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Balanço Final - Liga Bwin 21/ 22

    Liga Bwin - Em 2021 aconteceu o que não acontecera nos 18 anos anteriores; em 2022 o Porto fez História com um novo máximo de pontos em Portugal (91) e recuperando o primeiro posto do futebol nacional, pela 3.ª vez em 5 anos com Sérgio Conceição.
    Com o melhor ataque (86 golos marcados), a melhor defesa (22 golos sofridos) e uma quase-invencibilidade (em Braga e a poucas jornadas do fim, Ricardo Horta impôs a única derrota aos dragões), o Porto foi efectivamente a equipa mais consistente em campo. Mantendo em altas os índices de compromisso e fome de ganhar cada duelo, a equipa portista revelou sempre o engenho de todos os jogadores estarem sintonizados e conscientes de como teriam que falar a uma só voz, com e sem bola. Este Porto não precisava de algumas decisões bastante dúbias e difíceis de entender que foram acontecendo pontualmente ao longo da prova, sendo urgente garantir que não se voltam a repetir cenas vergonhosas como o final do Porto-Sporting de Fevereiro deste ano.

    2021/ 22 começou embalado pela fantasia de Luis Díaz, um jogador que já estava muito acima da nossa realidade e que brilhou sem comparação ou concorrência até viajar para Liverpool. Mas perante a saída do craque colombiano, prevaleceu a força do colectivo: quem tem Uribe e Otávio sabe sempre como interpretar o jogo, quem tem Taremi tem golos e mergulhos, quem tem Vitinha, Fábio Vieira e Diogo Costa tem futuro.
    O Sporting manteve matematicamente viva a esperança de se sagrar bicampeão até à penúltima jornada, momento em que na Luz se assistiu ao coroar dos novos campeões. Sonho para uns, pesadelo absoluto para outros. Na época dos encarnados, salvou-se a inesperada e prestigiante campanha europeia (eliminação do Barcelona na fase de grupos da Champions, eliminação do Ajax nos oitavos e decente réplica perante o Liverpool) e a grande época do melhor marcador (26 golos) Darwin Núñez. Pela segunda vez em 3 anos, acabou o interino Veríssimo no comando, demonstrativo da falta de estabilidade e visão coordenada dos encarnados, para quem se segue agora uma germanização que implicará por certo dores de crescimento, mas também entusiasma e muito.

    Belenenses SAD e Tondela dizem Adeus ao primeiro escalão, que se prepara para receber o Rio Ave e o Casa Pia, numa edição em que o Gil Vicente de Ricardo Soares foi a sensação da prova (impressionante 5.º lugar, com óptimo futebol e excelentes prestações de Samuel Lino e Pedrinho) e em que o Braga não soube aproveitar o desnorte benfiquista.

    Guardamos já com saudade o facto de termos tido em simultâneo Luis Díaz e Sarabia na nossa ocidental praia lusitana, numa Liga que certificou Darwin e Matheus Nunes para outras paragens, em que Ricardo Horta se tornou o melhor marcador da História do Braga, onde Matheus Reis, André Franco, Pêpê ou André Ferreira evoluíram como poucos, e onde pudemos acompanhar os promissores passos dos Vitinhas (o do Porto e o do Braga), da restante jovem armada portista (Fábio Vieira, Diogo Costa, Evanilson e João Mário), bem como Samuel Lino, Gonçalo Inácio, Gonçalo Ramos, Porozo, Filipe Relvas ou Miguel Maga.

