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Sim, Passaporte Poderoso Mas Morre a Portugalidade


Eu já fui emigrante em várias partes do mundo e por onde passei tentei integrar-me: aprendia a língua, observava o modo de ser dos locais e adaptava-me não falando português em locais públicos senão em minha casa. Confesso que fui feliz em todo o lado e embora nem tudo corresse de feição não me atrevia a responsabilizar os donos do países, nem o meu pensamento desenhava acções indignas nem maléficas por que as coisas são o que são; e no fim de contas, eu era uma “convidada” daquele sítio - e por tal tinha que me guiar pelas regras e costumes de tal nação.

Um Passaporte Poderoso

Portugal está radiante porque o seu passaporte é o quarto mais poderoso do mundo. Sim, conheço a explicação para tal facto: é um documento que dá acesso a mais de uma centena de países sem necessidade de visto. Grande conveniência, mas para além desta abstracção que quer isto dizer em termos de Portugalidade? Honestamente, não quer dizer o que quer que seja, visto que as armas do documento em causa são profanadas em cada amostragem; este documento é utilizado por gente que o adquiriu ilicitamente por €7.000 numa qualquer esquina em África; é portado por um qualquer subversivo com ideias vis e é usado por qualquer um sem alma portuguesa.

O Que é Alma Portuguesa?

  • Saber, sim saber, a coragem e os nervos de aço de D. Afonso Henriques
  • Visualizar o sacrifício do povo português quando se entregou à morte para fundar este país, quando partiu para o desconhecido pelo mar adentro para conquistar o desconhecido; quando mais uma terceira vez morreu pela pátria para preservar um império em derrocada 
  • Sentir o sofrimento da mulher portuguesa (avó, mãe, esposa, filha e neta) quando perdia o ente-querido para a guerra ou para a polícia política
  • Definir o indefinível: a Saudade 
  • Saber que por Portugal, os homens, as mulheres e os jovens “Entre os canhões marchar marchar...” e os seniores guardarão as crianças em segurança: o povo é indomável e a Portuguesa é o seu lema.
O país está à cunha de gente que durante nove anos vão transformar a vida dos indígenas num inferno (carestia de vida) e também de uma vez por todas perderemos as faculdades de falarmos a nossa própria língua, porque se acha uma graça tremenda quando a estrangeirada conjuga mal os verbos e diz erroneamente as palavras.

Por exemplo:

  1. Um chefe alemão disse “didratado”, na televisão em horário nobre, e o repórter foi incapaz de o corrigir dizendo “desidratado”
  2. Os brasileiros em Portugal repetem constantemente “na Itália, na Espanha, na França...” e qual o meu espanto quando na rubrica Porquê da TVI oiço Miguel José Júdice dizer “na Itália” em vez de “em Itália”
  3. A outra dos imigrantes brasileiros “iguinoranti” em vez de “ignorante” 
  4. O Cristiano Ronaldo recusa-se a aprender a conjugar o Futuro Simples ficando-se sempre pelo “vou fazer, vamos fazer...” 
  5. O afilhado duma parente minha disse “madrinha, tu conduze-o”
  6. A minha vizinha a reportar-me uma ocorrência disse “a gente falamos com a ….”
  7. Os imigrantes das ex-colónias (por mais que se corrija) metem o 'lhe' em tudo “eu lhe peguei/ agarrei; eu vi-lhe na universidade; etc...” 
  8. Inshallah, esteja eu em Portugal para ver como os migrantes modernos das arábias influenciarão os portugueses. 

Uma Economia Menos Poderosa

Visto que o deficit está salvando a pátria, a economia está às mil maravilhas. Só que a água, a luz e o gás estão pela hora da morte; e findos trinta ou quarenta anos de trabalho há quem receba de pensão entre €250 e €600. Àqueles que por nunca terem contribuído atira-se uma esmola de  €169.

Ah, lembram-se daquele esquerdista que ganhou o prémio Nobel da Economia chamado Paul Krugman, que no auge da crise de 2008/2012 esteve em Portugal para ganhar umas massitas à custa dos pedantes portugueses? E da senhora Christine Lagarde, lembram-se? Vejam só que no auge da crise não se podia aumentar os salários aos trabalhadores portugueses senão a economia iria para o brejo.

Agora, em Fevereiro de 2018, a madame Lagarde diz que se Portugal aumentar os salários perderá a competitividade e obviamente a economia - o deficit e tudo de bom que se alcançou até ao momento retrocederá.

Os políticos gostam desta conversa porque é uma maneira de ver a sua falta de criatividade - para resolver um problema premente que aflige os trabalhadores - validada pelas altas esferas. Os empresários adoram e agradecem, pois é uma maneira de fugirem da responsabilidade ético-social nas reuniões de concertação social - afinal os entendidos da disciplina que trata da redistribuição já tudo disseram.

Se a economia não foi para o brejo, se Portugal mantém a sua competitividade; porque carga de água os trabalhadores portugueses são os mais mal-pagos dos PIIGS?

Li aqui que o Eurostat diz que considerando o 13º e o 14º meses, o salário mínimo em Portugal é €650. Vejam que o salário mínimo é na verdade €557 mensais, mas para a sobrevivência dos governos, políticos, funcionários públicos e esquerdistas governamentais que compõem a UE, manipulam-se descaradamente os números, falseia-se a informação e o zé povinho continua a pagar para alimentar pançudos engravatados.

Vamos fingir que acreditamos no Eurostat: um jovem que ganhe o dito salário de €650, se quiser alugar uma casa nos subúrbios, pagará por um T0 cerca de €450, alimentação €80, água+luz+gás=€100, passe €40; e pronto fica a vermelho com -20€. Pá, este jovem só tem duas hipóteses se quiser sobreviver, ou (que loucura) poupar algo ao fim do mês: ou permanece na casa dos pais ou aluga um quarto de €280...Chiça, já me sinto deprimida.
 
Até para a semana

(Imagem: Coração de Viana em moeda)

[As opiniões expressadas nesta publicação são somente aquelas do(s) autor(es) e não reflectem necessariamente o ponto de vista do Dissecting Society (Grupo ao qual o Etnias pertence). © 2009-2018 Autor/a(es/as) TODOS OS DIREITOS RESERVADOS]


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