Get Even More Visitors To Your Blog, Upgrade To A Business Listing >>

Ford vs Ferrari (filme): carros, produção, bastidores

Um piloto fora da curva, um construtor de carros esportivos visionário e um fabricante de veículos arcaico se encontram num momento desafiante, centrado na icônica pista de Le Mans, em Ford vs Ferrari.

Drama americano de 2019, o filme Ford vs Ferrari une ação e aventura numa disputa emblemática em um dos episódios mais desconcertantes da indústria automobilística mundial.

De um lado, havia a Ford com seus milhões de carros feitos anualmente que, do ponto de vista de imagem, passavam longe de produtos realmente atraentes.

No outro, a Ferrari, com seus carros esportivos que conquistavam ano após ano, mais e mais consumidores, ainda que poucos, mas com uma imagem aspiracional verdadeira.

Com Golias e Davi observando-se ao longe, surgem as figuras de dois pilotos que mudariam para sempre essa história: Carroll Shelby e Ken Miles. A partir daí, Ford vs Ferrari muda da água para o vinho…

Ford vs Ferrari – detalhes

O filme Ford vs Ferrari surgiu para contar a história, ainda que hollywoodianamente romanceada, de Ken Miles, embora contada por Carroll Shelby, em meio à disputa que se deu em torno da Ferrari.

Interpretado por Christian Bale, Ken Miles é um piloto com características próprias de guiar e ajustar carros, sendo peculiar em suas ações.

Já Carroll Shelby, interpretado por Matt Damon, é um construtor de carros esportivos que já não pode mais pilotar, porém, tem visão para os negócios e, em especial, para as corridas.

Os dois, britânico e americano, respectivamente, se envolvem na disputa de poder e prestígio (pessoal, diga-se de passagem) entre Henry Ford II e Enzo Ferrari, interpretados por Tracy Letts e Remo Girone.

Contudo, na trama, a dupla de pilotos não entra nessa disputa por conta própria, pois o famoso executivo da indústria americana, Le Iacocca, interpretado por John Bernthal, convence Ford a levar Shelby e Miles para o embate.

No calcanhar-de-aquiles da dupla, no entanto, está Leo Beebe, então diretor de veículos especiais da Ford e assessor de relações-públicas.

Com a Ferrari vencedora nas pistas, em especial em Le Mans, a famosa prova de 24 horas, a marca de carros esportivos está em apuros financeiros no início dos anos 60.

Enquanto a Ferrari vence e vende bem, mesmo quebrada, a Ford tem problemas de imagem, apesar dos milhões de carros fabricados anualmente e de seu gigantismo.

Na trama, Henry Ford II exige uma solução para mudar a imagem da marca e vê na Ferrari a saída para ter presença vitoriosa nas pistas, afinal, o reflexo das conquistas nos circuitos refletia em imagem e vendas para qualquer marca.

No entanto, a Ford não tinha isso, sendo uma marca puramente genérica na visão de qualquer um. Ford II então negocia com Ferrari, dando-lhe 10% do negócio de fabricação de automóveis da marca, mas 90% da divisão de competição.

Com negócio orquestrado por Iacocca, Enzo exige autonomia nas pistas, mas a resposta negativa, o leva até a ofender executivos da Ford, encerrando assim as negociações de aquisição.

Naquela época, como já vimos aqui no Brasil na mesma década, a imprensa tinha um papel intrínseco nos rumos da história automotiva e a informação de compra da Ferrari por parte da Ford chegou até “Gianni” Agnelli.

Agnelli dispensa comentários, afinal, era o famoso dono da Fiat (e icônico presidente da Juventus de Turim) e, no filme, foi interpretado por Gian Franco Tordi.

Ao saber da informação, Gianni fez uma oferta irresistível para Enzo Ferrari, que aceitou e levou consigo o logo da Fiat para lugares onde nenhum dos populares da marca poderia sequer competir…

Furioso, Henry Ford II decide lançar a Ford nas pistas e, com atenção especial para Le Mans, onde a Ferrari já vinha de quatro vitórias.

Iacocca, então vice-presidente da Ford, só via uma solução para a marca emplacar nas pistas e essa era Carroll Shelby.

Cliente da Ford, Shelby já era famoso e havia ganhado em Le Mans, sendo o segundo americano a fazer isso, mas com a Aston Martin.

Inicialmente as condições da Ford não são favoráveis, mas Shelby acaba aceitando e impõe uma condição, levar Miles.

Todavia, Beebe diz que Miles não tem uma imagem que representa os valores da Ford e convence Ford II a impor pilotos famosos, como Bruce McLaren.

Após mais uma derrota em Le Mans, com o GT40, carro da Ford que foi desenvolvido por Shelby, este enfim consegue convencer Ford II a colocar Miles na equipe.

Miles, que acertou todo o desenvolvimento do GT40, vence as 24 Horas de Daytona e as 12 Horas de Sebring.

