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Breve dissertação sobre o acaso, gatos, ratos, e toutinegras. E também sobre acrílico, e um velhote de andarilho.

Há coincidências do caraças.

Numa brevíssima pausa para me coçar, ler 30 jornais on-line e comer feijoada, uma notícia em particular chama a minha atenção.

Qual?

Era sobre a crise?

Não.

Era sobre o Reguila, aquele maroto que marcou ao Benfica?

Não, não era.

Era sobre o quê, então?

Não, não era.

Era sobre os coitaditos dos pássaros que esbarram em pleno vôo contra as barreiras de acrílico que evitam que o vento lateral açoite os carros em plena ponte Rainha Santa isabel, isto em Coimbra.

Os passaritos vão na vida deles, até parece que conversam uns com os outros "ah e tal, vamos por onde, vamos pela baixa ou vamos pela ponte" e nisto um diz "vamos pela ponte" o outro diz "bora lá então, o último a chegar é um periquito" e estão assim, desta forma tão simples, criadas, digo-vos, as condições para a tragédia.

O acrílico também é lixado. Podia ser opaco, ou mesmo translúcido, em degradê de 3 ou 4 cores.

Não é. É transparente.

E os passaritos não vêm o transparente. São, concluo agora, daltónicos.

E como é que isto se soube?

Não diz, a notícia. Mas eu tenho sentido crítico para para desconfiar das coisas.

E só pode ter sido por uma coisa.

As pessoas terão começado a reparar que há muito mais ratos.

E vai daí que as pessoas começaram a indagar-se acerca desta questão.

E às tantas alguém diz:"este surto, não, esta epidemia de roedores deve-se ao aquecimento global, que faz com que, vejam bem, os dias fiquem mais quentes. Os ratos optam então por ficar nas tocas para não transpirarem e, na falta do que fazer, procriam. Ah, pois está claro, e também há menos gatos".

E as pessoas repararam que, nesse preciso momento, passa um gang de gatos, cerca de 1000, ou 50, a caminho da ponte, aproveitando para vandalizar um caixote do lixo.

Mau....

Menos gatos? Então e estes 1000, ou 50, que vão na direcção da ponte?

E organizou-se logo ali uma excursão. Uns foram a pé, enquanto que outros, com mais poderio financeiro, foram de bicicleta pasteleira. Um até foi de andarilho.

E seguiram os gatos, disfarçadamente, a assobiar.

E nisto, à medida que se aproximavam da ponte, começaram a ouvir os tuns tuns tuns tuns tuns tuns, uns a seguir aos outros.

Eram os pássaros a marrar forte e feio contra o acrílico.

E os gatos e alguns sem-abrigo a encher o bandulho. Um festim de penas e bedum.

Foi de certezinha isto que aconteceu.

E, quando acabo de ler a notícia sobre o assunto, ouço um "TUM", mesmo ao lado do meu gabinete.

E cai um pássaro, uma toutinegra, redonda no chão.

E então, Margarida Rebelo Pinto, há ou não há coincidências?



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