Olá pessoal, Drika Duarte é uma poeta conhecida pela sua produção diversa em prosa e em verso e será nossa entrevistada da vez do programa Poetas Brasileiros. Espero que gostem de conhecer o trabalho do Drika Duarte!
Drika Duarte – Poetas Brasileiros
Drika Duarte é uma poeta potiguar que nasceu no ano de 1985 em Natal/RN. Drika é graduada em Artes Cênicas e pós-graduada em Gestão Cultural – desenvolvimento, cultura e mercado. Ela também é fundadora do grupo ceno-performático-musical “Elegia e seus Afluentes”, trabalhando a poesia recitada e musicada. A poeta também é sócia fundadora da Associação “A Arte de Nascer”, na qual desenvolve projetos dentro da área da educação em valores, educação ambiental, saúde materno-infantil, arte e cultura. Sua produção lpoética é: Almas Brancas (2008), 70 vezes 7 (2010), A Arte de Nascer – para mães e bebês, em parceria com a médica Carolina Damásio (2012).
Drika Duarte – Livro Negra Onawale (2014)
Drika Duarte – Livro Guerreiros do Planeta- os elementos (2016)
O livro “Guerreiros do Planeta – Os elementos” são poemas feito para o público infantil e tem como principal abordagem a educação ambiental e os valores humanos. Através da poesia, a escritora fala dos elementos da natureza e dos cuidados que devemos ter para a manutenção da vida no planeta Terra.
Drika Duarte – Livro Bonito é se gostar (2018)
O livro Bonito é se gostar conta a história de Dandara, que através dos ensinamentos da sua sábia avó Dandinha, consegue superar o preconceito que sofria por conta do seu cabelo encaracolado. Abordando temas como autoestima, autoconfiança, ancestralidade, respeito à diversidade, preconceito e empoderamento feminino, a história de Dandara nos remete a ideia de que a verdadeira beleza é nos amar do jeito que somos e reconhecer a nossa força interior, pois Bonito é se GOSTAR!
Drika Duarte – Entrevista
Entrevistamos a poeta Drika Duarte no programa Poetas Brasileiros. Na entrevista falamos da origem da relação da poeta com a poesia e de suas inspirações poéticas. Vamos assistir a entrevista?
Drika Duarte – Poemas
Separamos aqui alguns dos poemas que a poeta Drika Duarte declamou no projeto Poema de bom dia. Vamos aos poemas!
Drika Duarte – Poemas do Livro Guerreiros do Planeta
Guerreiros do Planeta
Sou eu
Que construo o mundo
Na alma e com o labor das mãos
Sou eu
Que melhoro o mundo
Com a força da transformação
Guerreiro do Planeta
Eu sou
E com você mais forte estou!
Vamos juntos lutar
Levantar os arcos da alegria
E em suas flechas disparar
Paz, carinho, verdade,
E o caminho reto sem violência
A esperança como estandarte
E o amor como ciência
Guerreiro do Planeta
Eu sou
E com você mais forte estou!
Confira o vídeo do poema Guerreiros do Planeta de Drika Duarte:
Drika Duarte – Poemas do Livro Negra Onawale
Esperança
Olha, o sol clareou
Aquele tempo sem vida
Olha, a paz acordou
E hoje a esperança avisa:
No meu solo só pisa
Quem trouxer puro o coração
Quem tirar a camisa
Da separação!
Quem se souber mestiço,
Maduro, caído do pólen da flor,
Quem se achar pequeno, impreciso,
Menor que a poeira que voou.
Hoje, a esperança enfatiza,
Só estarei com quem deseja a verdade,
Com os que clamam por justiça,
Com os que lutam por dignidade.
Hoje, estarei apenas,
Com quem tem tido rude pena,
E tem chorado escondido,
Aguentando forte o peito sofrido!
Para esses, hoje profetizo,
Trago o sabor da felicidade
Deixo a simples cura de um sorriso
E todas as misérias da humanidade
Estarei levando comigo.
E quem achar pouco, eu aviso:
O meu hoje, dura a eternidade,
Só isso.
Confira o vídeo do poema Esperança de Drika Duarte:
Drika Duarte – Paraíso na Terra
No dia
Em que cada ser
Olhar para a humanidade
Com o amor
E a verdadeira entrega
Que uma mãe
Olha para o filho
Nesse dia como quem
Não se espera
Estaremos vivendo
O paraíso na Terra.
