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Reportagem: Liga multinacional?

REPORTAGEM: Uma Liga portuguesa? Ou multinacional?

O FC Porto ganha em Dublin. Jorra o champanhe, festeja a Liga Europa e saboreia o gosto da conquista. Os Jogadores portistas saltam, correm, sorriem, tiram fotografias. Mil e um abraços, obrigados ao público, uma alegria imensa em cada um deles. Juntam cachecóis, envolvem-se em bandeiras e enviam mensagens para casa. Para a América, para África, para outro extremo da Europa. Bandeiras do Uruguai, da Colômbia, de Cabo Verde e, até, da Madeira. De Portugal, zero. E, no entanto, o vencedor foi um clube português. Melhor: os dois finalistas saíram de Portugal. E nenhum lá colocou uma bandeira, uma marca, um símbolo.

A imagem de Dublin, na final da Liga Europa, é perfeita para mostrar como está actualmente o futebol português. Outro exemplo foi dado há pouco tempo, já nesta temporada, no jogo do Benfica com os turcos do Trabzonspor, na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões: um onze, uma equipa, várias nacionalidades e nenhum, nem um único, representante português. Jorge Jesus encolheu os ombros, viu o caso com naturalidade, algo que é como é e não vale a pena questionar. Porque, disse o treinador, é um efeito da globalização. Não há barreiras e todos circulam. Os portugueses jogam no estrangeiro e os estrangeiros jogam em Portugal.

Uma equipa portuguesa que joga sem portugueses deve ser criticada? O tema é vasto, pode ser encarado de diversas formas e as opiniões são distintas. Há, por certo, quem aponte, como Jorge Jesus, a globalização como explicação e, por isso, tudo bem, nenhum problema, é a coisa mais natural. Outros, mais cépticos, defendem, como os principais organismos já discutiram, a criação de um sistema que limite o número de estrangeiros por cada plantel – porque há jogadores nacionais com valor e porque a selecção sai sempre prejudicada. Esta é, porventura, a tese com mais força.

Na próxima edição do campeonato português, mais de metade dos jogadores inscritos são estrangeiros. Os sul-americanos dominam: Brasil, Argentina, Uruguai, por exemplo, têm uma larga percentagem de representantes em Portugal. Actualmente, é visível, até, uma mudança de política no Sporting, depois de anos a fio recorrendo a jogadores provenientes da formação do clube. Feirense, Vitória de Setúbal, Gil Vicente ou Rio Ave são os clubes que se distinguem pelo facto contrário e apostam em jogadores portugueses, sobretudo jovens, abrindo caminho à progressão das suas carreiras. E um dado curioso: os dezasseis treinadores são portugueses. Faz confusão?

Pedro Henriques: “Deve limitar-se este exagero”

Pedro Henriques, antigo jogador profissional e actual comentador, olha para esta realidade com tristeza. A razão de ser, no seu entendimento, é simples: “Os clubes optam por jogadores estrangeiros porque é necessário comprar, já que a chamada “máquina” precisa de dinheiro para funcionar e é nas transferências que o dinheiro é movimentado.  Daí a especial apetência para a América do Sul, onde os valores de transferência são sempre fáceis de trabalhar“. Mas a selecção, refere, fica prejudicada, “devido à escassez de seleccionáveis”.

Na opinião de Pedro Henriques, não raras vezes, chegam a Portugal jogadores de qualidade duvidosa: “Claro que alguns valem a pena, mas existem jogadores portugueses que, se lhes fossem dadas as mesmas oportunidades, também seriam casos sérios no nosso futebol”, diz. Só que o negócio ganha destaque, ultrapassa a vertente desportiva e é prioridade. De acordo com Pedro Henriques, “um jogador português, normalmente da formação, não movimenta verbas aliciantes aos vários intervenientes nessas operações” e isso justifica a aposta noutros mercados. “É uma galinha dos ovos de ouro”, atira.

Importa, por isso, pensar em novas estratégias, em novas formas de actuar e de não possuir um completo sistema de porta aberta  que torne os campeonatos, como o português, o inglês ou o cipriota, marcados por múltiplas nacionalidades. Para Pedro Henriques, “os sindicatos de jogadores e treinadores, a Federação Portuguesa de Futebol, a Liga e antigos jogadores com ligação aos seus clubes deveriam juntar-se para debater ideias e regras que, de certa forma, limitassem este exagero, tentando criar um número mínimo de jogadores portugueses”. É uma ideia. Possível ou utópica?




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