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Prémios BPF Premier League 2022/ 23

Na Premier League, hoje em dia são 11 contra 11 e no fim ganha o Manchester City. Pep Guardiola celebrou o tri (5º campeonato em seis anos) numa temporada muito longa, invariavelmente marcada pela interrupção para o mundo coroar Messi e pelo falecimento da Rainha Isabel II. O fantástico Arsenal de Mikel Arteta, equipa entusiasmante, atrevida mas ainda inexperiente na Hora H, esteve 248 dias na liderança, ocupando o 1.º lugar da tabela desde a jornada 3 até à jornada 33, tudo para acabar a 5 pontos do cada-vez-mais crónico campeão Manchester City.

    O mestre derrotou o aprendiz, e muita diferença fez contar com Erling Haaland, a grande figura desta Premier League 2022/ 23. O goleador norueguês trucidou recordes, fechando a sua época de estreia em Inglaterra com 36 golos nas 35 partidas que disputou, e a sua eficácia e perfeição robótica fotografam da melhor maneira a época, se ao dianteiro escandinavo acrescentarmos como contexto um conjunto de jogadores fortíssimos a criar oportunidades e um treinador que, ao abandonar o falso 9 e ao perder a ferramenta de jogar com os laterais (Cancelo e Zinchenko) muitas vezes como interiores, viu-se obrigado, uma vez mais, a reconfigurar a equipa, a tempo de a tornar uma nova versão de uma máquina imparável de futebol.

    Os azuis celeste de Manchester, agora também campeões europeus, teimam em não largar o topo do futebol inglês, mas para os gunners a época foi de aprendizagem, e se Arteta conseguir segurar nos próximos anos Odegaard, Saka e Martinelli (impressionante a mentalidade que o trio apresenta) voltar a sonhar será sempre possível. De resto, poucos acreditariam que o Newcastle queimaria tão rápido etapas, qualificando-se para a Champions League 23/ 24, algo que foi possível devido à assertividade defensiva dos pupilos de Eddie Howe e à brutal desilusão que foram as temporadas de Liverpool (Alisson amenizou estragos) e Chelsea, um 12.º classificado que gastou mais de 600 milhões em transferências.
    O Brighton encantou e conquistou os adeptos neutros, Unai Emery revelou-se um match perfeito para a dimensão do Aston Villa e, coisa rara, nenhuma das equipas promovidas (Fulham, Bournemouth e Nottingham Forest) desceu, acabando relegados Southampton, Leeds United e o Leicester City, de campeão em 2016 para equipa do Championship em 2023. In extremis salvou-se o Everton, que parecia condenado com Lampard mas ganhou vida suficiente com Sean Dyche.

     Individualmente, Erling Haaland foi um furacão de golos, tendo o nórdico desviado atenções da incrível época de Harry Kane. O inglês de 29 anos marcou 30 golos num Tottenham sem chama, e foi mesmo o jogador Desta Premier League a marcar num maior número de jornadas diferentes. Odegaard e De Bruyne foram os criativos da prova, Rodri o equilibrista silencioso, desta vez coadjuvado pelo central adaptado a médio John Stones, e nos flancos Salah acabou forte, Rashford viveu um período em que muitos chegaram a considerá-lo um dos jogadores do mundo em melhor forma, mas Gabriel Martinelli e Saka foram quem maior consistência apresentou ao longo do tempo.
    Eddie Howe, De Zerbi, Trippier, Ivan Toney (suspenso até Janeiro devido às apostas que fez), João Palhinha, Caicedo, Partey, Xhaka ou Bruno Fernandes são alguns nomes que merecem ser referidos quando estamos prestes a dizer adeus a mais uma fantástica campanha no futebol britânico.

    Como todos os anos, é chegada a altura de indicarmos aqueles que foram para nós os melhores do ano: o nosso 11, o Jogador do Ano e o Jovem Jogador do Ano, o Treinador do Ano, e ainda algumas categorias complementares.



