 8 jogos em 12. E a época fez-se aí.
    Semi-finalista da Taça de Portugal, o Fama voltou a dar-se bem ao apostar na juventude. Luiz Júnior mostrou que pode ser guarda-redes de equipa grande, Penetra revelou agradável maturação a lateral direito, Colombatto encantou com o seu pé esquerdo, e Youssouf ou Dobre marcaram pontos. Antes de rumar a paragens com contratos proveitosos, Ivo Rodrigues realizou uma temporada de grande influência, evoluindo muito no critério e na hora de criar para os outros, e a figura maior deste Famalicão foi um espanhol que, juntamente com o compatriota Fran Navarro, se afirmou como um dos dois principais destaques extra-Grandes deste campeonato. Já todos tínhamos visto que Iván Jaime era um talento especial, mas em 2022/ 23 o craque formado no Málaga acrescentou o que lhe faltava para singrar ao mais alto nível - números (9 golos e 3 assistências) e consistência. 

Destaques: Iván Jaime, Ivo Rodrigues, Santiago Colombatto, Alexandre Penetra, Luiz Júnior

 BOAVISTA (9)

    Este Boavista 22/ 23 é bem capaz de ser a equipa menos Petit que Petit já orientou. Outrora associado a um jogar com muitos empates e vitórias por 1-0, Armando Teixeira teve desta feita nas suas mãos um elenco que percebeu que, à falta de maior rigor defensivo, a solução seria (como sempre) simplesmente marcar mais golos do que o adversário. Num respeitável nono lugar, o Boavista foi a 4.ª pior defesa (apenas as 3 equipas despromovidas sofreram mais golos) e, em sentido inverso, foi o 5.º melhor ataque, ficando os axadrezados, com 43 golos, apenas atrás de Sporting, Porto, Braga e Benfica.
    É particularmente notável a melhoria de desempenho - 3 lugares acima e com mais 6 pontos do que há um ano atrás - da "pantera negra" uma vez que o clube tinha perdido Musa, Porozo ou Sauer. Com o quarentão Bracali entre os postes, esta foi uma época muito positiva para o gambiano Yusupha (13 golos), mostrando-se Pedro Malheiro o melhor lateral direito da Liga se avaliarmos apenas a vertente defensiva. Makouta e Gorré voltaram a puxar os holofotes para si aqui e ali, e Ricardo Mangas subiu metros no campo, passando de lateral a extremo.

Destaques: Pedro Malheiro, Yusupha, Gaïus Makouta, Kenji Gorré

 CASA PIA (10)
    Na antevisão desta Liga Bwin arriscámos que o Casa Pia poderia tornar-se a equipa sensação desta edição. Arouca e Chaves fizeram mais por merecer essa distinção, mas não falhámos por muito, impressionando o Casa Pia sobretudo até à pausa para se jogar o Mundial do Qatar. Volvidas 13 jornadas, o Casa Pia estava em quinto a apenas 2 pontos do Sporting, e a prestação defensiva apontava a recordes no arranque (nas primeiras 5 jornadas, a equipa sofreu apenas 1 golo em 300 minutos, apontado em esforço por Gonçalo Ramos numa difícil vitória dos encarnados enquanto visitantes).
    Filipe Martins preservou a sua ideia de jogo e, assumindo o velocista Saviour Godwin (prometeu muito mas perdeu gás) como excepção, quase todos os destaques foram jogadores do setor mais recuado. Ricardo Batista fartou-se de defender, Afonso Taira equilibrou a equipa e acumulou recuperações, João Nunes, Vasco Fernandes e Zolotic tiveram os seus momentos e, nos flancos, Leonardo Lelo (1 golo e 6 assistências para o lateral/ ala esquerdo apontado aos "grandes") e Lucas Soares foram absolutamente preponderantes.

Destaques: Saviour Godwin, Leonardo Lelo, Ricardo Batista, Lucas Soares, Afonso Taira

 VIZELA (11)

    Em 2022/ 23, o futebol português ficou mais pobre em boinas (Álvaro Pacheco saiu do Vizela à quarta temporada) e mais rico em tulipas.
    Tal como o Rio Ave, a equipa do distrito de Braga manteve-se sempre distante dos lanternas vermelhas, com um futebol compacto sem grandes floreados individuais e com um registo casa/ fora inusitado - o Vizela seria 16.º se contassem apenas os jogos em casa, mas fora só ficou atrás do Top-4, Chaves e Arouca.
    O montenegrino Osmajic chegou aos 8 golos (um jogador com a sua dimensão física por norma faz estragos ainda maiores em Portugal), o guarda-redes Buntic foi um "achado" a custo zero, e de Kiko Bondoso (tem aquele futebol requintado que o Excel não capta) e Samu sabe-se sempre com o que se pode contar. O destaque principal foi sempre o coletivo, mas foi bom acompanhar a evolução de Tomás Silva e de Bruno Wilson, que aos 26 anos nos convenceu como nunca antes.

