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Ford Del Rey 1981-1991: versões, motor, ficha técnica

O Ford Del Rey nasceu em 1981 para uma missão quase impossível, substituir o icônico Ford Landau, que sairia de linha no ano anterior.

Derivado de um projeto que nasceu na francesa Renault e adaptado para a realidade da Ford brasileira, o Del Rey pode até ser crucificado pela missão atribuída, mas ele só refletiu o que existiu nos EUA.

Na mesma época, os grandes V8 estavam morrendo em carros médios americanos e substituídos por produtos menores, mais leves e com motores pequenos, geralmente de tração dianteira.

Então, foi exatamente isso o que aconteceu no Brasil com a chegada do Del Rey, que também originou a perua Scala, uma variante mais luxuosa da Ford Belina, derivada do Ford Corcel II.

Bem americanizado, o Del Rey se apoiou neste último para compartilhar a plataforma e usar o diminuto motor CHT 1.6, outro produto de origem Renault.

Ford Del Rey – detalhes

Tendo 4,498 m de comprimento, o Del Rey dispunha ainda de 1,676 m de largura, 1,345 m de altura e apenas 2,438 m de entre eixos, muito curto para um carro de seu porte, mas aceitável para a época.

Pesando pouco mais de uma tonelada, o novo sedã da Ford era muito mais leve o que o Landau, assim como era bem menor que o suntuoso sedã dos políticos da ocasião.

Isso se traduzia em um carro mais ágil para o dia a dia, especialmente em economia, com apenas dois anos da última Crise do Petróleo, que obrigou as montadoras a acabar com os “dinossauros” V8.

Tão certo foi que, morreram Landau, Dodge Charger, Dart e Ford Maverick por volta dessa época e carros menores e mais leves se davam melhor com a já não novidade, o álcool.

O Del Rey imediatamente pegou o motor 1.6 (ainda não era o CHT) e bebeu da cana do interior paulista, entregando 69 cavalos a 4.800 rpm e 12,4 kgfm a 2.800 rpm.

Com câmbio de cinco marchas — aquele que não se tira com o eixo piloto… — o Del Rey tinha desempenho pífio, indo de 0 a 100 km/h em 21,6 segundos eternos e 139 km/h.

O baixo desempenho o acompanharia do berço até 1989, quando o sedã executivo da Ford se beneficiou grandemente da Autolatina, ganhando o motor AP 1.8 com 87 cavalos na gasolina e 14,3 kgfm de torque.

A Ford nunca utilizou nele, por exemplo, o motor CHT Fórmula, o 1.6 do Ford Escort XR3, que tinha em seu melhor ano, 86 cavalos com etanol (número da época).

Todavia, o sedã de bom acabamento em tecido de qualidade, vidros elétricos nas quatro Portas de série (o primeiro nacional), direção hidráulica, ar condicionado, retrovisores elétricos e vidros verdes, ganhou um conforto a mais.

Em que ano foi lançado o Ford Del Rey? Em 1981. Logo depois, em 1983, o Del Rey recebeu transmissão automática de três marchas, oriunda da Renault, importada, pois era a única que cabia no sedã da Ford.

Com painel tendo cluster analógico bem completo, volante de dois raios agradável, relógio digital no teto com data e luzes de cortesia, o Del Rey proporcionava uma viagem calma e agradável.

O espaço atrás não era dos melhores, mas os bancos confortáveis compensavam a deficiência do projeto, que ainda entregava um porta-malas mediano, com 343 litros.

Nele, aliás, o bocal do combustível ficava atrás da placa e o estepe era em pé, mas a abertura elétrica e o fechamento permitiam apenas tocar a tampa para travá-la, diferente de outros que precisavam bater…

A suspensão macia do Del Rey era um tributo aos carrões da década anterior, garantindo assim mais conforto aos exigentes e uma experiência mais “americana” que os alemães da VW ou os italianos da Fiat.

Era navegar no seco, com um rádio toca-fitas durável e sonoridade suficiente para os quarentões mais sóbrios.

No ano de 1985, o Del Rey ganhou uma repaginação na frente, deixando-o com linhas mais fluidas e já sem as tais versões básica (“Prata” foi invenção do povo) e Ouro.

A versão mais desejada e pouco alcançada por quem podia ter carro zero km desse porte naquela época, foi a Ghia, que trazia o escudo do estúdio italiano, o mesmo da Karmann-Ghia, mas de propriedade da Ford.

Mais bonito, ainda que o original tenha seu brilho com as rodas de liga leve que perdeu para simples rodas aro 14 de aço com calotas metálicas, o Del Rey seguiu seu curso até 1987, quando recebeu uma nova versão do câmbio automático francês com gerenciamento eletrônico.

O motor CHT 1.6 conseguia com etanol, pouco mais de 73 cavalos na época e isso era o que o sedã podia oferecer com a perua Belina ao lado, uma vez que a Scala morrera anos antes.

