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Descubra Algumas (das muitas) Regiões Russas Separatistas

Nos últimos meses percebemos várias notícias repercutidas na mídia, principalmente sobre a Ucrânia, em se tratando de regiões que desejam se anexar à Rússia, principalmente no caso da Crimeia e no leste da Ucrânia, como em Lugansk e Donetsk.

Apesar de tudo isso, também é possível entender o caso oposto, como é o caso de várias regiões dentro do território russo que desejam independência e não querem mais fazer parte da Federação da Rússia. Vejamos alguns (dos muitos casos) mais de perto:

Chechênia

É o nome da região localizada no Cáucaso onde se localiza a república da Chechênia, umas das repúblicas da Federação da Rússia. É a mais conhecida região separatista na Rússia, de modo que chegou a ser independente logo no início da existência da União Soviética, entre 1917 e 1921, em seguida caiu sob domínio soviético. No fim da Segunda Guerra Mundial, Stálin acusou os chechenos de colaborarem com os nazistas e num único dia enviou 60% da população da região para a Sibéria e Ásia Central, o que ocasionou a morte de muitos por causa de fome, sede e maus tratos.

Com o fim da União Soviética, um grupo de líderes chechenos declararam-se como governo legítimo, anunciando novo parlamento e a independência como República Chechena da Ichkéria, ainda que não haja nenhum reconhecimento internacional. Desde então já ocorreram duas guerras entre os separatistas e a Rússia. Na Primeira Guerra da Chechênia, o governo russo enviou 40 mil soldados para evitar a separação, de modo que inicia-se o que alguns comparam ao que foi a Guerra do Vietnã para os Estados Unidos. Os insurgentes chechenos infligiram grandes baixas aos russos, até que finalmente em 1995 os russos assumem controle da capital chechena, Grózni. No final, o líder Dzokhar Dudayev foi assassinado. Neste processo se inicia uma guerra civil na Chechênia com a tentativa da tomada do poder por parte de extremistas islâmicos, culminando com a Segunda Guerra da Chechênia e com tristes episódios como os atentados terroristas do teatro em Moscou e das centenas de crianças em Beslan. Tudo isso representa uma década de guerra na região, fazendo com que a maior parte do território ficasse sob controle militar.

Geopoliticamente falando é uma região estratégica, principalmente em razão da passagem de oleodutos dos poços de petróleo da região do Mar Cáspio à rede de dutos da Rússia.

Tartaristão

Esta república, membro da Federação da Rússia, também chamado de terra dos tártaros, é a região mais ao norte do mundo com maioria muçulmana.

O Tartaristão, ao lado da Chechênia, foi a única das 88 regiões autônomas da Rússia que não assinaram um acordo com a Rússia recém-criada depois do fim da União Soviética. Acabariam sendo forçados a assinar depois – coisa que os chechenos nunca fizeram até serem arrasados militarmente.

A maioria das unidades da Federação da Rússia são ligadas ao governo federal de maneira uniforme, através do tratado federal, contudo, as relações entre o governo da República do Tartaristão e o governo federal são mais complexas, e são definidas de modo detalhado na Constituição da República do Tartaristão.

Mais da metade da população do Tartaristão considera-se tártara, e apenas 40% russos. Cerca de 55% da população é muçulmana.

Os tártaros ficaram mais conhecidos agora pelo fato de que muitos dos seus foram deportados em massa da Crimeia por Stálin, causando também a morte de milhões de pessoas de fome, entre 1921 e 1922, devido às decisões políticas do governo da União Soviética, semelhante ao episódio ocorrido na Ucrânia.

Kaliningrado

Entre Polônia e Lituânia, podemos reparar que há um pequeno território que não é parte de nenhum destes dois Estados-membros da União Europeia. Este é um território histórico da Prússia, e posteriormente da Alemanha. Königsberg é a cidade onde Immanuel Kant nasceu. A cidade também é célebre pelo problema das sete pontes de Königsberg, resolvido por Euler em 1736.

O território foi tomado da Alemanha no fim da Segunda Guerra Mundial e a União Soviética decidiu anexá-lo ao seu território dentro da Rússia soviética – e não colocar Kaliningrado dentro da Lituânia, que também era parte da União Soviética. O território tem grande importância estratégica, pois com mísseis nucleares de pequeno e médio alcances ali dá para atingir quase toda a Europa.

De uns anos para cá, criou-se um movimento autonomista e até independentista. Muita gente passou a chamar a cidade que dá nome à região de Königsberg de novo e foi até fundado um Partido Republicano Báltico. Putin não gostou muito da ideia e o partido tornou-se um “movimento da sociedade civil”.

Calmúquia

Este é o único território de maioria budista da Europa, ficando na margem oeste do Mar Cáspio. Durante os anos iniciais, os budistas locais até foram relativamente respeitados, até porque a União Soviética queria usar o suposto bom tratamento aos budistas devido às suas intenções de atrair os territórios budistas da Mongólia e do Tibete para a esfera de influência russa. Os calmuques se diferem bastante etnicamente dos russos. Durante a coletivização à força no período soviético stalinista, cerca de 25% da população local morreu de fome, nos mesmos anos em que isso também ocorreu na Ucrânia, entre 1932 e 1933.

Elista, a capital da Calmúquia, foi tomada pelos nazistas, que chegaram com armas e propaganda. Milhares de calmuques se uniram aos nazistas contra os soviéticos, que afinal por dez anos tinham massacrado de fome a população local. Ainda assim, a maioria lutou contra os nazistas. Depois de expulsos os nazistas, Stálin decidiu que toda a população era culpada pelo apoio aos nazistas e ordenou a deportação de toda a população local para a Sibéria e a Ásia Central.

Lá encontramos um dos mais curiosos e nada convencionais líderes políticos-esportivos do mundo: Kirsan Iliumjinov. Ele foi presidente da Calmúquia por 17 anos, entre 1993 e 2010, e é  há 19 anos presidente da Federação Internacional de Xadrez, a Fide. Isso fez com que a capital calmuque, Elista, se tornasse a capital mundial do xadrez, com vários dos maiores torneios do mundo sendo realizados lá. Xadrez se tornou um ponto político importante na Rússia, não apenas pela tradição do país neste esporte, mas pelo fato de o ex-campeão mundial Garry Kasparov ter se tornado uma dos maiores opositores a Putin – em 2010 Kasparov se uniria a seu odiado rival dos tabuleiros Karpov para tentar derrotar o presidente calmuque na eleição da Fide. Mas a pressão russa fez com que Iliumjinov permanecesse no posto. Como se tudo isso não bastasse, Iliumjinov afirma que o xadrez foi trazido para a Terra por ETs, e para provar tal afirmação disse que foi abduzido por extraterrestres e viajou pelo universo, em 1997.

Além das quatro regiões acima mencionadas, podemos perceber diversas regiões separatistas na Rússia.

Regiões Separatistas Rússia Europeia (Cáucaso)
Regiões Separatistas Rússia Europeia (exceto Cáucaso)
Regiões Separatistas Rússia Asiática

Habilidades BNCC

(EF09GE08) Analisar transformações territoriais, considerando o movimento de fronteiras, tensões, conflitos e múltiplas regionalidades na Europa, na Ásia e na Oceania.

(EM13CHS204) Comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço e a formação de territórios, territorialidades e fronteiras, identificando o papel de diferentes agentes (como grupos sociais e culturais, impérios, Estados Nacionais e organismos internacionais) e considerando os conflitos populacionais (internos e externos), a diversidade étnico-cultural e as características socioeconômicas, políticas e tecnológicas.



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