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Violência doméstica: eu fui vítima.

Heeeeeey, meninas e meninos! Como vão vocês? Eu estou ótima!
Hoje vou abordar um assunto tabu, que tem se tornado cada dia mais comum na vida de muitas mulheres, infelizmente, que é a violência doméstica.
Muitos de vocês já devem ter escutado, ou até mesmo presenciado uma agressão a mulher, quando eu falo de agressão falo de todos os tipos, agressão verbal, física e até psicológica (que é a pior de todas, eu te garanto).

Diariamente nos deparamos com relatos em que uma mulher foi morta, ou apanhou do marido, companheiro, principalmente quando nós falamos de ex.
Se você está se questionando se por um acaso eu já passei por isso, sim, eu sofri violência doméstica por 5 longos anos, principalmente após ter meus filhos mais velhos. O agressor? Era meu marido, e pai das crianças.
Vou falar um pouco sobre a minha experiência.
Aos meus 16 anos eu reencontrei um antigo namoradinho da época de escola, ele foi minha primeira paixonite. Nos reaproximamos, e nisso engatamos um relacionamento, como diz minha avó: no começo tudo são flores. Nós éramos o casal perfeito, ríamos o tempo todo, estávamos sempre juntos, eu vivia cantarolando enquanto ele tocava violão. E um dia eu tive a certeza, era amor, pelo menos na minha cabeça era amor. Mas nós já estávamos passando por algumas situações em que ele demonstrava ser obsessivo no 4, 5 mês de namoro. Eu achava normal, achava que era só ciúmes.
Após mais ou menos 10 meses de namoro, eu descobri que estava grávida, nossa foi uma alegria imensa. Após alguns dias dessa descoberta veio a primeira surra, ele me jogou no chão do corredor de onde morava e tentou pisar na minha barriga. A família dele sempre me considerou a errada da história, se ele tinha me batido era porque eu tinha feito por onde… Nesse dia eu gritei: você vai matar nosso filho!”
O que era segredo tinha vindo a tona, ele ficou furioso pois não queria que ninguém soubesse. A avó dele me respondeu: “Leva essa peste de criança pro inferno, dá essa criança faz o que quiser, mas não chega mais no portão da minha casa.”
Eu me afastei, mas por pouquíssimo tempo, eu achava que o problema era comigo e que eu devia dar uma chance para que ele mudasse. Eu apanhei durante quase os nove meses de gestação.
Infelizmente, não acabou por aí, eu engravidei novamente durante a troca das pílulas, entrei em desespero, eu não queria ter outro filho. Eu já tinha passado por muitas coisas, muitas surras, e ficava cada dia pior.

Chegou ao ponto dele não me deixar fumar na janela de casa (sim, eu fumei na gestação, mas não sabia que estava grávida), eu não podia ficar muito tempo na minha mãe, não podia usar roupas femininas, arrumar o cabelo então, nem pensar! Se ele chegasse e não tivesse comida feita, eu apanhava… Todos os dias quando estava perto da hora dele chegar em casa, eu passava mal, chorava, ficava febril. Minha bebê, a Stella, nasceu, e após 2 semanas ele me bateu, como ele mesmo disse, a frescura dos pontos estourarem já tinha passado. Nesse dia ele me bateu e me forçou a ter relações sexuais com ele… Eu apanhei várias vezes em um curto período, com 1 mês e 15 dias o meu leite havia secado, por eu ter passado nervoso, eu nem sabia que isso era possível. Ele costumava usar o meu ponto fraco para fazer o que bem entendesse comigo, ou eu fazia o que ele queria, ou ele matava nossos filhos. Pouco tempo depois nos separamos.
Quando a Stella tinha 1 ano, ele voltou a me procurar e me ameaçar. Ele veio até a minha casa com uma faca enorme, e avançou em mim. Eu estava com o Tavinho no colo, minha única reação foi trancar o quarto onde a Stella estava dormindo, e correr para pedir ajuda. Ele se trancou no banheiro e eu liguei para a polícia, ele estava tentando nos matar. Meus filhos presenciaram todas as agressões, e o Tavinho tem essa imagem na lembrança até hoje. E se pensam que eu tive apoio, estão enganados, muitas pessoas chegaram a falar que eu havia estragado a vida dele, como se ele não tivesse estragado a minha.

Eu nunca fui tão humilhada em toda a minha vida como fui na delegacia enquanto esperava para fazer o B.O, os policiais riam falando que eu tinha mel, que eu devia ser a melhor na cama (as palavras não eram essas, eram piores). A prisão foi em flagrante, mas durou pouco tempo, mas eu estava protegida, eu tinha um documento comprovando que ele não podia se aproximar, não adiantou, ele foi solto, teve direito a responder em liberdade e veio atrás de mim. Me ameaçou, disse que caso eu não mudasse o depoimento seria a minha família quem iria sofrer, e me jurou que me deixaria em paz.
Eu morria de medo dele, e fiz o que pediu, retiraram a medida, ele foi solto, e absolvido. Como mais nada podia o impedir, ele veio aqui de novo. E mais uma vez eu apanhei dele. Infelizmente a lei Maria da Penha não funcionou para mim, assim como não funciona para muitas mulheres.

A legislação brasileira não nos protege como está previsto, e hoje eu sou mais uma nas estatísticas que tem medo de sair na rua e ser morta por um louco que não conseguem conter. A lei Maria da Penha é falha, eles só dão a devida atenção quando vira um feminicídio. E aqui fica a pergunta: Será que é necessário esperar mais uma mulher morrer para se tomar as devidas providências? Por isso hoje em dia eu posso falar, todas as mulheres precisam do feminismo, eu preciso do feminismo!

Desculpem o texto longo, mas nós não podemos ficar caladas, de braços cruzados, nós temos direitos que devem ser respeitados. Essa é a minha história.
Se você souber de alguma mulher que está passando por uma situação parecida ligue para o número 180, é garantido o seu anonimato e você pode estar salvando uma vida. E para você que passa por isso: não tenha vergonha, o problema não é com você, eu te garanto, peça ajuda, você não está sozinha nisso.

Beijinhos e até o próximo post.

Prii Silva




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