Molhado.
Droga, eu odeio quando meus pés ficam molhados.
Há muitos anos o Sol não brilha sobre Essa Cidade. Parece algum tipo de maldição, como se alguém tivesse feito algo muito errado por aqui e agora todos precisam pagar por esse pecado. É uma teoria.
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Malditas aves.
Preciso apressar o passo. Essas aves ainda vão destruir o pouco que sobrou do guarda-chuva… Porcaria. É como se me perseguissem por algo que eu tenha feito. É outra teoria, não é? A vida é cheia dessas teorias. Ainda mais a minha vida.
Dobro uma esquina.
A pouca luz vem das paredes dos prédios. Um pior do que o outro. Alguns estão condenados, mas a prefeitura ainda não os demoliu. Que piada. Derrubar uma estrutura dessas parece fácil. Não parecem aguentar muito.
Barulhos. Guinchados. Ratos.
Ouço o choro de uma criança em uma das ruínas. Do bolso do casaco tiro a sacola que eu tanto protegia. Ali está. Uma mulher aparece no meio da sujeira. Está molhada. Tremendo de frio. Suja. A pele coberta por chagas.
Estendo o braço.
Ela apanha a sacola. Um “obrigado” é sussurrado, ela não parece ter mais do que isso de voz. Ela volta para a escuridão. Para junto do choro da criança. Da sua criança.
Como essa cidade ficou assim?
O que deu tão errado na humanidade que permitiu esse tipo de coisa?
Malditas aves…
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