    Acompanhem-nos então neste balanço final, que analisa em detalhe as 18 equipas da Liga portuguesa, procurando determinar o que correu bem, o que correu mal, quem se destacou e quem desiludiu:



 PORTO (1)

    Para os lados dos Aliados, diz-se que o campeão voltou. Pela 3.ª vez desde que Sérgio Conceição foi apresentado, o Porto sagrou-se campeão nacional (2018, 2020 e agora 2022), estabelecendo um novo recorde de pontos (91) em Portugal, e ficando muito perto da invencibilidade (apenas 1 derrota, em Braga, em 34 jornadas).
    Os dragões acabaram a época com o melhor ataque e a melhor defesa, e face ao futebol dominador e tacticamente rico, não precisavam (em teoria) de ter tido tanta intervenção "divina" para assegurar o primeiro lugar.
    Falhando na Liga dos Campeões (missão muito difícil num grupo com Liverpool, Atlético e AC Milan), o Porto não perdeu internamente com qualquer um dos rivais, eliminando inclusive Benfica e Sporting na sua caminhada até à final da Taça de Portugal frente ao Tondela (3-1). Na Liga, de Agosto até ao dia 25 de Abril foram praticamente só vitórias (os azuis e brancos empataram apenas duas vezes com o Sporting, uma em casa com o Gil Vicente e outra fora na Madeira). Até Fevereiro, muito contribuiu a fantasia do colombiano Luis Díaz, por larga margem o MVP do campeonato até rumar a Liverpool. Mérito teve depois Conceição ao conseguir encontrar soluções, não permitindo à sua equipa acusar a saída do seu principal craque, num percurso que ficou marcado pela clareza e elegância de Vitinha, pela dinâmica e intensidade de Otávio, pelos golos de Taremi e Evanilson, pelo trabalho na sombra de Uribe e pela liderança de Pepe e Mbemba.
    Com um futebol intenso, pressionante e muito difícil de contrariar, Sérgio Conceição conseguiu ainda dois extras apreciados pelos adeptos: o Porto de 2021/ 22 teve muito mais arte (consequência natural de ter Vitinha, Otávio e Fábio Vieira a pensarem o jogo) e muito mais ADN Olival no onze.

Destaques: Luis Díaz, Otávio, Mehdi Taremi, Vitinha, Matheus Uribe

 SPORTING (2)

    Consciente de que no futebol é "tudo ou nada", Rúben Amorim reconheceu que, nessa redutora análise, esta época do Sporting foi "nada". Mas todos sabemos que não. É elucidativo da transformação que Amorim, Viana e Varandas operaram no Sporting o facto do 2.º lugar e 85 pontos terem sabor de desilusão. Os leões repetiram a marca pontual do ano do título, conseguiram algo que não acontecera na década anterior (Top-2 em dois anos consecutivos), consolidando a presença do Sporting na Champions, competição onde esta temporada a turma verde e branca durou até aos oitavos (Borussia Dortmund ficou pelo caminho nos grupos), perdendo de forma expressiva com o Manchester City, como qualquer equipa portuguesa perderia.
    Vencedores da Taça da Liga e da Supertaça, e derrotados pelo Porto nas meias-finais da Taça, os leões pagaram cara a fatura da imperfeição (deslizes custosos contra Santa Clara e Braga), ficando este campeonato com sensação agridoce face a algumas decisões bastante difíceis de compreender e mediante o facto do Sporting não ter sido inferior ao Porto, bem pelo contrário, nos 2 embates da Liga, que acabaram empatados.
    A nível individual, Pablo Sarabia brindou os adeptos do Sporting com toda a sua qualidade, num empréstimo que mais pareceu um sonho; Matheus Reis e Matheus Nunes subiram muito de rendimento, e a equipa acusou a falta de Pedro Porro quando o lateral-direito esteve lesionado. Paulinho dá muito ao jogo mas teria mesmo assim que dar mais golo, o convidado in media res Slimani virou dossier complicado, Vinagre foi tremenda desilusão, e se há dois jogadores cujo decréscimo de rendimento impactou o futebol da equipa foram Pote e João Palhinha. 

