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Marcas que não se apagam




Em caminhada no último sábado pela vizinhança, me deparo com uma curiosa gravura (stencil) de um rosto estampado num poste. A tinta escorrida deixava a leitura um pouco demorada, mas lá podemos ler: “ Mortos e desaparecidos políticos – Isis Dias de Oliveira * 1941 Ɨ 1972 " . Um pouco mais adiante, numa praça cercada por imponentes árvores centenárias, que com as suas imensas e protuberantes raízes deixavam o ambiente sombrio e com ar fúnebre, temos uma discreta lápide em homenagem à mesma Isis Dias de Oliveira.

Mil questionamentos vieram à mente no mesmo momento. Teria sido a Isis uma moradora daquela pacata Rua Corrientes, no Alto da Lapa? Segurei um pouco a curiosidade até chegar em casa e pesquisar. Realmente estamos numa era cheia de vantagens! O pai Google me deu tantas respostas instantâneas que fiquei leve de gratidão. A jovem foi uma combatente. Tinha 31 anos, militante da ALN (Ação Libertadora Nacional), desaparecida em 1972.

Os relatos são inúmeros em diversos sites que tratam do assunto. Comovente e angustiante o acompanhamento de  toda a peregrinação da sua família frente a todas as instituições possíveis e imagináveis, por anos a fio, sem o mínimo esclarecimento. As pouquíssimas pistas, que reacendiam as esperanças e retomavam o ciclo desesperado por novas informações e as ínfimas vitórias da sua mãe com uma carta de contestação sua publicada na época pelo jornal “ O Estado de São Paulo”. Informações extraoficiais trazem indícios do seu desaparecimento e morte, mas até o momento (40 anos depois) não houve um pronunciamento. São as marcas da ditadura, da tortura, que permanecem vivas até hoje.

Fazem grande trabalho os muitos grupos que não deixam episódios como este caírem no esquecimento. Nas suas agendas, sempre há algum tipo de movimentação que regularmente lembra o caso de Isis e mais outros diversos militantes que desapareceram no mesmo período sombrio. “Para que não se esqueça. Para que nunca mais aconteça.”

Num simples passeio mais atento pelo bairro, tive um pouquinho de aula de  história, cidadania e o meu reconhecimento e respeito reforçado por todas as famílias que sofrem com a dor do desaparecimento de um ente querido, não necessariamente os que desapareceram na Ditadura, mas todos os milhares de casos que aguardam um esclarecimento. Para estes guerreiros, aqui deixo um pouco da minha Força e fé!  E a esperança que em breve as perguntas e dúvidas sejam devidamente substituídas por informações, sejam elas quais forem.

---->F. Mauricio Grabois

---->Rede Democrática




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