Drika Duarte – Nascer
Nascer
Na intrepidez da Terra
Crescer
E ser
Como um sol no universo
Conviver
Na simplicidade do complexo
Aprender
Na diversidade do reflexo
Viver
No gosto de cada verso
Morrer
Na completude íntima do gesto
Renascer
E na intrepidez da Terra
Crescer…
Drika Duarte – Poemas do Livro Almas Brancas
Drika Duarte – Outras mãos
O perigo da existência
É deixar de existir existindo
Em pedaços e sentidos cobrados
Vou sumindo
Não é fácil saber do que posso
Enquanto em cada poço que me afogo
Sobrevive a corda de salvação
Em lábios
Vou deflagrando os passos
Dos lados de uma opção
Entre curvas
Encontro na adega escura
O vinho seco do laborioso ermo
Da minha elucubração
Há em todos os dedos
Uma espécie de apego
Por outras mãos
Drika Duarte – Abrangência do sentimento
Amor, para que nomenclaturas
Figuras vans, parcas estruturas
Personificar algo tão amplo e forte
Em uma palavra que não exprime nossa sorte?
As palavras são assim: poucas e malfeitas,
Coitadas, tristes e limitadas letras!
E o que tenho dentro de mim é um oceano
Imenso e farto que transborda séculos e anos
Como arregimentar em uma só palavra
Tantas letras turvas sem a dolência clara
Dessa energia grandiosa que em mim se espalha
Todo o alfabeto de tão comedido me talha
Como dizer em um único verso
A maestria telúrica do universo?
Não, meu amor, isso é coisa de lapidador
E eu não tenho ferramentas para nomear o amor.
Drika Duarte – A muda
Silenciosa(mente)
Semente
Arbitraria(mente)
Somente
Contraditória(mente)
Se reinventre
Seja a minúscula agulha
Que invisível perfura
A dor que entra fria e aguda
É o incomodo insistente
Que remexe e concede: a cura
E muda
Seja a muda
E eu serei a lágrima
Que em noite de orvalhada
Banha e lavra
Alimenta a seca da sua alma
E a consagra um verde sol
Munida das cores estrelares
Invada as casas, penetre os lares
Use a sorte da luz que você traz
Abra os olhos que fecharem
E entregue-lhes a carta de liberdade
Tendo escrito assertivamente:
Faça a sua parte.
Drika Duarte – Poemas do livro 70 vezes 7
VI
Vê… Minhas mãos estão marcadas
Pelo exercício diário de compor sentimentos,
Ergui a lápide com a inscrição sagrada:
Pela intuição desvenda-se o conhecimento…
Para sentir a filosofia do invisível
É preciso ter na amplidão do ser sensível
Uma lágrima adornando a face do imprevisível.
XLIX
Caíam as gotas do meu pensamento
No jarro onde a semente do sentimento
Pedia água para brotar… Voltei pro lar
E vi no seu olhar de arrependimento
O antigo medo infantil… Falei sem pensar:
– Abre as portas desta casa… Deixa entrar
A luz que o fio da vida quer germinar…
LX
Se na lei dos homens a justiça é cega
Na lei do universo nada desapruma…
O mar tanto chora lágrimas de espuma
Que as rochas ao seu pesar envergam…
Se a justiça está vendada… Como pode julgar
Sem saber o que julga? E como pode pesar
Se não sabe o que pesa na balança que usa?
LXVIII
Minha palavra… Se for só minha
É pequena demais, é ausência e iniqüidade,
Mas se minha palavra for uma andorinha
Viajante pelos horizontes dos peitos sem claridades…
Então minha palavra é disseminação, é vento,
É vírus contagiante, é estação e pensamento,
De inverno a verão eclodindo outro rebento.
Drika Duarte – Poemas inéditos
Duarte Duarte – Transversa
O obliquo do verso
É acertar na incerta
Linha do coração
Do simples ao complexo
Onde a veia aperta
O cerne da razão
No caminho do reflexo
Da solitária reta
Refletida na multidão
O orgasmo do universo
é a desmedida meta
do amor em explosão
Drika Duarte – Fonte
Qual será a greve da fome?
Em que estado mal pago se come
Tanta tristeza crescendo em nós?
Se a barriga já anda vazia,
Qual será som que anuncia
O banquete em que se cante
Em uma só voz?
Para saciar a fome
Só indo na fonte
Em que a lagrima brilha
Tal qual pétala macia
Girando na fronte
Do som que principia
Da água abundante
Que borbulha na foz
Para acessar a fonte
Só revendo os conceitos
Ficando despido diante do espelho
E no reflexo esperado
Da imagem concreta
Só tendo no prumo do rumo
O amor como meta.