Em meio a conflito familiar, Ken Miles parte com a equipe de Shelby para Le Mans, onde a Ford também tinha outra equipe para competir.

No filme, Enzo Ferrari está presente em Le Mans, assim como Henry Ford II.

Num dos templos do automobilismo mundial, onde a Ferrari já havia vencido por cinco anos consecutivos com sua própria equipe e seis com seus carros, Ken Miles enfrenta Ludovico Scarfiotti com sua Ferrari 330 P3, que quebra durante a prova.

Beebe, quando vê a vantagem de Miles e as posições seguintes com mais dois carros da Ford, dá uma ordem – apoiada por Henry Ford II e Iacocca – para que se forme um trio de carros chegando na larga.

Contudo, o comissário da prova diz não ser possível dar a vitória para os três carros ao mesmo tempo, mas Beebe insiste em emparelhar o trio de GT 40 Mk II.

Dada a ordem, Shelby se irrita, mas como tem de aceitar, passa a responsabilidade para Ken Miles, que então aceita esperar por Bruce McLaren e Ronnie Bucknum, este último pela equipe Holman & Moody.

Os três carros passam emparelhados, porém, para critério de desempate da organização de Le Mans, McLaren foi considerado vencedor por percorrer um pouco mais do trecho do circuito que Miles.

Shelby e Miles não gostam do resultado, mas o piloto – que perde a chance da tríplice coroa por Daytona-Sebring-Le Mans – não recorre e a Ford leva a primeira de quatro vitórias em Le Mans.

Dois meses depois, Ken Miles testa o novo Ford GT 40 Mk IV para a temporada de 1967, quando um problema na transmissão, o fez perder o controle e capotar, causando sua morte.

Na trama, Shelby fica visivelmente abalado nos meses seguintes, buscando se aproximar da família de Miles.

Ford vs Ferrari – produção

Baseado na rivalidade Ford vs Ferrari, a produção do filme apoiou nas histórias de Ken Miles e Carroll Shelby, colocando-os como os heróis da trama, enquanto a Ferrari é a vilã – ainda que a Ford seja retratada não muito diferente…

A questão da rivalidade, contudo, só é apresentada de fato em Le Mans, visto que em Daytona a briga foi doméstica na Ford.

A figura de Iacocca como um homem de visão é destacada, assim como a de Shelby, com Henry Ford II e Leo Beebe colocados como produtos de uma indústria automotiva americana já arcaica e ineficiente em meados dos anos 60.

Vale destacar o papel de Christian Bale ao incorporar Ken Miles, um piloto “raiz” que segue seus instintos em vez de ordens, sendo um mestre no ajuste do carro e na busca de recordes, o que faz recordar certo piloto brasileiro tricampeão mundial de F-1…

Numa época em que muitos dos melhores morreram jovens, Ken Miles foi exceção apenas por conta da idade (47), mas brilhou por pouco tempo nas pistas, assim como McLaren e tantos outros.

Para recriar essa atmosfera, onde os pilotos de provas de resistência (e de qualquer outra da época) eram tanto habilidosos quanto corajosos, a 20th Century Fox deu a largada para o projeto em 2018.

Inicialmente, a ideia era realmente chamar a atenção da crítica americana com a dupla Tom Cruise e Brad Pitt, respectivamente como Miles e Shelby, o que daria um cachê milionário.

Com roteiro original de Jason Keller, a direção seria de Joseph Kosinski e com os irmãos Jez Butterworth e John-Henry Butterworth, como roteiristas.

Contudo, o Ford vs Ferrari acabou sofrendo um “facelift” na produção em julho de 2018, retornando o roteiro original de Keller, mas agora com James Mangold como diretor.

Definiu-se que, em lugar de Cruise e Pitt, entrariam Bale e Damon, fechando assim com elenco do filme, cujo enredo é discutível, visto que algumas cenas nunca ocorreram e outras foram mudadas, segundo especialistas.

Nessa altura, parte do elenco já tinha sido contratado e as filmagens começaram no final de julho, se estendendo por 67 dias em locações na Califórnia, Geórgia e França, na própria Le Mans.

O filme foi intitulado Ford v Ferrari nos EUA, mas na Europa era conhecido como Le Mans ’66, basicamente.

No Brasil, foi intitulado Ford vs Ferrari, com o “vs” como versus.

A produção usou vários carros clássicos para retratar a época, brilhantemente retratada e em especial Le Mans, transmitindo aquela atmosfera nostálgica dos tempos raizeiros, que hoje não vemos mais em prol da segurança e da tecnologia.

A Shelby Legendary Cars foi a responsável por fornecer os exemplares de Cobra e GT 40 vistos no filme, porém, também acrescentou peças, partes e carrocerias extras.