Destaques: Pablo Sarabia, Matheus Reis, Matheus Nunes, Pedro Porro, Gonçalo Inácio

 BENFICA (3)

    Longe vão os tempos de domínio encarnado em Portugal. Depois de terminar sempre em 1.º ou 2.º entre 2010 e 2020, as últimas duas épocas foram depressivas para os lados da Luz, com o clube remetido ao bronze e afastado bem cedo da luta (a dois) pelo título.
    A temporada de 2021/ 22 começou enganadora, com João Mário a parecer ter corrigido muita coisa, mas em Outubro começaram os desaires e, chegados os embates com os grandes rivais, Rui Costa deixou de confiar em Jorge Jesus. Esta época, as águias perderam com o Porto 3 vezes (3-0 na Taça, 3-1 no Dragão uma semana depois no 1.º jogo de Nélson Veríssimo, e finalmente 1-0 na Luz com Zaidu a confirmar o título) e com o Sporting por duas ocasiões (3-1 na Luz e 2-1 na final da Allianz Cup), salvando-se apenas a deslocação a Alvalade.
    A época que ditou a iminente revolução, com a germanização do clube a partir de agora orientado por Roger Schmidt, ficou marcada pela positiva no percurso europeu. Os encarnados deixaram o Barcelona pelo caminho na fase de grupos, eliminaram o Ajax nos oitavos-de-final e bateram o pé ao Liverpool na fase seguinte. Ao longo de 55 jogos em todas as competições, o Benfica viu o uruguaio Darwin Núñez explodir e conquistar a Bota de Prata (26 golos na Liga, 34 no total da época) sendo certa a sua transferência, faltando apenas saber o destino. Rafa rendeu com Jesus; Yaremchuk ficou muito aquém do esperado; Lucas Veríssimo (gravíssima lesão) fez muita falta; Otamendi, Grimaldo e Weigl fizeram o que podiam; Gilberto deu sempre tudo; e a principal esperança talvez esteja mesmo na conquista da Youth League, com Henrique Araújo, Diego Moreira, Martim Neto e companhia a mostrarem que, apesar do presente ser cinzento e nublado, o futuro não tem que o ser.

Destaques: Darwin Núñez, Rafa, Álex Grimaldo, Nicolás Otamendi, Julian Weigl

 BRAGA (4)

    Na última época de Carlos Carvalhal - o clube já apresentou Artur Jorge como novo treinador, uma opção que mostra que a aposta na formação passará a ser uma das imagens de marca - o Braga encantou na Europa, viu o seu maior craque alcançar o estatuto de Lenda, e maltratou os 3 grandes na segunda volta.
    Longe do Gil Vicente mas igualmente longe do Benfica, o Braga fica neste campeonato como a única equipa que foi capaz de impor uma derrota ao Porto. Os gverreiros conseguiram aliás a proeza de vencer também Benfica (3-2) e Sporting (2-1 em Alvalade, com aquele golo de Gorby aos 90+7) na 2.ª volta, mas o brilho maior foi mesmo na Liga Europa, numa caminhada que durou até aos quartos-de-final, caindo os arsenalistas em Glasgow perante o finalista Rangers.
    A irregularidade colectiva foi nota constante, sobretudo até a equipa embalar em Fevereiro, mas Ricardo Horta nunca se deixou contagiar, inspirando sempre os colegas. O agora melhor marcador da História do clube, 3.º melhor marcador desta edição da Liga (19 golos), fartou-se de jogar à bola, criou oportunidades como mais nenhum jogador, e se este não for o momento de dar o merecido salto, esse nunca acontecerá.
    Com Matheus a agigantar-se mais na Liga Europa, e com os miúdos Vitinha, Roger (ainda tem 16 aninhos), Rodrigo Gomes ou Falé a terem os primeiros minutos, surpreendeu-nos o flop Mario González, e estamos convictos que Al Musrati e David Carmos (que centralão em perspectiva) podem representar interessantes encaixes financeiros.

