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A importância da Análise Técnica – Entrevista com Flávio Lemos, CMT

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A importância da Análise Técnica

Flávio Lemos (foto divulgação Trader Brasil)

Conversamos sobre a importância da Análise Técnica com Flavio Lemos, professor, autor e diretor da Trader Brasil Escola de Finanças e Negócios. Flávio também é presidente do Brazil Chapter da CMT Association (associação de analistas técnicos dos Estados Unidos).

Na sua visão, os investidores iniciais e intermediários entendem a importância da Análise Técnica?

Com a internet e a facilidade de informação, tudo ficou mais fácil, mas isso não quer dizer que as Pessoas entendam corretamente a maneira mais fácil que foi apresentada em uma rede social como YouTube ou Instagram.

Como vários influencers nunca leram um livro sobre esse assunto, fica difícil alguém passar de forma correta o que é a Análise Técnica, que não é astrologia, futurologia ou adivinhação.

A maioria das pessoas que chegam na nossa escola possuem duas características: aprendeu na internet e já perdeu dinheiro. Nós nunca somos a primeira opção de quem quer aprender, e sim a segunda ou a terceira. Hoje, as pessoas vão primeiro no Instagram para aprender com um milagreiro que, normalmente, vende um sonho como “opere sem dinheiro” ou “faça do R$ 1 mil ao R$ 1 milhão”.

O leigo olha o gráfico e vê as barrinhas se formando, o que é mais amigável para se enxergar o que está acontecendo. Quando se estuda os fundamentos, pode-se deparar com um balanço maquiado, um erro em uma casa decimal ou uma fraude que não está refletida, como no caso das Americanas.

No gráfico, os preços são os que foram negociados. Eles podem ter sido um absurdo, mas as pessoas, efetivamente, compraram e venderam naqueles preços. Para um leigo comum, é muito mais difícil entender um balanço do que olhar um gráfico.

Quando você se deu conta da importância da Análise Técnica?

Eu trabalhava como analista júnior em uma corretora no Rio, quando meu chefe me disse que o meu trabalho seria descobrir empresas desconhecidas do mercado para que pudéssemos dobrar o dinheiro gerido pela corretora. Isso foi em 1996, quando a taxa de juros era altíssima.

Depois que ele me deu essa missão, todos os dias ele chegava na minha sala para me perguntar se eu havia achado essa empresa, quando, finalmente, eu lhe disse que sim. Era uma empresa que estava em um processo de expansão, abrindo fábricas na China e no Leste Europeu, sendo que o mercado ainda não havia se tocado sobre o que estava acontecendo com ela.

Depois que ele autorizou a compra das ações, passaram-se seis meses sem que o valor do papel andasse. Meu chefe já estava comendo o meu fígado vivo, reclamando que estaria ganhando dinheiro se tivesse deixado os recursos na renda fixa e me perguntando como poderia ter confiado em mim, quando a empresa anunciou uma recompra de ações por um valor muito superior ao que havíamos pago, o que permitiu uma excelente remuneração do capital investido.

Terminada a operação, eu comecei a me perguntar onde havia errado. Nesse processo, comecei a olhar os gráficos da empresa e vi que, um mês antes do anúncio, havia um aumento do volume negociado da ação, apesar do seu preço não ter se movimentado.

Ou seja, nós poderíamos ter entrado no papel semanas antes com o mesmo preço que havíamos pago meses antes, o que nos geraria um resultado superior. Eu vi que enquanto a Análise Fundamentalista me mostraria o que comprar, a Análise Técnica me mostraria quando comprar.

Há uma terceira análise que ensinamos na escola, que é a Análise Condicional, que nos diz o que fazer para que quando houver um ganho, se ganhe muito, e quando houver uma perda, se perca pouco. Isso porque só existem dois tipos de traders que não perdem no mercado financeiro: os que mentem e os que não operam. Por mais que a sua análise seja perfeita, você precisa de um Plano B, uma ordem de stop, um controle do seu risco.