Drika Duarte – Quando eu pensava poesia
Quando eu pensava poesia
Os dias eram assim:
Sombra e riso,
As tardes seguiam
E ao curso da noite
Havia sempre um amor
Nem verde, nem maduro
No ponto certo:
Suculento e dado…
Eram dias em que perdi
os documentos
e vim a ser aquilo mesmo que se é
somente por ser…
Eu não tinha nome,
nenhum status,
eu poderia ser flor
ou cacto
e tudo estaria bem…
Quando esses dias voltarão?
Não sei!
Sinto que em essência
Eles nunca se foram
Repousam na dolente lagrima
Entre uma cotação e outra
Entre bater o ponto aqui ou alí…
Entre a insanidade assumida
De se deixar consumir
E virar uma porta automática…
Que saber?!!
Vi meu reflexo refletido no vidro
Eu estava velha, cansada, sem sonho
Quebrei a porta, com o vidro cortei a pele
E escrevi:
Eu me faço poesia e os dias são assim!
Drika Duarte – Inércia
Inercia me chamou de parada,
Mas parado mesmo é o sonho da voz que nela mora
Sonho morno… Agua sem sal
Será sonho mesmo?
Não é sonho não!
Sonho ferve ! Queima ! Pulsa!
Inercia não quer nada com a vida,
Quer o sorriso cômodo
Da plasticidade das horas onde tudo se encaixa
Na quadratura dos dias…
Eu tenho um sorriso um pouco torto
Que gargalha por horas
As vezes da própria desgraça
Na desgraçada luta que é batalhar pelo pão
Sem esquecer da alma.
Sem se deixar vender pelo fim de cada mês .
Por muito tempo corri atrás do dinheiro
Hoje tenho deixado ele correr atrás de mim
Tenho me alimentado bem, com o bolso cheio de sonhos
Minha alma ferve a gramatura da vida…
Tenho andado robusta e distribuído sorrisos.
Matei a inercia de fome quando ela me olhava dos olhos
E me pedia atenção….
E eu lhe dizia:
Inercia, meus olhos vislumbram o céu,
Enquanto você confortável se deita
A sete palmos do chão
Drika Duarte – A casa é sua
A vida bate na minha porta
Não esmoreço
Deixo-a entrar!
Seja bem vinda!
Traga consigo
Muitas estradas ainda
Traga um punhado de sorte
E o seio farto de amor
Traga o calor da alegria
Para distrair o torpor
Traga também
Muitas histórias
Para em meus sonhos eu viajar
E se trouxer a desventura
Traga-me força para superar.
O que for essencial
Faça-me compreender
E o que for supérfluo, vida,
Deixa pra lá que vou esquecer
Só não me deixe viver a mesmice
Que vejo por todo lugar
Venha vida, seja bem vinda
A casa é sua
Pode entrar!
Drika Duarte – Outros poemas
Drika Duarte – Pelourinho
Onde ficou escondido
Este velado conceito
De que a dor do passado
Já não existe de fato,
E ficou lá a lembrança
Do tronco pintado
Com o sangue
Do ser que foi escravizado.
Hoje, tudo é mais sutil
É uma vaga de emprego perdida
Uma dívida social não resolvida
Camuflada e ridicularizada
Até que alguém extrapola
Tira de dentro e bota para fora
O preconceito guardado
E chama o negro de macaco
Ou manda voltar para a senzala
A atendente da caixa
Ou a burguesia arrumada
Não aceita que um negro também
Pode ser burguês
E manda ele ir pelo elevador de serviço,
“Porque negro não pode
Pisar no solo que eu piso”
Tudo isso meu camarada
Não é criação poética
São fatos reais, atuais
Virou notícia
Está nos jornais!
O pelourinho
Ainda esta firme
E escorre pelo seu dorso
As chicotadas que a vida dá
Pelas mãos da ignorância
Dos que ainda não aprenderam a amar.
Drika Duarte – Canção para Zumbi
Lá vai Zumbi pelo terreiro
Cuidando da noite, ele é guerreiro
Vigia o mato, olha a floresta
Protege o povo e o que lhe resta
Lá vai Zumbi na luz do dia
Cuida de mim, meu negro velho
Amor sem fim, nele espelho
Seu coração é uma alforria
Limpa as tristezas e a avaria
Meu bom Zumbi eu ofereço
A minha casa, meu endereço
Se quiser visitar eu agradeço
Meu bom Zumbi eu ofereço
Um bom café, uma conversa
Uma canção ou um bom verso
Cuida de mim meu negro velho
Amor sem fim, meu velho negro
Dias ruins, meu Zumbi, eu ergo
Sua canção de velho preto
Drika Duarte – Dandara
O quilombo tinha
A mais forte arma:
Dandara
Dandara
Não queria serviço de casa
Mulher de ombro forte
Sabe a ginga da canção
Dandara só queria
Libertar sua nação
Dandara
Comandava o quilombo
Noite e dia
E do seu olhar
Soava o grito de alforria
Dandara
Nunca deixou
Gente de tez desbotada
Manchar a sua cor
E para não permitir
Que as mãos do horror
Sujassem a sua morte
Ela mesma tratou
De alcançar sua sorte!