Destaques: Samu, Bruno Wilson, Fabijan Buntic, Milutin Osmajic, Tomás Silva


 RIO AVE (12)
    Prestes a passar um Verão sem qualquer contratação - os vila-condenses estão sancionados pela FIFA na sequência do caso Olinga -, o Rio Ave realizou uma época sem espinhas nem sufoco, conseguindo um pouco de tudo (10 vitórias, 10 empates e 14 derrotas).
    Luís Freire voltou a demonstrar que é um dos treinadores subvalorizados no futebol português, fazendo deste Rio Ave, fiel ao seu 3-5-2, o sétimo melhor ataque da prova, e isto com os golos muito distribuídos por todos os elementos do plantel. Longe vai a inesperada vitória por 3-1 quando o Porto visitou os Arcos, marcando ainda 2 golos na Luz e contra o Braga, e vencendo nas duas voltas o sempre impressionante e coeso Arouca (nas duas ocasiões por 1-0).
    Acreditamos que Guga terá feito a sua última época no clube, podendo contribuir num dos primeiros classificados da nossa Liga Bwin, e nos corredores Costinha e Fábio Ronaldo foram omnipresentes, somando cada qual 3 golos e 3 assistências.
    2023/ 24 representará tremendo desafio, mas a estrutura do clube parece preparada para aguentar o abalo, desde que Freire perca apenas 2 ou 3 elementos-chave.

Destaques: Costinha, Guga, Fábio Ronaldo, Jhonatan

 GIL VICENTE (13)

    A valente queda do Gil, sensacional na época passada (quinto lugar), não representou uma surpresa tão grande por dar forma ao padrão várias vezes visto em Portugal de equipa que após surpreender se vê desmantelada. Foi o caso do Gil Vicente, que perdeu Samuel Lino e Pedrinho, viajando o timoneiro Ricardo Soares para o Egipto. No plano teórico, Ivo Vieira parecia uma boa escolha do emblema de Barcelos, mas desiludiu. Também a tentativa de substituir Pedrinho com Pedro Tiba e Lino com Boselli e Kevin foi um tiro ao lado.
    A vitória no Dragão (2-1 contra um FC Porto reduzido a nove elementos aos 52 minutos) terá sido o ponto alto numa trajetória em que Daniel Sousa, o sucessor de Vieira, apresentou muita competência, e na qual Fran Navarro (17 golos) dissipou quaisquer dúvidas de quem pensava que o espanhol pudesse tratar-se de um one season wonder.
    Daniel Sousa (38 anos, orientou a equipa da jornada 14 em diante) retirou o melhor do jovem central encarnado Tomás Araújo, fulcral na saída a jogar dos gilistas, aprimorou Vítor Carvalho como seis e confiou a baliza a Andrew, jovem guardião que é cada vez mais uma certeza e não apenas um bom projeto de atleta.

Destaques: Fran Navarro, Tomás Araújo, Vítor Carvalho, Andrew


 ESTORIL (14)

    O 14.º lugar não foi um mau resultado para um Estoril que chegou a estar algo aflito, mas foi um péssimo resultado para um Estoril que no princípio da época seguramente almejava uma classificação umas 4 a 7 posições acima. A escolha de Nélson Veríssimo nunca nos convenceu - embora tenha tido o condão de tirar o melhor rendimento de Tiago Gouveia, com quem já trabalhara no Benfica B - mas Ricardo Soares, que parecia o técnico certo para fazer a equipa disparar de produção, também não replicou o impacto que tivera nomeadamente em Barcelos.
    A qualidade dos intérpretes obrigava a mais, especialmente a partir do momento em que o clube assegurou Erison, possante avançado bem referenciado e que parecia colmatar a lacuna mais assinalável (ausência de um matador). Mas o avançado emprestado pelo Botafogo ficou-se pelos 2 golos e nem acabou a época na Linha.
    Com uma apetência especial para defrontar o FC Porto (empate caseiro, com Taremi a marcar apenas aos 90+9, e derrota como visitante por 3-2), este Estoril 22/ 23 fica como o Estoril dos Tiagos. O lateral direito Tiago Santos (incrível potencial) foi uma revelação, quando muitos davam por adquirido que seria Gonçalo Esteves o dono da lateral direita, e Tiago Gouveia aproveitou da melhor maneira o empréstimo, "rodando" com 5 golos e 6 assistências antes de regressar, mais jogador, ao Benfica.

Destaques: Tiago Santos, Tiago Gouveia, Francisco Geraldes

 PORTIMONENSE (15)

    Os oito pontos que separam na classificação final o Portimonense do despromovido Marítimo não traduzem a diferença de qualidade das equipas. O Portimonense, pela 4.ª época consecutiva com Paulo Sérgio como treinador, foi o ataque menos concretizador do campeonato (25 golitos) mas distinguiu-se verdadeiramente das equipas que desceram graças à sua prestação defensiva. O clube de Portimão sofreu 48 golos, contra 63, 62 e 58 dos três emblemas abaixo.
    O Portimonense deixou uma impressão digital pouco marcada neste campeonato. Desta vez não houve Beto ou Nakajima. O objetivo (manutenção) foi cumprido, e com saudades olham os alvinegros para a jornada 5 do campeonato, altura em que com um arranque a todo o gás o Portimonense iludiu a concorrência, chegando bem cedo às 4 vitórias em 5 jogos, ombreando à data com Benfica, Braga e Porto.
    Welinton Júnior foi o melhor marcador da equipa com 6 golos, o tanque Yago Cariello ficou-se pelos 3, num conjunto em que o japonês Kosuke Nakamura acumulou defesas impossíveis e Filipe Relvas confirmou que pode perfeitamente jogar na Bundesliga, brilhando agora à esquerda numa defesa comandada por Pedrão.