Destaques: Ricardo Horta, Al Musrati, Iuri Medeiros, Vitinha, David Carmo

 GIL VICENTE (5)

    Estávamos em 2000. O Big Brother estreava, o Gladiador estava nos cinemas, as pessoas jogavam Snake no telemóvel e o Gil Vicente, com Casquilha, Paulo Jorge, Fangueiro, Carlitos e Guga acabava o campeonato no 5.º lugar. Máquina do tempo e, 22 anos depois, Ricardo Soares igualou o feito de Álvaro Magalhães, com apenas 2 pontos a menos.
    A equipa sensação da Liga Bwin 2021/ 22 foi um exemplo. Um case study de futebol vistoso, com Ricardo Soares a deixar uma vez mais a sua marca na transição e na óptima tomada de decisão no processo ofensivo, uma lição na arte de contratar (Fran Navarro foi o "achado" do campeonato, e Frelih e Andrew acabaram por cumprir, não sofrendo o Gil com a saída do excelente Kritciuk), sendo Barcelos o palco da melhor época da carreira de Pedrinho (que jogador!), da explosão de Zé Carlos e, claro está, Samuel Lino, o craque brasileiro de quem um dia diremos "Ainda me lembro quando ele estava no Gil Vicente".
    Como sempre acontece com as equipas-revelação, os galos correm o risco de cair numa descaracterização e hipotecar a consolidação do projecto. Manter Ricardo Soares (incompreensível se não tiver propostas) é obrigatório, mas além de Lino, percebe-se se Pedrinho, Fran, Zé Carlos, Lucas ou Kanya não estiverem no clube na próxima época.

Destaques: Samuel Lino, Pedrinho, Fran Navarro, Zé Carlos, Kanya Fujimoto

 VIT. GUIMARÃES (6)

    Pepa, esperávamos muito mais. Com um treinador à procura de afirmação plena e um plantel recheado de jovens valores, a tendência no Verão passado era confiar que este Vitória ia tentar incomodar o rival Braga na tabela. Mas não: não só os vimaranenses acabaram a 17 pontos dos rivais do Minho, como ainda acabaram atrás do Gil Vicente. E, convenhamos, se o Gil não tivesse escorregado várias vezes na segunda volta, a distância seria bem maior.
    Com alguma dificuldade em encontrar o seu onze, Pepa ficou no limbo em muitas matérias. Porventura prejudicado pelo facto de contar com um plantel muito extenso, bem diferente do que tivera no Paços de Ferreira, Pepa "espremeu" poucos elementos, acabando por se valorizar sobretudo André Almeida e Miguel Maga, este último após a saída de Sacko. Além do maliano, o Vitória perdeu ainda no decorrer do campeonato André André para as Arábias e Marcus Edwards para o Sporting. Em 2021/ 22, houve supremacia no jogo aéreo de Óscar Estupiñán, houve demasiadas expulsões para Alfa Semedo, houve Geny Catamo a justificar novo empréstimo, mas houve acima de tudo uma grande mão cheia de nada.
    Pepa não perdeu qualidade, e com boa visão de mercado e 5-6 reforços não é difícil recolocar o Vitória onde pertence.

Destaques: Óscar Estupiñán, Rochinha, Miguel Maga, André Almeida, Ibrahima Bamba

 SANTA CLARA (7)

    Desde que regressou à piscina dos grandes em 2018, o Santa Clara fez sempre Top-10. Curiosamente, os 40 pontos deste ano foram a pior marca do clube nos últimos 4, mas significaram a 2.ª melhor classificação em similar período.
    A única equipa com desfecho verdadeiramente feliz entre aquelas que tiveram 3 treinadores diferentes ao longo dos 9 meses de competição disse adeus a Daniel Ramos, reconheceu rapidamente que Nuno Campos como erro de casting, e encontrou em Mário Silva o novo líder (renovou até 2024).
    Os açorianos acusaram, como era de esperar, a transferência de Carlos Jr. para a Arábia Saudita em Agosto, ficando a equipa órfã do seu principal activo. Lincoln e Morita pegaram na equipa, Ricardinho deu um assinalável salto competitivo e os problemas extra-futebol de Allano não ajudaram. Não sendo Cryzan um super-goleador, pode-se dizer que a equipa só teve um verdadeiro homem-golo em Fevereiro, quando "sacou" Kyosuke Tagawa. O internacional japonês demorou a acomodar-se, mas o seu rendimento em Abril foi uma boa amostra de quão importante seria adquiri-lo em definitivo.
    No futuro próximo, é sabido que Morita deve sair, mas parece-nos que uma pré-época pensada por Mário Silva pode resultar num novo paradigma para o lado dos Açores.

