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Breve dissertação sobre mecânicos, aliens, taxistas, e sobre semi-deuses.

Imaginem que estou aqui descansado, em frente ao teclado do meu rico computador.

Estou sossegadito, metido na minha vida, sem querer mal a ninguém.

Nisto, um incauto leitor diz, inadvertidamente: "ah e tal, e o que é que tu achas dos mecânicos?"

Pronto. Eu nem queria dizer nada sobre isso, mas perante esta pergunta macaca, tenho que me pronunciar.

Os mecânicos são todos uns mânfios. Levei lá o meu bólide há 2 meses, quando notei que, quando girava a chave, não pegava.

Estranhei.

Até porque os outros carros continuavam a andar de um lado para o outro, com o motor a roncar, o que excluiu logo a teoria que congeminei instantaneamente do problema do meu bólide se dever a um impulso electromagnético emitido por aliens que quisessem conquistar a Terra e levar a Bárbara Guimarães que tivesse arruinado a bobine de chamada.

Outra hipótese que me ocorreu na altura foi a de que o sôr Martins, da gasolineira, se tivesse esquecido de me ligar a dizer que tinha que lá ir reabastecer. O pacóvio.

Mas também não era isso, o depósito estava quase cheio, vá, meio, ou melhor, entre o meio e o quarto.

Mau... Se não foram os aliens, e se tem gasolina, será que é qualquer coisa do motor, lembro-me de ter pensado.

Insisti. Voltou a não pegar.

Voltei a insistir e ele voltou a não pegar.

Saí e tentei o tradicional pontapé na jante. Nada.


Abri o capôt e tentei o tradicional golpe do fechar estrondosamente o capôt, enquanto dizia uma oua outra asneira. Infrutífero, também.


Vai daí que liguei, mais uma vez, para o reboque.


Mas desta feita levei o carro para outra oficina.


Chego lá com o carro ao início da tarde. Espero uns minutos, e nisto chega um opel calibra com uns tipos distintos no interior.


Eram os espectaculares mecânicos.


Fiquei abismado com a minha pequenez perante seres tão iluminados.


Coloquei os óculos escuros. Resolveu a situação. Era o raça do reflexo do Sol nas chapas do edifício que me aturdia o cérebro e que me levou momentaneamente a pensar que eram semi-deuses.


Os espectaculares mecânicos eram 3. De batinha azul, a fumar um cigarro, olharam de relance para mim. Levitaram até ao interior da oficina.


Entrei e esperei uns minutos enquanto eles tratavam de assuntos urgentes.


Após o café, grunhiram qualquer coisa na minha direcção, ao ponto de eu ficar com a sensação que tinha que me ajoelhar para apanhar do chão aquelas palavras que eles atiraram para mim.


Expliquei o que se passava com o carro e eles, magnânimos, dizem:


- Ah e tal, a Rússia vai converter-se ao cristianismo, tenho a certeza, e pode ser que consigamos arranjar o seu carro, não sei se ainda amanhã.


- Tem a certeza disso da Rússia?


- Tenho. A certezinha absolutinha Urbi et orbi.


- Urbi et orbi? Ena.


- Mas do meu carro, nickles de certezinhas. Certo?


- Ah isso do carro, meu amigo, Ó TÓ, TÓ, Ó TÓ, TÓ, tens que pôr açucar na máquina do café que isto está uma zurrapa. Isso do carro não lhe sei dizer. Pode ser amanhã, pode ser depois, não sei, não sei, é que não sei, não sei se sei se sei se sei. TÓ, Ó TÓ, olhó café TÓÓÓÓ.


- Hmmmm... Ok, então ligue-me quando estiver pronto.


E fui embora.


No dia seguinte. Recebo uma chamada, a meio da tarde.


- Olhe, é o Sôr dono do Opel Corsa?


- Sou.


- Olhe, o meu colega esteve a tarde toda de volta do seu carro e ele tinha um problema aqui no sensor de ponto. Mas tá resolvido. Pode vir buscar o carro Sine qua non.


E lá fui eu.


Nisto passam-se 2 meses.


E nisto volto a dar à chave do meu bólide. E nisto ele volta a não pegar.


E é devido a esta pergunta do incauto leitor que eu vos digo que os mecânicos, tal e qual os taxistas, são uns mânfios.



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