Destaques: Filipe Relvas, Kosuke Nakamura, Pedrão

 MARÍTIMO (16)

    Pelo terceiro ano há play-off de despromoção entre o 16.º da Primeira Liga e o 3.º da Liga 2, e pelo terceiro ano descem 3 e sobem 3.
    A descida do Marítimo, fazendo o Estrela da Amadora o caminho inverso, penaliza uma equipa que acumulou erros distintos ao longo de várias épocas (nesta edição foram três treinadores, começando com Vasco Seabra, passando por João Henriques e terminando com José Gomes) e que desde os tempos saudáveis e tranquilos com Daniel Ramos passou a experienciar alguns sustos (em 2021 já tinha ficado em 15.º). Os adversários (sobretudo o FC Porto, acostumado a alguns dissabores na Madeira) respiram de alívio com a menor probabilidade de jogos adiados por mau tempo; o futebol português perde uma das equipas que melhor preenche o estádio, com uma massa adepta devota que não merecia, 38 anos depois, despedir-se do primeiro escalão.
    As vitórias caseiras, diante do Sporting por 1-0 e frente ao Boavista por 4-2, foram os dois quadros pintados com qualidade numa temporada feliz para André Vidigal, e em que Félix Correia (reforço de Inverno, emprestado pela Juventus) ajudou a ligar a equipa à corrente em alguns momentos. Em condições normais, quem tem laterais como Cláudio Winck e Vítor Costa não deveria descer.

Destaques: André Vidigal, Félix Correia, Cláudio Winck, Vítor Costa

 PAÇOS FERREIRA (17)

    Começa a ser habitual esta vida de altos e baixos na Mata Real. Em 10 anos, o Paços já foi 3.º na Liga portuguesa e 16.º no ano seguinte, já desceu de divisão em 2018, subiu imediatamente em 2019, foi 5.º em 2021 e esta época vê-se novamente relegado.
    Na Capital do Móvel, Paulo Meneses e Carlos Carneiro despediram César Peixoto para o contratar novamente 2 meses e meio depois, com José Mota a somar 4 derrotas em 4 jogos pelo meio. A tentativa de voltar para a ex-namorada, de tantos capítulos felizes de boné, não correu bem.
    A tabela, neste caso, não mente. O Paços foi efetivamente a segunda pior equipa da Liga portuguesa, mas cai como equipa que, inocente ou romântica, se recusou sempre a jogar mal, a recorrer ao chutão, a jogar para o ponto. O perfume de Nico Gaitán (35 anos), a veterania e paixão pelo clube de Antunes (36 anos) e o bastante interessante escocês Jordan Holsgrove foram as figuras numa época em que vários reforços, promissores no papel, como Arthur Sales, Kayky e mesmo Nigel Thomas, não corresponderam ao que se esperava deles.

Destaques: Nico Gaitán, Jordan Holsgrove, Antunes

 SANTA CLARA (18)

    Sexto em 20/ 21, sétimo em 21/ 22 e... último em 22/ 23. Era impensável no começo da temporada mas o único representante dos Açores na Liga Bwin terminou mesmo condenado a uma pena mínima de um ano na Liga 2. Com apenas 22 pontos (5 vitórias, 7 empates e 22 derrotas), os açorianos terão acusado a saída de Diogo Boa Alma, diretor desportivo, e nem Mário Silva, nem Jorge Simão nem o homem da casa, Accioly, conseguiram inverter a maré negativa.
    É certo que perder jogadores como Lincoln ou Morita terá contribuído, mas Rildo (um brincalhão que marcou 2 golos candidatos a Golo do Ano), Gabriel Silva e Bobsin vinham cotados, e a boa imagem deixada por Tagawa e Ricardinho levava a crer que outras figuras emergiriam.
    Permanentemente sem chama, o Santa Clara mostrou ser defensivamente a equipa com mais lacunas na Liga (mesmo que os números tenham sido mais penalizadores para Paços e Marítimo) e o meio-campo burguês nunca lutou realmente pela manutenção. No meio da desgraça, Gabriel Silva (chegou aos 5 golos, tal como Matheus Babi) mostrou ter futebol para bem mais, é de elogiar a aposta do clube em Bruno Almeida, jogador que brilhava há vários anos nos escalões secundários do futebol nacional, e também Boateng e MT permitiram apontamentos positivos.

Destaques: Gabriel Silva, Kennedy Boateng, MT



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Balanço Final - Liga Bwin 22/ 23

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