Gráfico de ativo em negociação (foto Pixfuel CC)

Quando a Análise Técnica é mais potente? Em operações de curtíssimo prazo, como day trade, curto prazo, médio prazo ou longo prazo?

Graficamente, você pode analisar qualquer ativo que tenha liquidez, já que a Análise Técnica não funciona para ativos sem liquidez. Com relação aos prazos, não há outra maneira de se fazer operações de curto prazo sem ser com Análise Técnica. Eu vejo o Tape Reading, que é o estudo do fluxo das operações, como mais uma forma de Análise Técnica.

Como não há como estudar o fundamento de uma empresa para fazer daytrade, pois os balanços são publicados de três em três meses, a Análise Técnica se torna a única alternativa possível para quem vai operar no curto prazo.

Gráfico é gráfico, mas a Análise Técnica muda em conformidade com o ativo?

Sim, pois existe uma calibragem ideal para cada tipo de ativo, seja ações, moedas, commodities, índices ou juros. Dependendo do ativo, você tem que aumentar ou diminuir o tempo dos indicadores, o período que está sendo analisado. Infelizmente, não há uma única receita de bolo, mas você pode usar a maioria dos indicadores, sendo que os programas que são utilizados vão lhe dizer a calibragem ideal para cada ativo.

Como entender as mensagens de um gráfico?

Muitas pessoas não entendem que a Análise Técnica não é estudo do gráfico, e sim das pessoas, pois tudo é baseado nas emoções. As pessoas lembram que é bom comprar ou vender em determinado ponto. Não é o gráfico que faz isso sozinho. Tem gente por trás de tudo isso.

Na verdade, a Análise Técnica seria a maneira de tentarmos prever as reações das pessoas no futuro baseada nas informações gráficas. Nós estamos falando de gente, e tem gente de tudo quanto é jeito. Em um mês, tem um monte de gente sacando dinheiro dos fundos, dizendo que não aguentam mais a bolsa caindo, sendo que no mês seguinte, quando a bolsa começa a subir, querem voltar. As emoções são muito volúveis. O limiar entre o pânico e a euforia é muito pequeno.

Como as pessoas podem se aprimorar em Análise Técnica?

Esse toque é importantíssimo. Por mais que seja tentador aprender de graça nas redes sociais, você tem que procurar uma escola de qualidade e ler livros de vários autores, principalmente dos americanos, que começaram a Análise Técnica, e, por incrível que pareça, dos japoneses. Tem que estudar, pois, infelizmente, não há um atalho.

Eu também vejo muita gente que não quer aprender a pescar, pois já quer comprar o peixe, nesse caso, um robô milagroso, que, na maioria das vezes, vai deixar o seu dono rico e a corretora muito feliz, pois serão feitas muito mais operações que o necessário para se ganhar dinheiro. No final das contas, os recursos dos investidores vão ficar mais minguados por causa dos custos de corretagem e do robô.

Eu já fiz os meus próprios robôs. Quando você ajusta demais o robô para uma série de dados passados, é como se fosse um “roubo”. Você pode melhorar a calibragem para aqueles dados, só que, no futuro, os dados serão completamente diferentes. A ação que só subiu, pode cair, e vice-versa.

Eu vejo muita gente fazendo o overfitting, que é o ajuste demasiado das calibragens de um robô para uma ação com base em dados passados de um período. O robô vai aprender a operar nesse período, mas não vai aprender a operar em um futuro que será completamente diferente.

Na sua opinião, como a Inteligência Artificial (IA) vai impactar a Análise Técnica?

Recentemente, eu estive em um congresso nos Estados Unidos e conversei com alguns analistas, inclusive mais velhos, sobre essa questão. Eles me disseram que a IA era sua aliada, pois ela estava fornecendo códigos de cálculos, com base em suas solicitações, para serem colocados nos seus programas.

A IA não concorre com um analista e sim o auxilia. Como os dados do futuro não existem, ela não tem como saber se o preço de uma ação vai subir ou vai cair.

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