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UFPA: Jan-Hinrik Schmidt vai discutir em Belém redes sociais e democracia digital

Nesta quarta-feira (16), às 9h, no Auditório do Instituto de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Pará (UFPA), será realizada a palestra do Dr. Jan-Hinrik Schmidt (Instituto Hans Bredow para Pesquisa sobre Mídia da Universidade de Hambugo) que falará sobre “O paradoxo da participação: as mídias sociais e a participação no espaço público” e eu terei a honra de ser o debatedor.

O palestrante está em Belém à convite da Casa de Estudos Germânicos em parceria com a Pró-Reitoria de Relações Internacionais da UFPA e no dia seguinte estará na Bahia para participar do II Simpósio Internacional Brasil-Alemanha sobre Política e Internet organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia (PósCom-UFBA).

O evento é aberto ao público, a entrada é franca e os meus alunos da Estácio FAP já foram “obrigados” a estar lá. Para quem não sabe onde fica, o auditório do ICJ fica perto do terminal do último portão da UFPA. Descendo do busú, vai pro lado esquerdo do portão até encontrar um prédio novo e todo envidraçado. A palestra será em inglês, mas vai rolar tradução simultânea.

Mais informações: 3201-7658 / 3201-7795 / [email protected].

Quem quiser conhecer mais a respeito, pode assistir esta entrevista excelente do Dr. Schmidt – mas só se entender alemão:

Não entendeu nada, né? Nem eu. Então vai a tradução resumida de um artigo publicado por ele em 2012 que aborda os temas que serão apresentados na palestra:

A Rede Democrática?

Jan-Hinrik Schmidt

Tradução resumida de um artigo publicado em Aus Politik und Zeitgeschichte 7/2012, p. 3-8: Sabine Reiter

Nem todos dividiam a euforia expressa pelo então presidente da França Nicolas Sarkozy nas vésperas da cúpula G8 em maio de 2011, uma cúpula que pela primeira vez tinha como tema o papel da internet na política, economia e sociedade. Segundo Sarkozy, a internet conseguiu passar o conhecimento para o maior público possível, fortalecer a democracia e os direitos humanos, reivindicou uma maior transparência de governos e fez pessoas oprimidas em alguns paises (no norte da África) levantar a voz. Para alguns jornalistas críticos, porém, a euforia dos G8 lembrava a “senhores coloniais da internet” em busca de controle e lucro nesse novo mundo.

Essa recepção diversificada da cúpula do “eG8” levanta questões centrais sobre o atual desenvolvimento da mídia de tecnologia digital: qual é o papel das redes digitais de mídia nos processos políticos e na coesão social? De que modo apoiam estruturas de participação e de que modo criam e consolidam desigualdades e marginalização social? Afinal: A internet é um meio democrático? Estas questões precisam ser discutidas em relação às mudanças atuais no conceito de “público”.

Quando no início dos anos 1990 a internet saiu do seu uso exclusivo no meio acadêmico e militar, o objetivo declarado foi a criação de uma infraestrutura central para uma sociedade de informação. Já naquela época esperava-se também que através dela e com o acesso mais igualitário à informação e a criação de redes sociais podiam surgir discursos democráticos.

Com o termo da “Web 2.0” expressa-se a idéia de que a internet tivesse entrada em uma nova fase de desenvolvimento. Inovações tecnológicas e plataformas como facebook, youtube, wikipedia e twitter prometem novos campos e modelos para negócios e sugerem uma mudança sócio-cultural fundamental. A internet atual transformou-se em uma rede social.

Com o avanço das redes sociais nos últimos 5 anos que deu para as pessoas individualmente a oportunidade de se apresentar aos outros e pesquisar informações diversas. Foi criado um novo tipo de público, o “público pessoal” que se distingue do público da mídia publicitária: Por um lado as informações públicas são escolhidas através do critério de relevância pessoal, por outro lado a rede dos contatos é personalizada. Além disso, a comunicação está mais direcionada a uma interação dialógica.

A mídia publicitária continua selecionando e divulgando as informações socialmente relevantes, mas em seguida são discutidas nas redes sociais que têm um papel importante na formação de uma opinião pública. Usuários de rede podem se posicionar politicamente diante de um público extenso e atores políticos como partidos e ONGs não necessitam da divulgação jornalística, criando próprias ofertas de comunicação para seus públicos-alvo.