Limitado pelo motor, pelo menos os números baixaram e o consumo melhorou, até mesmo com o câmbio automático, mas sempre usando etanol nessa época, ainda que as versões a gasolina existissem raramente.

Com freios a disco ventilados na frente, quando muitos ainda usavam discos sólidos, o Del Rey era simplesmente um luxo, com luzes de leitura e para-brisa degradê.

Sem o Corcel II, que morrera no “ano das perdas”, ou seja, 1986, o Del Rey desceu até o chão com versões L e GL, tendo ainda a GLX.

Contudo, apenas a Ghia tinha tudo e a opção de câmbio automático, assim como um dia fora do Del Rey Ouro, designação que combinava mais com a cidade que lhe emprestou parte do nome, nas Minas Gerais.

Então, em 1989, o Del Rey foi agraciado com a coroa da performance, recebendo o motor AP 1.8 da VW, considerado até hoje, o melhor motor já feito aqui.

Imediatamente o sedã da Ford passou a andar como gente grande, medindo forças com VW Santana 1.8 e Chevrolet Monza 1.8, porém, seu tempo havia acabado e ele já estava fazendo hora extra.

A Ford até que tentou criar um sucessor doméstico para assumir seu posto, porém, desistiu do intento e assimilou o Santana, criando assim o desinteressante Ford Versailles.

Assim, após uma década, o Del Rey deixou as linhas de Taboão em 1991 com a perua Belina, sem nunca ter tido, por exemplo, tração nas quatro rodas como a Ford Pampa.

Também passou a maior parte da vida sem um motor decente para sua posição e teve a sorte (azar dos compradores) de não ser substituído pelo Ford Sierra argentino, que tinha motor 2.3 de 120 cavalos feito em Taubaté…

Ford Del Rey – versões

  • Ford Del Rey 1.6 2 portas
  • Ford Del Rey 1.6 4 portas
  • Ford Del Rey Ouro 1.6 2 portas
  • Ford Del Rey Ouro 1.6 4 portas
  • Ford Del Rey Ouro 1.6 automático 2 portas
  • Ford Del Rey Ouro 1.6 automático 4 portas
  • Ford Del Rey L 1.6 2 portas
  • Ford Del Rey L 1.6 4 portas
  • Ford Del Rey GL 1.6 2 portas
  • Ford Del Rey GL 1.8 2 portas
  • Ford Del Rey GLX 1.6 2 portas
  • Ford Del Rey Ghia 1.6 2 portas
  • Ford Del Rey Ghia 1.6 4 portas
  • Ford Del Rey Ghia 1.6 automático 2 portas
  • Ford Del Rey Ghia 1.6 automático 4 portas
  • Ford Del Rey Ghia 1.8 2 portas
  • Ford Del Rey Ghia 1.8 4 portas

Ford Del Rey – equipamentos

Ford Del Rey L – Motor 1.6 e câmbio manual de cinco marchas, mais rodas de aço aro 13 polegadas com pneus 185/70 R13, calotas integrais, para-choques pretos, retrovisores pretos, vidros manuais e travas manuais.

Retrovisores externos sem controle interno, bancos em tecido, portas com revestimento em tecido, trava de segurança nas portas traseira, vidros traseiros basculantes, limpador com duas velocidades e lavador.

Ventilador com três velocidades, volante de dois raios, buzina na haste, direção de assistência mecânica, freios dianteiros com discos ventilados, alças no teto, para-sois com porta-documento e bancos dianteiros com encostos rebatíveis.

Retrovisor externo do lado esquerdo, porta-malas com abertura pela chave, pré-instalação para som, porta-luvas com chave, cinzeiro, extintor de incêndio e revestimento em carpete.

Ford Del Rey GL – Itens acima, mais motor 1.6 ou 1.8 litro, vidros verdes, vidro térmico traseiro, para-brisa degradê, relógio, ar quente, retrovisor externo do lado direito, retrovisores externos com controle interno e retrovisor interno dia e noite.

Rádio AM-FM, alto-falantes, antena manual, frisos cromados nos para-choques e acendedor de cigarros.

Ford Del Rey GLX – Itens acima, mais direção hidráulica, ar condicionado (opcional), vidros elétricos dianteiros e traseiros, travamento central elétrico, rádio toca-fitas, antena elétrica, frisos cromados, rodas aro 14 polegadas e pneus 195/60 R14.

Painel com conta-giros, relógio digital, porta-malas revestido em tecido e padronagem melhor do acabamento.

Ford Del Rey Ghia/Ouro – Itens acima, mais câmbio automático (opcional), faróis de neblina, rodas de liga leve ou aço com calotas, abertura elétrica do porta-malas, voltímetro, manômetro do óleo, retrovisores externos com controle elétrico e lavador de faróis (Ouro).

Banco traseiro com apoios de cabeça e apoio de braço central, acabamento em veludo e opção de transmissão automática de três marchas com conversor de torque.

