Você deve estar pensando com seus botões o que o óleo de Palma tem a aver com viagem. Bom, na verdade o blog foi idealizado para dar informação genérica que tenha ligação com viagem, e se como hoje tudo está interligado, principalmente viagem com comida, acredito que este assunto vai ser do seu interesse.

Há 18 meses, Il Fatto Alimentare e Great Italian Food Trade (são dois portais online que publicam artigos sobre questões relacionadas a segurança alimentar), através de Change.org (digamos que é uma prima de Avaaz), lançou uma petição pedindo a retirada do óleo de palma dos alimentos vendidos já prontos nos supermercados – a Itália é o país europeu que mais usa esse óleo em seus produtos alimentares.

A Change.org conseguiu 176.000 assinaturas, o que levou às autoridades a tomarem providências, mas a batalha foi dura. A Aidepi é a associação que engloba as empresas mais famosas do país que usam o óleo de palma, ela entrou em maneira bem pesada para tentar demonstrar ao povo que o óleo era saudável. Imagine que essa associação desembolsou nesses 18 meses a bela quantia de 10 milhões de euros em publicidades que diziam que o óleo de palma era sadio, natural e que respeitava o meio ambiente. Investiram também cerca de 55.000 euros em jantares oferecidos a diretores de revistas e jornais para demonstrar o quanto o óleo era de ótima qualidade e sem perigo para a saúde dos consumidores. E, por fim, levaram jornalistas como viagem prêmio para Malásia para mostrar como tudo era feito em maneira regular e que o óleo pode ser consumido sem problemas. Estes jornalistas, de retorno a Itália, escreveram matérias positivas sobre o óleo de palma.

Mas graças ao Il Fatto Alimentare, a Great Italian Food Trade e outras instituições que marcharam até o final mostrando que era tudo uma farça e que o interesse deles estava apenas no valor econômico, as empresas alimentares italianas vão ter que dar adeus ao uso desse óleo tão discutido nos últimos anos. Perderam a causa e todo o dinheiro usado para enganar a população. Isso sim que eu chamo de final feliz!

O que me deixou entusiasmada a ponto de escrever esse post, foi a colaboração da população, que deixou de comprar muitos produtos que continham este óleo, levando às empresas a terem grande perda nas vendas, o que contribuiu a vitória. Houve também uma redução nas exportações, já que o caso chegou em outros países europeus que compravam muitos alimentos da Itália e que já haviam adotado medidas contra o abuso do uso do óleo nos produtos alimentares internos.

Os alimentos são muitos e a maioria são famosos em todo o mundo, como a nutella, por exemplo. Isso porque algumas empresas são grandes exportadoras e conhecidas internacionalmente: Ferrero, Bauli, Mulino Bianco. Outras famosas que não são italianas: Nestlé, Mars, Barilla (esta última foi vendida a uma empresa americana).

Caso você não saiba, o óleo de palma é venenoso para sua saúde, é altamente cancerígeno e aumenta o risco de problemas cardiovasculares. As empresas justificam argumentando que seu uso é sadio porque há uma redução dos acidos graxos trans em relação a outros óles vegetais. Mas não é bem assim não, pois tanto os produtos trans, como o óleo de palma, são perigosos para a saúde (a Itália não adotou a agricultura transgênica, e continua sendo um dos países com melhor qualidade na cultivação alimentar). Para as empresas é um bom investimento porque é o único óleo que consegue resistir no tempo sem se deteriorar e ficar rançoso.

Como é obtido o óleo de palma

A partir da prensagem da polpa da fruta da palmeira de óleo (não confundir com óleo de coco), cultivada nas regiões húmidas da terra, como a Indonésia, Malásia e na América Latina (incluso o Brasil). Após a prensagem, o óleo de palma em bruto é refinado com processos industriais também para reduzir o grau de acidez passando por etapas industriais de desodorização, de branqueamento e de neutralização que fazem perder as propriedades benéficas.

Baixo custo e versatilidade, o torna assim um dos ingredientes mais populares, especialmente na indústria de alimentos sendo usado como estabilizador e conservante contra a oxidação e suavizando a textura. O óleo de palma é usado em produtos de confeitaria, molhos, caldos, patés, sorvetes, produtos de longa conservação, produtos congelados, biscoitos, cremes, comida pronta, cosméticos, sabonetes e xampus.

As críticas no uso de óleo de palma também dizem respeito aos efeitos que a sua produção tem sobre o meio ambiente. A crescente demanda da indústria de alimentos levou a uma expansão sem precedentes, com consequências significativas, especialmente no sudeste da Ásia onde estão as principais plantações. O maior problema acontece na Indonésia em maneira ciclica, onde os agricultores locais incendeiam grandes porções de florestas para criar novos campos, matando animais e deixando tribos sem casa. Nos últimos meses, os efeitos dessa prática têm sido devastador, com enormes incêndios e uma grande produção de fumo, a qual foi capturada inclusive por um satélite da NASA em órbita em torno da Terra.

Com isso, caro leitor, eu só posso dizer que estou feliz por mais uma batalha vencida, a qual sempre apoiei. Eu leio sempre as etiquetas dos produtos antes de compra-los, assim como compro alguns alimentos orgânicos. Sim, custam mais caro, mas prefiro deixar de comprar outras coisas para me alimentar em maneira mais saudável.

Lute por um mondo melhor, não desista, assine as petições da Avaaz e Change.org, abra novas petições para denunciar algo que você julgue incorreto. A união faz a força, e a internet e as mídias sociais podem ser usadas também para alacançar resultados que podem salvar nosso planeta e muitas vidas.

P.S. A foto em destaque é do portal Il Fatto Alimentare, o qual pedi autorização para ser usada em meu blog.

Arrivederci!

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