Guarda-Redes: Quando pensamos de uma forma geral, sem olhar para o rendimento específico numa só temporada, Alisson é o melhor guarda-redes do futebol inglês. Esta época, no entanto, o goleiro canarinho do Liverpool foi mais testado do que nunca (o quarteto defensivo, que o devia proteger, acumulou erros atrás de erros) e se os reds terminaram a apenas 4 pontos do Top-4, muito o devem ao seu número 1. Alisson Becker foi destaque quando o Liverpool ocupava o meio da tabela, e continuou a ser destaque quando a equipa melhorou e escalou a tabela no último terço do campeonato. Estatisticamente, nenhum guarda-redes evitou tantos golos como o titular do Brasil. Fez a diferença como mais nenhum, numa época que desejará não voltar a viver, tal o incaracterístico desnorte defensivo da turma de Klopp.
    Num quinteto que talvez deixe de fora de forma injusta Bernd Leno, preferimos realçar David Raya (brutal percentagem de remates defendidos de 77,7%, juntando-lhes ainda uma soma de 154 defesas), que certamente dará o "salto" neste Verão, e o impacto que Nick Pope (que "pechincha" por 11 milhões e meio de euros) teve na prestação defensiva do Newcastle.
    Aaron Ramsdale manchou o brilhantismo com um ou outro erro compreensíveis dada a sua idade, mas foram muitas as defesas impossíveis que acumulou (vem-nos à cabeça a monstruosa exibição em Anfield) e David De Gea nem sempre foi o mais consistente, aparecendo como noutras épocas em contraciclo com o momento da equipa, mas não podemos ignorar que foram suas as Luvas de Ouro com 17 clean sheets, mais três do que Pope, Alisson e Ramsdale.


Lateral Direito: Poucos foram os jogadores que apresentaram nesta edição da Premier League a regularidade de Kieran Trippier. O lateral direito de 32 anos, capitão do Newcastle, chegou a estar lançado para integrar o nosso Top-6 de jogadores do ano, mas uma segunda volta mais tímida acabou por afastá-lo dessa (improvável) nomeação. Influente nos dois lados do campo, fiável a todos os níveis, quer a recuperar, quer a criar.
    Ben White revelou-se uma feliz adaptação de Arteta, que assim pôde conjugar o defesa que nos tempos livres não acompanha/ gosta de futebol com Saliba e Gabriel. A versatilidade de White foi sempre parte importante da identidade de jogo do Arsenal, surpreendendo o seu contributo no último terço. Com 5 assistências, igualou por exemplo Martinelli e ficou a apenas duas de Odegaard.
    Não considerámos Kyle Walker pela sua intermitente utilização e porque o maior brilho do lateral (mais forte da atualidade a defender?) foi na Champions, pelo que Trent Alexander-Arnold, Pascal Groß e Kenny Tete completam o nosso leque deste ano. Groß andou por todo o campo, mas a forma mais fácil de o encaixar nestas 11 posições é aqui, Tete foi pouco falado mas muito competente, e Trent esteve defensivamente atroz, como toda a defesa do Liverpool, mas na reta final a sua estabilização a 80% no momento com bola na zona do meio-campo deixou ótimas indicações do que poderá ser um extraordinário 23/ 24 para um jogador único (na visão de jogo e qualidade a colocar bolas longas só perde para KDB nesta Premier).


Defesa Central: Rúben Dias, Botman, Saliba, Gabriel, Thiago Silva e Lisandro Martínez foram alguns dos nomes que se destacaram no coração das suas defesas nesta Premier League. John Stones, o homem de Barnsley com voz com algo semelhante a Cillian Murphy, foi lateral direito e impressionou no último terço do campeonato como médio defensivo ao lado de Rodri (uma inovação táctica que pode ter sido a chave para o título), mas muitas vezes foi também central, acabando por ser o defesa, entre os que pisaram terrenos centrais, mais importante desta Premier League. Um camaleão, homem de confiança de Pep e o melhor central inglês da atualidade.
    Do lado direito dos centrais, William Saliba foi imperial na defesa do Arsenal, e os adeptos dos gunners poderão questionar eternamente como teria sido o fim de campeonato se o francês não se tivesse lesionado frente ao Sporting (Liga Europa), Thiago Silva nunca se rendeu, acabando como o único jogador do Chelsea positivamente referido nestes Prémios BPF, Fabian Schär entendeu-se às mil maravilhas com o novo amigo Botman, e Ethan Pinnock, central mais à antiga mas muito certinho, anulou avançados como poucos.