Ford Del Rey – motor

O motor 1.6 do Del Rey era de origem Renault, proveniente do projeto Cléon-Fonte, que surgiu nos anos 60 na França e equipou carros da marca francesa e de outras.

Ele foi obtido através da compra pela Ford da Willys Overland do Brasil, que produzia aqui carros de origem Renault, como Gordini e Interlagos, por exemplo.

Sem adaptações da Ford, ele foi introduzido no Corcel I em 1968, ainda com versão 1.3 litro e depois 1.4 litro, bem como o 1.6 litro mais tarde, sendo basicamente o motor do Corcel II.

Derivado deste último, o Del Rey herdou o Cléon-Fonte 1.6 com seu bloco de ferro fundido, onde ficava também o comando de válvulas,a engrenagem do distribuidor e a bomba de óleo.

O comando do bloco era acionado por corrente lubrificada, que exigia a troca do kit em certo tempo, acionando ele varetas até as válvulas no cabeçote de alumínio, por meio de balancins.

A câmara de combustão tinha baixo turbilhonamento e as entradas de admissão e saída de escape, ficavam no mesmo lado, com coletores sobrepostos, sendo o de escape de ferro.

Alimentado por carburador de corpo duplo e injetor elétrico de gasolina para partida a frio com álcool, o 1.6 Cléon-Fonte acionava a ventoinha do radiador diretamente.

Em 1983, a Ford fez melhorias no francês, rebatizando-o de CHT ou High Turbulence Combustion ou Compound High Turbulence.

O cabeçote foi modificado para criar maior turbulência na mistura ar-combustível, de forma a obter melhor queima.

Com isso, a potência com álcool passou de 69 cavalos a 4.800 rpm para 73,3 cavalos a 4.800 rpm, enquanto o torque passou de 12,4 kgfm a 2.800 rpm para 12,8 kgfm a 2.400 rpm.

O ganho em potência e torque ajudou a melhorar os números de desempenho e economia.

A mudança para CHT propiciou a chegada da transmissão automática de três marchas com conversor de torque, também de origem Renault.

Em 1987, o CHT E-Max recebeu melhoramentos e o propulsor de 1.555 cm³ ficou mais econômico, sem mudanças em potência e torque.

Assim, o Del Rey chegou a ganha prêmio de economia, tendo consumo na estrada de até 17,1 km/l de gasolina.

Na mesma época, o câmbio automático recebeu assistência eletrônica, tornando o sedã da Ford mais moderno.

Já em 1989, como modelo 1990, o Del Rey ganhou o motor VW EA827 na versão AP-1800.

Esse propulsor de origem Audi a terceira evolução do motor que chegou no Passat, tendo 1.781 cm³ e comando de válvulas no cabeçote, tendo duas por pistão, como no CHT.

Substituindo o CHT, o AP 1.8 era bem mais moderno, ainda que originalmente o projeto também fosse dos anos 60.

Ele entregava 87 cavalos a 5.200 rpm e 14,3 kgfm a 3.000 rpm, sendo oferecido com transmissão manual de cinco marchas.

Ford Del Rey – desempenho e consumo

O Del Rey tinha desempenho fraco desde o início, com aceleração de 0 a 100 km/h em 21,6 segundos e com final de 139 km/h.

Já com o CHT, o sedã fazia o mesmo em 18,2 segundos no manual e 18,5 segundos no automático, com finais de 148 e 142 km/h, respectivamente.

No caso do 1.8, ele precisava de 13,9 segundos e tinha final de 156 km/h.

Em consumo, o 1.6 original fazia 6,5 km/l na cidade e 10 km/l na estrada, com etanol. Já o CHT tinha consumo de 6,7/8,1 km/l na cidade e 9,0/11,2 km/l na estrada, respectivamente e com álcool.

Por fim, o Del Rey 1.8 fazia 9,2 km/l na cidade e 13,8 km/l na estrada, ambos com gasolina.

Ford Del Rey – história

Fabricado em São Bernardo do Campo, na extinta fábrica de Taboão, que um dia foi da Willys Overland do Brasil, o Del Rey surgiu para ser fabricado durante 10 anos.

Seu projeto baseado no Corcel II aproveitava o DNA do Renault 12, que deixou marcas intrínsecas no Del Rey, tais como as rodas com três parafusos, o motor com comando no bloco e o câmbio, especialmente o automático.

Esse híbrido nacional tinha muito de Renault em sua essência, mas como não tínhamos a francesa ainda — apenas nos anos 90 — e a Argentina parecia um mundo distante dos que não moravam na fronteira, então, o brasileiro não percebeu o parentesco.

Com linhas mais próximas de um sedã tradicional, diferente do Corcel II com suas colunas bem inclinadas, o Ford Del Rey trouxe de volta as quatro portas perdidas com o Corcel I.

Contudo, manteve a opção de duas portas enormes, comum ao Corcel II, já que o consumidor brasileiro da época, adorava esse tipo de opção no mercado.

Ford Del Rey – fotos



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