Foram fornecidos quase 30 carros da Shelby para o filme, fora outros tantos utilizados, como o Ford Mustang de seu próprio lançamento (no filme).

No caso da Ferrari, exemplares da 250 GTO também foram usados, mas na pista, a Scuderia Ferrari usou a 330 P3 – que era essencialmente um carro de corrida – em Le Mans, visto que as 250 foram utilizadas antes desse ano, ainda que o grid tivesse uma 250 LM, além de outros modelos da marca.

Várias réplicas foram construídas para correr apenas no filme, inclusive o GT40 Mk II de Miles, que tinha um V8 8.4 litros no lugar do original de 7.0 litros, mas também existiam carros reais em algumas cenas, sendo estes mais clássicos e praticamente impossíveis de replicar.

A produção também teve que improvisar e o Porsche 356A Carrera Speedster de 1957, que aparece no início com Shelby, nem deveria existir na história, pois, Carroll não andava de carro alemão.

O carro deveria ser um Aston Martin DB4, já que Shelby vencera em Le Mans pilotando um carro da marca inglesa e seria natural ele estar de posse de um exemplar do britânico.

Também aparecem carros como os Porsche 904 e 906, que antecederam ao monstro 917K, que venceu duas vezes em Le Mans após os GT40 da Ford, sendo este modelo o último carro americano que venceu a prova.

Um dos carros mais destacados era o de Ken Miles, dirigido também pela esposa dele, Molly, interpretada por Caitriona Balfe.

Tratava-se da perua Ford Country Squire 1960, porém, não se sabe exatamente qual era o carro de Miles.

Havia outros modelos, como Chevrolet Corvette, Ford Falcon, Porsche 911, por exemplo.

Com 152 minutos, Ford vs Ferrari estreou em 30 de agosto de 2019, tendo orçamento de US$ 97 milhões, mas arrecadou US$ 225 milhões.

O filme recebeu boas críticas e recebeu quatro indicações ao Oscar 2020, chegando a concorrer como Melhor Filme do Ano, mas vence nas categorias de Melhor Montagem e Melhor Edição de Som.

Ford vs Ferrari – carros principais

Ferrari 330 P3

A Ferrari 330 P3 foi a grande vilã no filme Ford vs Ferrari, pois, era o carro a ser batido por Miles, Shelby e a Ford toda, que apostava seu prestígio nas pistas diante de uma marca vencedora.

Com um V12 de 450 cavalos, a 330 P3 era muito rápido e alcançava 320 km/h, mas um incêndio em 1967, que destruiu um dos carros, encerrou sua carreira.

Ford Country Squire Wagon 1960

A perua dirigida por Ken Miles e sua esposa Molly era um modelo da quinta geração da Ford Country Squire Wagon, perua que teve sua produção por 41 anos nos EUA e em oito gerações até 1991.

Com pintura verde, tinha interior em madeira e um motor V8, que podia ter de 4.3 a 6.4 litros, além de um seis em linha 3.7 litros.

Ford GT40 1966

Foi o carro construído por Shelby e desenvolvido por Miles para atuar em várias categorias de resistência com motores V8 4.2, 4.7 e 4.9, mas para bater a Ferrari 330 P3, seu motor era um V8 7.0 de quase 500 cavalos.

Teve quatro versões com transmissões diferentes, sendo o modelo de 1966 icônico. Com a mudança de regras em 1968, o GT40 perdeu sua importância, mas ainda ganharia mais duas vezes em Le Mans, mas em equipe independente.

Ford Mustang 1964

Ícone dos pony cars e um dos últimos muscle cars atuais, o Ford Mustang 1964 aparece como grande lançamento da marca no filme, com Shelby discursando a contragosto num evento.

Apesar de ser o grande lançamento da época, o Mustang não era bem-visto porque a marca não tinha uma boa imagem, mas durou até hoje.

Porsche 356A Carrera Speedster 1957

Esse carro caiu de para-quedas no filme, pois, o Aston Martin exigido teria limitações impostas pelo dono. Foi o primeiro modelo da Porsche e um dos mais replicados da marca até hoje.

Tinha mecânica boxer traseira a ar e tinha carrocerias Coupé, Cabriolet e Speedster, a mais cultuada.

Shelby Cobra 1965

Principal modelo feito por Shelby, é um dos esportivos clássicos mais icônicos dos EUA e um exemplar azul foi dirigido pelo personagem do Carroll no filme.

Tinha um V8 427 de grande potência e no filme, Shelby sempre o dirigia agressivamente, com saídas de traseira e desvios rápidos de direção até a última cena…

Ford vs Ferrari – fotos



This post first appeared on Notícias Automotivas - Noticias De Carros, please read the originial post: here

Share the post

Ford vs Ferrari (filme): carros, produção, bastidores

×

Subscribe to Notícias Automotivas - Noticias De Carros

Get updates delivered right to your inbox!

Thank you for your subscription

×