Essa história já foi contada outras vezes antes de mim, inclusive pelo Prêmio Nobel Mario Vargas Llosa.
Acontece que uma das praças mais imponentes de Lima, no Peru, é a Plaza San Martín. Seu epicentro é uma estátua equestre do homenageado, considerado figura decisiva nas lutas pela independência do país. O Monumento é cheio de alegorias; uma delas é a figura clássica de uma mulher que representa a liberdade. Ela ostenta um elmo e, sobre o elmo, uma Lhama.
Uma lhama!
Por mais que lhamas sejam relativamente comuns no Peru, convenhamos que não seria esperada a estátua de uma mulher com uma lhama na cabeça. A história conta que o idealizador do monumento teria passado instruções escritas para o escultor pedindo que colocasse uma chama (llama, em espanhol) simbólica sobre a cabeça da estátua. O pedido teria sido mal interpretado, com a chama virando uma lhama (também llama, em espanhol) na obra executada pelo escultor.
Se non è vero...
Há quem diga que essa história é apenas uma anedota que menospreza excessivamente a capacidade do escultor de entender uma instrução (ou de desconfiar dela e procurar confirmá-la). O que está representado no monumento seriam elementos do escudo de armas do Peru, incluindo a lhama.
Porém, o animal no escudo do Peru é uma vicunha e o representado no monumento é definitivamente uma lhama. Lhamas e vicunhas não deixam de ser parentes, mas são animais diferentes. Assim, parece que nenhuma contorção que se dê à história exime completamente o artista do erro. Mas não importa: o causo é curioso e ajuda a chamar a atenção para a praça que, sem dúvida, fica muito mais divertida com a pequena lhama sentada gaiatamente na cabeça da imponente estátua.