Defesa Central: O Manchester City é a melhor equipa do mundo, um conjunto inteligente, maduro, em constante atualização, gerador de tendências e com ataque que enche o olho. Mas apenas se vê o melhor City quando Rúben Dias está lá atrás, fisicamente a 100%, a tranquilizar as hostes com a sua voz de comando e gosto em defender e acumular clean sheets. Pep gosta de rodar os centrais, mas já percebeu que, se a ficha de jogo começa em Rodri, o nome obrigatório na defesa é Rúben.
    Entre os centrais que ocuparam o lado esquerdo das parcerias, Sven Botman (apenas 23 anos) revelou-se um dos reforços do ano, Gabriel marcou 3 golitos e foi tantas vezes um muro intransponível, Lisandro Martínez calou Carragher e Neville, mostrando que a sua altura (1,75m) é um dado absolutamente secundário e irrelevante quando se defende com a garra e sagacidade que o argentino campeão do mundo apresenta, e Ben Mee voltou a mostrar-se um elemento seguro, provando que o Brentford fez bem ao resgatá-lo do então despromovido Burnley.



Lateral Esquerdo: À esquerda na defesa, um dos líderes do balneário do Arsenal. O ucraniano Oleksandr Zinchenko mudou-se de Manchester para Londres em busca de maior preponderância, e Arteta concedeu-lhe papel híbrido no esquema da equipa, flutuando entre o corredor e os terrenos centrais que tanto gosta de pisar. Nessa função de médio extra, Zinchenko provou ser um dos jogadores mais lutadores do Arsenal, contagiando os colegas e mantendo compostura (ADN Guardiola) em busca da "estrelinha" no final de várias partidas.
    Numa posição equilibrada entre os nomeados, Nathan Aké foi praticamente irrepreensível em todas as suas ações, ora como central do lado esquerdo ora como falso lateral esquerdo; Luke Shaw, que em tempos Mourinho acusou de não ter um bom cérebro futebolístico, esteve fantástico com ten Hag, chegando mesmo a brilhar quando adaptado a central. Adaptação em sentido inverso foi a de Dan Burn, que preservou o seu lugar no 11 comandado por Eddie Howe como inesperado defesa esquerdo. Homem de poucas aventuras, mas de muita solidez. Finalmente, Pervis Estupiñán fez esquecer Cucurella e levou-nos a achar que o seu 23-24 será ainda mais estonteante.


Médio Defensivo: Honestamente, não compreendemos como é que Rodri continua a ser esquecido e subvalorizado na hora de escolher o restrito leque de candidatos a Jogador do Ano. O médio defensivo espanhol, figura silenciosa mas absolutamente determinante no futebol do campeão Manchester City, será porventura o jogador mais difícil de substituir nos azuis de Manchester. Diz bastante da qualidade de Rodri o facto do ano ter sido recheado de destaques como médios defensivos, e mesmo assim Rodri estar a anos-luz da concorrência.
    Concorrência essa composta por Thomas Partey, incansável lutador, recuperador e transportador do esquema de Arteta, o brutal João Palhinha (nem nós, que assistimos às suas fantásticas temporadas no Braga e no Sporting, pensámos que brilharia tanto na Premier League) que dificilmente continuará no Fulham, e ainda Moisés Caicedo, um diamante que confirma a genial prospeção do Brighton e que augura um futuro sereno para o clube que por ele vier a pagar uma fortuna. Por fim, há que falar de Casemiro. O médio brasileiro ex-Real Madrid não tinha o crédito que merecia, ocultado pela eloquência de Modric e Kroos, mas - com mais cartões vermelhos diretos pelo caminho do que seria desejável - esta Premier 22/ 23 parece ter mostrado o impacto que o camisola 18 de ten Hag consegue ter em todos os jogadores à sua volta.


Médio Centro: Nesta Premier League, Martin Odegaard foi para nós o 2.º melhor jogador e, curiosamente, o 2.º melhor norueguês. Aos 24 anos, o capitão do Arsenal demonstrou mentalidade vencedora e foi por diversas vezes o farol ofensivo dos vice-campeões, somando 15 golos e 7 assistências (tem potencial para, sem grande esforço, somar o dobro de assistências em próximas edições da competição). No plano subjetivo, é um dos atletas que mais gozo nos dá ver jogar no futebol inglês. Cerebral, elegante e artista.
    Ao falar de médios é obrigatório falar de Bruno Guimarães, que sem ter sido o MVP deste Newcastle é seguramente o jogador dos magpies que mais facilmente jogaria em qualquer equipa do planeta, Alexis Mac Allister (ganhou muita cotação no Qatar e já foi apresentado como novo 10 do Liverpool) brilhou no sensacional Brighton, ora a dez ora uns metros atrás, Declan Rice despediu-se do seu West Ham com prestações de alto nível, tornando-se cada vez mais um médio multi-funções (não é um trinco, aproxima-se a cada época que passa do estilo combativo e de ligação que Roy Keane tinha nos seus melhores anos) e, claro, Ilkay Gündogan voltou a dizer presente nos momentos em que só os grandes jogadores aparecem. 