Destaques: Lincoln, Ricardinho, Hidemasa Morita, Kyosuke Tagawa, Cristian Tassano

 FAMALICÃO (8)

    Não nos perguntem como é que o Famalicão terminou este campeonato em 8.º lugar. A matemática consegue explicá-lo, mas a monitorização progressiva da Liga e o futebol jogado em campo fariam prever tudo menos isto. É que a 3 jornadas do fim (o Famalicão venceu os três embates finais) a equipa morava num perigoso 14.º lugar, a apenas 4 pontos do Play-Off de descida. No geral, os famalicenses não foram nem de perto melhor equipa do que Estoril, Marítimo, Paços de Ferreira ou Boavista, mas as contas fazem-se no fim e, 34 jornadas depois, a turma de Rui Pedro Silva ficou a apenas 1 ponto do registo da época anterior (39 contra 40) melhorando no entanto em um lugar a sua classificação.
    Esta época, começou Ivo Vieira (2 vitórias, 5 empates e 8 derrotas em 15 jornadas) e acabou o trabalho Rui Pedro Silva (7 vitórias, 7 empates e 5 derrotas em 19 jogos).
    Como já é apanágio com muita juventude (média de idades não chega a 24 anos), 2021/ 22 em Famalicão foi a época do goleador francês Simon Banza, e de Pêpê Rodrigues, um maestro recuado que tinha lugar em equipas de dimensão bem superior. Entre os mais meninos, foi o central-lateral Penetra quem marcou mais pontos.
    Com outra consistência de João Carlos Teixeira, Iván Jaime e Heriberto, este Famalicão voava.

Destaques: Simon Banza, Pêpê, Adrián Marín, Bruno Rodrigues, Alexandre Penetra

 ESTORIL (9)

    Para quem acompanhou minimamente o Estoril campeão da II Liga, havia poucas dúvidas que a equipa de Bruno Pinheiro acabaria por fazer um campeonato tranquilo. Em Agosto, apontámos os canarinhos ao 13.º lugar, mas as expectativas foram excedidas.
    Com um arranque de campeonato de fazer inveja (4 vitórias nos primeiros 5 jogos), o Estoril viu o seu principal craque (Miguel Crespo) rumar ao Fenerbahçe ao fim de 3 jornadas, e também se viu privado em Janeiro do imprevisível e atrevido Chiquinho, reforço do Wolves de Bruno Lage.
    Tivesse Bruno Pinheiro contado com Crespo e Chiquinho toda a época e acreditamos que nesta altura seria discutível entre Gil Vicente e Estoril a que equipa pertencia o estatuto de sensação da prova. Como as coisas aconteceram, emergiu André Franco, o 10 esquerdino que brilhou mais na I Liga do que no escalão secundário, e que deve agitar o mercado.
    Romário Baró desiludiu-nos, Ferraresi mostrou uma vez mais aquilo de que é feito, Arthur Gomes fez umas malandrices nos corredores, e Joãozinho, Rosier e Gamboa disseram sempre presente.