Drika Duarte – Canção para Oxum
Oxum veio para o rio
Lavar seus cabelos
Os cabelos de Oxum
São ouros novelos
Quando Oxum se lava
Em todos os rios
A luz se edifica
A treva estremece
A natureza dourada fica
Quando Oxum se levanta
Eu abaixo a cabeça
Reverencio sua força
E carrego a certeza
Oxum é a rainha
Da água doce
Do doce de amar
Rainha como ela
Ninguém pode segurar
Se eu te chamar Oxum
Ninguém pode segurar!
Se eu te chamar
Ninguém pode segurar!
O sopro do vento
Está vendo aquele ar menino?
Que passou agora por você,
Tocou seu rosto e parece
Que foi embora….
Você sabe onde ele mora?
Ele mora em tudo menino….
Dentro e fora…
Ao nascer
O sopro do vento
Entrou em você
E vai continuar
Até o último respirar…
O sopro de vento menino
É vida no mundo
Encha o peito e respire profundo
Lembre-se:
Para se sentir cheio de mundo por dentro
É só respirar o sopro do vento!
Drika Duarte – Bonito é se Gostar
Certo dia, avó Dandinha,
Conhecendo a netinha melindrosa,
Disse: – Sente aqui,
Vamos ter um dedo de prosa
Quero contar a você
Uma história dolorosa.
Você sabe, minha netinha,
Que os nossos ancestrais
Viveram a dor e a tirania
De tempos tão desiguais
Em que liberdade não havia
Nos tratavam pior que animais.
Muito nosso povo sofreu
Nas mãos do opressor
A nossa voz foi aprisionada
Nossa alegria, nosso valor
O nosso ser mais sagrado
Foi roubado em sangue e dor.
Mas nosso povo não abaixou
A cabeça tão fácil assim
Aprendeu com a natureza
A transformar o que era ruim
A curar guerra e tristeza
Com a força das raízes e do alecrim.
Depois de tanto sofrimento
E luta contra a opressão
O nosso povo aguerrido
Alcançou a libertação
Mas ainda hoje sofre resquícios
Da famigerada escravidão.
Nos tempos de hoje, minha netinha
Existe um abismo, uma distância
Que separam as pessoas
Nas trevas da ignorância!
Existe gente que se mata
Pela corda da intolerância.
Isso tudo é ausência de amor
De ter pelo outro respeito
De entender que cada um
Tem sua crença, sua cor, seu jeito
Cada um ama quem quer
E o que cabe dentro do peito.
Eu mesma, minha netinha,
Já sofri com a vilania
Da mulher que se achava melhor
Por ser branca e seu cabelo escorria
E o meu em vez de ir para baixo
Era para cima que crescia.
Também não culpei a coitada
Por ser uma peça de reprodução
Do conceito que é vendido
Por toda mídia e comunicação
O tal padrão televisivo
Rico, louro e sem pé no chão.
Eu não me dobro com isso
Pois beleza é muito mais abrangente
Beleza é além do que está por fora
Beleza é a essência recorrente
É o que por dentro existe
E exala nos poros da gente.
E dos meus poros exalam
A excelência do amor
De alguém que não se curva
Ao preconceito que for
Que usa a sabedoria
Como poder transformador.
Meu cabelo é minha coroa
Como Dandara, Aqualtune eu sou
Anastácia, Na Agontimé, Acotirene
Qualquer uma que sonhou
Em combater o preconceito
E pelo amor conquistou.
Somos todas elas, tenha certeza!
Não se cale, não se apague
Se encha de luz e propague
Com toda sua destreza
A verdadeira beleza.
Não se deixe oprimir ou se rebaixar
Pois bonito é se gostar!
FIM da entrevista com Drika Duarte
Obrigado por ter nos acompanhado até aqui. Deixe seu comentário e suas sugestões para o Demonstre. Não deixe de seguir nosso canal de youtube e nossa página de Facebook do projeto Poema de bom dia!
Deixe comentários e sugestões aqui no Demonstre! Estamos abertos a sua participação e sugestão!
Até a próxima!
Você também pode gostar de:
O post Drika Duarte – Poetas Brasileiros apareceu primeiro em Demonstre.