Médio Centro: O consenso em terras do Rei Carlos III é que o velho debate entre Gerrard, Scholes e Lampard é coisa do passado, tendo Kevin De Bruyne ultrapassado todos, reclamando o estatuto de melhor médio da História da Premier League. Com 5 campeonatos no seu palmarés, KDB viveu uma época algo irregular, mas confirmou o que qualquer adepto minimamente informado imaginaria: o seu casamento com Erling Haaland tinha tudo para resultar em muitos, muitos golos. O belga arrancou a Premier com um número avassalador de assistências, mas viveu depois uma fase de menor fulgor, acabando inclusive relegado para o banco em embates importantes. Porém, nos jogos cabeça-de-cartaz voltou a fazer a diferença (em casa do Arsenal, marcou e assistiu, e na recepção aos gunners realizou um jogo monstruoso com 2 golos e uma assistência para Haaland, o seu amor à primeira vista). Quando está bem, ninguém em Inglaterra chega ao seu patamar de excelência.
    Importa também elogiar o nosso Bruno Fernandes (evoluiu muito no capítulo da decisão, sendo frustrante testemunhar a falta de acompanhamento para o seu QI futebolístico de diversos colegas), que como era expectável disparou de rendimento com a saída de CR7, Granit Xhaka pode ter custado pontos com o seu feitio indomável, mas fartou-se de jogar à bola, James Maddison foi a única coisa de jeito num Leicester irreconhecível e Eberechi Eze (um verdadeiro craque) deixou água na boca para futuras edições, ficando a ideia que o seu registo de golos (10) pode passar para algo na casa dos 15-17.


Extremo Direito: É fácil o comum adepto esquecer-se, mas Bukayo Saka tem apenas 21 anos. O elétrico extremo do Arsenal, cheio de personalidade e irreverência desde o primeiro jogo em que pisou os relvados da Premier League, é um fenómeno. Camisola 7 nas costas, sorriso indestrutível no rosto, Saka foi inegável figura desta Premier League 22/ 23, e só a memória curta dos adeptos e a facilidade em privilegiar a última imagem que fica, e não a regularidade, o poderia afastar do 11 do ano. 14 golos, 11 assistências, e muitos mais virão nos próximos anos.
    Mohamed Salah terminou a época com números excelentes (19 golos e 12 assistências) mas apesar do egípcio ter realizado a melhor performance individual desta edição, quando transformou em ouro todos os lances em que tocou no Liverpool 7-0 Manchester United, não podemos ignorar que Mo esteve bastante apagado na 1.ª volta, apresentando o nível a que nos habituou somente a partir da jornada 25 em diante.
    Sem esquecer Miguel Almirón, que antes do Mundial estava endiabrado, incluímos também Solly March, Riyad Mahrez e Bryan Mbeumo. O extremo do Brighton foi um dos destaques da equipa de De Zerbi e podia ter outos números se muitas das oportunidades claras que criou tivessem sido concretizadas, Mahrez espalhou magia, abusou do requinte no primeiro toque e tornou-se o jogador africano com mais assistências de sempre na competição, ultrapassando Drogba. Mbeumo foi pouco exuberante, sempre naquele papel de fiel escudeiro de Ivan Toney, mas a brincar a brincar quase chegou aos double digits em golos e assistências.