Destaques: André Franco, Chiquinho, Arthur Gomes, Joãozinho, Loreintz Rosier

 MARÍTIMO (10)

    Merecia mais do que o décimo lugar este Marítimo. Os únicos representantes da Madeira escaparam à vida aflitiva da época anterior (15º lugar), mas o caso esteve muito mal parado durante a vigência do hispânico Julio Velázquez. Estávamos com 11 jornadas decorridas, e os leões maritimistas tinham modestos 7 pontos em 33 possíveis. A Direcção chamou Vasco Seabra e o parceiro de padel de Álvaro Pacheco (treinador do Vizela) corrigiu tudo o que havia para corrigir.
    O efeito da chicotada psicológica fez-se sentir: de equipa com 1 vitória e 4 empates em 11 jogos, o Marítimo passou a equipa com 5 vitórias e 1 empate nos primeiros 7 jogos de Vasco Seabra no clube. Pelo meio, apenas um violento (7-1) acidente de percurso na Luz.
    O Caldeirão tirou pontos a Porto e Sporting este ano, e vibrou com as defesas de Paulo Victor (defender 3 penáltis num campeonato não é para todos), com a assertividade do super fiável quarteto formado por Winck, Zainadine, Matheus Costa (central mais goleador da Liga) e Vitor Costa, com o requinte do franco-argelino Rafik Guitane, e com os golos de Joel Tagueu e Alipour.
    Conservando guarda-redes e defesas, e reforçando os sectores mais avançados com jogadores mais ao jeito do futebol idealizado por Vasco Seabra, cuidado com este Marítimo em 2022/ 23!

Destaques: Paulo Victor, Matheus Costa, Vitor Costa, Rafik Guitane, Joel Tagueu

 PAÇOS FERREIRA (11)

    Tal como o Marítimo, o Paços de Ferreira foi um dos clubes em que o impacto da mudança de treinador foi positivo. A segunda passagem de Jorge Simão pela Capital do Móvel não correu bem, deixando este o cargo à 14.ª jornada quando o Paços estava a apenas 1 ponto do Play-Off de despromoção. Com César Peixoto (aguardamos com expectativa a sua evolução como timoneiro), a equipa encontrou-se, e o 11.º lugar é algo enganador uma vez que os castores terminaram a apenas 2 pontos do sétimo Santa Clara.
    Na Mata Real, André Ferreira foi uma das histórias da época. O guarda-redes de 25 anos, com passado na formação do Benfica, disparou de rendimento, revelando uma influência nos resultados da equipa como poucos guardiões tiveram nesta Liga. O Paços beneficiou da experiência do esquerdino Antunes (35 anos), da capacidade de Nuno Santos aproveitar a 100% todos os seus empréstimos, e claro, mesmo tendo jogado apenas 301 minutos, Nico Gaitán foi... Nico Gaitán.
    Sem acusar sobremaneira a saída do luso-canadiano Stephen Eustáquio para o Porto, parece-nos que o Paços ficou a um ponta de lança (tivesse Denilson Jr. outra regularidade e seria excelente) de realizar uma época memorável. À primeira vista, a queda do impressionante 5.º lugar com Pepa para este 11.º lugar soa a época falhada, mas somando tudo vemos uma temporada positiva, com um treinador ajustado ao projecto e o evitar de uma depressão pós-Pepa.

Destaques: André Ferreira, Nuno Santos, Antunes, Lucas Silva

 BOAVISTA (12)

    Podemos dizer que, neste balanço final, o Boavista está aqui a empatar. Afinal, em 34 jornadas, o clube do Bessa empatou exactamente metade (17).
    Entre as 4 equipas que terminaram com 38 pontos (Marítimo, Paços de Ferreira, Boavista e Portimonense), os axadrezados acabaram por ser a equipa que mais destaques individuais teve. Petit substituiu João Pedro Sousa em boa hora e o homem da casa parece ser o técnico certo para o momento do clube. Com um 11 inicial sempre muito compacto, 2021/ 22 foi o ano em que Gustavo Sauer (entretanto reforço do Botafogo de Luís Castro) se fartou de cortar para dentro e disparar com o seu pé esquerdo, em que o croata  de 1,90m Petar Musa ("o melhor avançado em Portugal a jogar de costas" nas palavras do seu treinador) fez o suficiente para convencer o Benfica, em que Jackson Porozo reclamou para si o estatuto de central mais promissor extra-grandes (juntamente com David Carmo, do Braga) numa equipa sempre bem servida por Makouta a transportar e encher o corredor central e Hamache na asa esquerda.
    Ficaremos atentos aos reforços deste Boavista, numa fase em que o scouting está a dar cartas. E acreditamos que os miúdos da formação tenham mais oportunidades em 2023.