Às redes socias contribuem então não só os públicos pessoais como também comunicadores profissionais. Um outro aspecto é que os papéis de remetente e destinatário se mesclam na internet, os fluxos de informações são dinâmicos e contínuamente atualizados.

O impacto dessas estruturas e desses mecanismos do público baseado na internet para a comunicação política ficou muito claro na “primavera árabe” e forjou a nova expressão da “revolução facebook”. Não é novidade que as tecnologias da mídia sempre tiveram um papel importante no decorrer de protestos políticos: o começo da imprensa, panfletos e caricaturas formavam a opinião pública na revolução francesa. E na revolução iraniana de 1979 os rádios e gravadores de fita K7 divulgaram os conclames dos líderes religiosos. Hoje, porém, um público bem maior dispõe da nova tecnologia de mídia: celulares e câmeras digitais gravam manifestações e ataques à população civil e as redes sociais divulgam essas imagens quase instantemente e com efeito cascata. E até meios publicitários utilizam essas informações.

Mas isso justifica chamar a internet de democrática ou até democratizante? Certamente as redes sociais não eram a causa dos protestos, essa era o desemprego na joventude, a corrupção ou um aumento nos custos de vida que em proporções diferentes existiam nesses países árabes.

Além disso a televisão também foi uma importante fonte de informação com o contraste entre os programas de controle nacionais e a emissora transnacional de Al-Jazeera. Ainda tinha a comunicação interpessoal através de celular e email mas essa podia ser interrompida mais facilmente por parte do governo como aconteceu na Egito.

Um outro argumento contra o efeito democratizante da internet é o fato que não se divulgam somente discursos democráticos. Discursos radicais aproveitam-se da falta de controle na internet.

Em geral pode-se observar que os meios digitais frequentemente vêm sendo usuados para fins políticos. Um exemplo foi a primeira campanha eleitoral de Barack Obama em 2008. Nessa, ele se servia de plataformas digitais inovadoras para construir redes de seguidores.

Em 2009, na campanha eleitoral para o governo alemão, essa tecnologia não foi usada do mesmo jeito devido ao fato que os partidos na Alemanha já dispõem de uma rede de apoio que organiza o trabalho político de base. Ao mesmo tempo, a Alemanha tem um regulamento de proteção de dados pessoais que não permite acumular bancos de dados tão detalhados sobre potenciais eleitores como nos Estados Unidos.

O debate sobre as consequências dos meios digitais para participação política está ainda no começo em um aspecto crucial: Se a mídia social é um espaço para comunicação no qual se formam públicos interligados por redes sociais, também precisa-se pensar em como esses públicos podem participar do desenho e desenvolvimento desse espaço. Por enquanto os arquitetos desses espaços são principalmente os organizadores de plataformas e os programadores de software. Eles impõem as opções e restrições para o intercâmbio e a participação dos usuários.

Esse controle sobre o desenho das tecnologias de mídia digital pode ter consequências graves: os algorítmos de filtro e agregação podem ser utilizados para observação e censura. E a abundância de informação de seleção personalizada por um lado pode dar orientação, mas por outro lado criar “filter bubbles” (Eli Pariser), isto é, cada um teria a sua própria bolinha de informação, e o conhecimento dividido por todos seria tão escasso que já não serviria como base para integração social.

As questões relativas à participação e ao desenho tecnológico da mídia social também são urgentes porque essa oferece uma infraestrutura para um público social sem ser uma infraestrutura pública – já que as plataformas dominantes (com exceção de wikipedia) pertencem a impresas que tem o interesse de acumular e vender informações sobre os usuários. Os usuários geralmente não pagam pelos serviços da plataforma, mas também não tomam conciência de que está acontecendo com os seus dados pessoais. “Com outras palavras: “Quem não paga vira produto ele mesmo” (citação de um forum de discussão na internet).

É uma questão aberta até que ponto a maioria social aceita o fato de que não tem autoridade sobre o que está acontecendo com as próprias informações pessoais e que está se acumulando um poder enorme sem controle e legitimação democrâtica. A internet só se tornará democrática de verdade no momento em que haverá participação também no desenho da sua própria tecnologia de base.



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