Extremo Esquerdo: A Premier League não poupa na qualidade na hora de nos mostrar os seus melhores extremos esquerdos, uma das posições mais fortes esta temporada. Com Son Heung-Min muitos furos abaixo do expectável e na ressaca da saída de Sadio Mané para Munique, Kaoru Mitoma foi uma autêntica revelação, principalmente no segmento da prova após o Mundial, mostrando ao mundo do futebol o porquê de ter uma tese em drible. O seu antecessor no Brighton, Leandro Trossard, viveu a sua tarde mais feliz quando marcou um hat-trick em Anfield, festejando como é sua imagem de marca com os binóculos, e manteve a bitola no Arsenal, ficando a dúvida se os londrinos não pioraram quando, por força do peso de Gabriel Jesus, o belga se viu obrigado a sair do onze quando o ataque fluía bem.
    Tal como a pré-época deixava antever, Jack Grealish disparou de rendimento naquele que já é conhecido como "o segundo ano com Pep Guardiola", e Marcus Rashford (o melhor deste quinteto se considerarmos todas as competições e não a Premier em exclusivo) foi uma das figuras da Liga, e chegou mesmo em momentos pontuais a exibir-se como um dos melhores do mundo.
    No Barba Por Fazer privilegiamos sempre o factor regularidade, e é por isso que o subvalorizado Gabriel Martinelli merece ser considerado o melhor extremo esquerdo da Premier League em 22-23. Os 15 golos e 5 assistências do craque brasileiro de 21 anos não traduzem aquele que foi o seu real papel neste Arsenal, em que tanto desequilíbrio foi feito a partir da sua genialidade. Martinelli foi do trio maravilha do Arsenal talvez o que menos se escondeu nos momentos-chave, fez a cabeça em água aos defesas, finalizou com frieza e - muito importante, mas poucas vezes relevante para a opinião pública por não surgir nas estatísticas - contribuiu do ponto de vista defensivo com a sua capacidade de sacrifício e sagaz pressão.


Ponta de Lança: Que máquina. Quando o robô norueguês assinou pelo Manchester City, a lógica deixava prever um cenário violento para os adversários. Como parar um ataque fértil na criação de oportunidades, agora com o maior jovem goleador dos nossos tempos? Erling Haaland chegou a Inglaterra e, na sua temporada de estreia, estabeleceu um novo recorde da competição - 36 golos. O indiscutível MVP desta edição, jogador do qual é impossível não gostar, fez 4 hat-tricks, bisou por 5 vezes e deixou o planeta futebol rendido ao seu sentido posicional, eficácia e cada vez mais assustadora multiplicidade de recursos. Chegará aos 40 na próxima época?
    Na sombra do viking arrasador de loiro cabelo apanhado, Harry Kane acabou por passar despercebido com uma época incrível. O ponta de lança inglês carregou o Tottenham como nunca antes (43% dos golos da equipa foram dele), marcou 30 e foi mesmo o jogador desta Premier League a marcar num maior número de jornadas diferentes. Em 38 jornadas, picou o ponto em 26.
    Suspenso na sequência do escândalo de apostas, Ivan Toney foi talismã no Brentford, apontando 20 golos (em 21-22 tinha-se ficado pelos 12) e deixando claro que é jogador para patamares acima. Ollie Watkins e Callum Wilson garantem a sua presença entre os 5 melhores avançados graças a brutais sequências de jogos que ambos tiveram na segunda volta, mas não devem ser esquecidos Mitrovic, Gabriel Jesus e Awoniyi.




    Erling Braut Haaland é um fenómeno. Depois de marcar golos atrás de golos na Noruega, Áustria e Alemanha, o poderoso esquerdino norueguês regressou ao país que o viu nascer (nasceu em Leeds em Julho de 2000) para confirmar que será um potencial crónico nomeado nas próximas distinções dos melhores do mundo. O novo pesadelo dos defesas da Premier League, um Targaryen sedento de bater todos os recordes, foi o indiscutível Jogador do Ano em Inglaterra (52 golos em 53 jogos no conjunto de todas as competições).
    Igualmente norueguês, Martin Odegaard foi o maestro do 2.º classificado Arsenal, um capitão criativo, líder na elegância e na visão de jogo. Kevin De Bruyne, o novo melhor amigo de Haaland, voltou a passear a sua brutal qualidade, fazendo dos jogos mais difíceis o seu parque de diversões.
    Num tenebroso Tottenham e na sombra do ponta de lança da moda no futebol inglês, Harry Kane esteve extraordinário (marcou em mais jornadas do que qualquer outro jogador, e nenhum jogador marcou uma % tão elevada dos golos da sua equipa). Saka, Rashford, Stones e Trippier não seriam nomes descabidos para as duas últimas vagas, mas preferimos destacar o melhor extremo desta edição (Gabriel Martinelli) e a mestria silenciosa de Rodri, o escudeiro de futebol matemático que permite todos à sua frente brilhar.