Destaques: Gustavo Sauer, Petar Musa, Jackson Porozo, Gaïus Makouta, Yanis Hamache

 PORTIMONENSE (13)

    Terceira época de Paulo Sérgio em Portimão, terceira manutenção para o Portimonense. Venham mais duas. O único representante do Algarve na Liga Bwin realizou uma primeira volta bem superior à segunda (a saída do entusiasmante lateral-esquerdo Fali Candé para o Metz teve o seu peso), mas a despromoção nunca pareceu um cenário realmente possível.
    Com uma mancha relacionada com a mini-polémica em torno do Porto 7-0 Portimonense, os alvinegros voltaram a apresentar momentos de bom futebol e a potenciar jogadores, tudo isto sem ter um craque diferenciado como aconteceu em 20-21 com o ponta de lança Beto.
    É provável que esta tenha sido a época de despedida de Samuel Portugal (merece outros palcos) na baliza do Portimonense, e quem tem Moufi, Pedrão, Willyan ou Filipe Relvas (muita atenção à sua evolução) terá sempre a baliza protegida.
    Do meio-campo para a frente, Carlinhos rendeu o que esperávamos que Luquinha rendesse, Nakajima recuperou uma pontinha da sua alegria, justificando-se uma tentativa de garantir em definitivo o colombiano Iván Angulo.

Destaques: Samuel Portugal, Fali Candé, Fahd Moufi, Carlinhos, Filipe Relvas

 VIZELA (14)

    O homem da boina não desiludiu e o Vizela, depois de regressar ao patamar máximo do futebol português 36 anos depois, assegurou a manutenção, procurando agora criar raízes e desenvolver-se sustentável com épocas mais tranquilas.
    Tendo como ponto alto um 1-1 na Luz (jogo em que os encarnados viram Taarabt ser expulso logo aos 7 minutos), o Vizela mostrou-se competitivo sem precisar de ter revolucionado o plantel que ficara em segundo na 2.ª Liga.
    Guilherme Schettine e Cassiano partilharam o papel de goleador da equipa, Pedro Silva e Charles dividiram a baliza, e o denominador transversal a toda a caminhada dos vizelenses foi mesmo a qualidade e rapidez de execução do "10" Kiko Bondoso. Gostávamos de o ver por exemplo no Gil Vicente.
    Além do craque de Moimenta da Beira, também Samu e Koffi (que pulmão!) foram habituais destaques, ficando a impressão que Nuno Moreira pode ser um jogador de pico tardio e crescer muito nos próximos anos.

Destaques: Kiko Bondoso, Samu, Koffi Kouao, Cassiano, Nuno Moreira

 AROUCA (15)

    No começo da época, achávamos que a descida do Arouca era quase certa. Das 3 equipas promovidas, Estoril e Vizela pareciam reunir ingredientes para sobreviver, mas o Arouca não possuía similares argumentos. No entanto, vários meses depois, nenhuma das três equipas desceu, e os arouquenses fizeram toda a época sem entrar em desespero, confiando que o segredo estaria em manter Armando Evangelista no comando.
    Superando as expectativas, o Arouca festejou a manutenção a uma jornada do fim, contribuindo os desempenhos defensivos de figuras como João Basso, Victor Braga e Thales. O ingresso de David Simão em Janeiro revelou-se fundamental para dotar a equipa de maior experiência no miolo, e na frente de ataque houve Arsénio, houve Bukia (claramente não tanto como na temporada anterior) e houve sobretudo André Silva, o homem que marcou do seu meio-campo.
    A lição que o Arouca conta esta época a Moreirense, Tondela e Belenenses SAD é simples: muitas vezes, a estabilidade é o melhor caminho.