    O sucessor de Foden, Mount, Alexander-Arnold, Sané, Dele Alli ou Kane só poderia ser Erling Haaland. O ponta de lança do Manchester City "limpa" tudo este ano, na sua temporada de estreia na Premier League, deixando de estar elegível de acordo com os critérios BPF (terá 23 anos no arranque da próxima temporada) em 23/ 24.
    O exercício de elencar os restantes nomeados para Jovem Jogador do Ano é um atestado à forma fantástica como uma equipa com média de idades tão baixa como o Arsenal conseguiu ombrear durante grande parte do campeonato com o City. Gabriel Martinelli, Bukayo Saka e William Saliba já são dos melhores do mundo nas suas posições, e todos têm entre 21 e 22 anos.
    Foden (nosso eleito na época passada), Evan Ferguson, Michael Olise e Brennan Johnson foram equacionados, Levi Colwill não somou os minutos necessários para ser incluído, pelo que o equatoriano Moisés Caicedo e o box-to-box Jacob Ramsey são os talentos a encerrar o nosso Top-6 deste ano.



Treinador do Ano: Falemos primeiro de quem não está e poderia estar. Gary O'Neil salvou o Bournemouth da descida, Marco Silva comandou um Fulham que esteve sempre tranquilo, Erik ten Hag corrigiu muita coisa em Manchester (retirar CR7 e Maguire do onze, medidas fundamentais, deixavam antever difícil missão) e Thomas Frank voltou a marcar pontos no Brentford.
    Unai Emery pegou num Aston Villa desaproveitado e descrente com Steven Gerrard, e do 13.º lugar a seis pontos da descida, os villans cresceram e cresceram até terminar o campeonato num sólido e europeu 7.º lugar a 10 pontos da Champions. Emery encontrou em Birmingham uma equipa à sua medida, e basta dizer que desde que assumiu o comando técnico em Novembro apenas Liverpool, Arsenal e os rivais de Manchester somaram mais pontos.
    Futebol bonito nesta Premier League foi o futebol do Brighton de Roberto De Zerbi. O italiano ex-Shakhtar e Sassuolo recebeu uma pesada herança de Potter, mas conseguiu suplantar o antecessor, colhendo elogios de Guardiola, apaixonando os adeptos neutros, impressionando na saída de bola criativa, confiante e com múltiplas soluções, desenvolvendo diversos ativos do plantel.
    Exceder expectativas e queimar etapas foi o que Eddie Howe conseguiu, uma vez mais, no Newcastle. O melhor treinador inglês da atualidade aproveitou as épocas desapontantes de Chelsea, Tottenham e Liverpool e colocou os magpies na Champions, acreditamos que mais cedo do que estava definido como objetivo interno.
    Mas o ano foi de mentor e aprendiz, Pep Guardiola e Mikel Arteta. O jovem técnico dos gunners fez o que ninguém esperava - no começo da época não seria totalmente insano apontar o Newcastle ao Top-4 ou apontar o Brighton à Europa, mas ninguém esperava que fosse o Arsenal a rivalizar pelo título com o Man City. Com uma lição para o futuro, muita juventude e uma visão clara, Arteta fez suar um génio. E só por isso poderia teria todo o cabimento ser eleito Treinador do Ano. 
    Mas Guardiola... Guardiola está uns quantos passos à frente de todos nós, comuns mortais apreciadores e semi-conhecedores de futebol. O melhor do mundo (1.º técnico da História a conquistar dois tripletes) voltou a sorrir no fim numa época com contratempos. Com cíclico e contagiante apetite de ganhar mais e fazer diferente, inovar e elevar a modalidade e os seus jogadores, Pep teve uma época de tentativa e erro, mas o resultado final (fantástica e inesperada estabilização naquele 3-2-4-1 / 3-2-2-3) fala por si.



Melhor Marcador: 1. Erling Haaland (Manchester City) - 36
2. Harry Kane (Tottenham) - 30
3. Ivan Toney (Brentford) - 20

Melhor Assistente: 1. Kevin De Bruyne (Manchester City) - 16
2. Mohamed Salah (Liverpool) - 12
3. Bukayo Saka (Arsenal) e Michael Olise (Crystal Palace) - 11

Clube-Sensação: Brighton
Desilusão: Chelsea
Most Improved Player: 1. João Palhinha, 2. Miguel Almirón, 3. Solly March
Reforço do Ano: Erling Haaland (Manchester City)
Flop do Ano: Richarlison (Tottenham)
Melhor Golo: Jacob Murphy ft. Alexander Isak (Everton 1 - 4 Newcastle) (Link)




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