Destaques: André Silva, João Basso, Victor Braga, Thales

 MOREIRENSE (16)

    Para o Moreirense, o futuro é ainda incerto, faltando disputar a segunda mão do Play-Off com o Desportivo de Chaves, 3.º classificado da SABSEG. Em todo o caso, é evidente a queda em desgraça de um emblema que ficou em oitavo lugar nas duas épocas anteriores, entregue a Vasco Seabra e Ricardo Soares, e 6.º em 2018/ 19 com Ivo Vieira.
    Esta época houve João Henriques durante 12 jogos, Lito Vidigal fez uma cameo durante 4 jornadas, terminando o percurso Ricardo Sá Pinto.
    Pouco há a destacar na temporada dos cónegos, o clube de Kevin Mirallas. Que coisa estranha de escrever. Em suma, brilhou André Luís a partir do banco (apontou 4 golos como suplente utilizado, um máximo esta época em igualdade com Marcus Edwards, Bruno Duarte e Boselli), Derik Lacerda mostrou características interessantes, Yan melhorou os seus números, e na defesa Rosic e Amador primaram pela consistência.

Destaques: André Luís, Yan, Derik Lacerda, Pedro Amador, Lazar Rosic

 TONDELA (17)

    Após 7 temporadas na Primeira Liga, o Tondela vê-se relegado de forma algo inesperada. Quase tão inesperada quanto a presença dos beirões na final da Taça de Portugal.
    É complicado negar a justiça da condenação quando o Tondela venceu apenas 1 jogo nas últimas 14 jornadas do campeonato. É inevitável não ganhar expressão a fatia de ingratidão para com o técnico espanhol Paco Ayestarán, homem que (tal como Pepa no passado) fez omeletes sem ovos e que orientou a equipa durante 5 dos 6 jogos na caminhada até à final do Jamor. A aposta em Nuno Campos visava um "abanão", mas este não aconteceu.
    Os auriverdes foram a pior defesa (67 golos sofridos), acusando na Hora H a juventude de alguns elementos, nem se podem queixar de falta de penáltis ou do desacerto de João Pedro (marcou 7 em 7) da marca, acabando a equipa da AF Viseu por ficar muito longe de ser o melhor ambiente para florescer o talento de Tiago Dantas e Eduardo Quaresma. Entre os jogadores menos experientes, ficou-nos na retina o uruguaio Juan Manuel Boselli, cuja pouca utilização temos alguma dificuldade em compreender.

Destaques: João Pedro, Neto Borges, Juan Manuel Boselli, Salvador Agra

 BELENENSES SAD (18)

    Do último classificado da Liga Bwin, ficará sempre na memória o episódio mais vergonhoso (ok, vamos fingir que não aconteceu o final do Porto-Sporting) e de maior amadorismo desta edição, quando em finais de Novembro o BSAD se apresentou em campo contra o Benfica com apenas 9 jogadores, sendo um dos jogadores de campo um guarda-redes. O desfecho foi um 7-0 digno de ligas não-profissionais do INATEL e um jogo que durou 48 bizarros minutos.
    Numa época com 3 treinadores (Petit, Filipe Cândido e finalmente Franclim Carvalho), o Belenenses desce - e temos muita dificuldade em acreditar que seja capaz de regressar nos próximos anos ao 1.º escalão - com o pior ataque (23 golos em 34 jogos), a equipa mais indisciplinada (114 cartões amarelos e 11 vermelhos) e, embora a última dezena de jogos não tenha sido péssima, ficou sempre claro que este plantel não permitia milagres.
    Luiz Felipe salvou males maiores na baliza, Afonso Sousa tornou ocasionalmente o futebol do "lanterna vermelha" mais risonho, e na frente destacou-se aqui e ali Safira (7 golos).

Destaques: Luiz Felipe, Safira, Afonso Sousa



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