Um negro sendo espancado por cinco policiais negros. A vítima grita pela mãe, que mora a uns 80 metros do local da agressão. Cassetete, arma de choque, spray de pimenta e muita, muita violência.
Mãe, mãe, mãe, mãe!
É muito chocante. A cena é de uma covardia extrema. Ver um homem, totalmente subjugado, apanhando brutalmente, agarrando-se no que lhe parecia ser a única salvação para escapar da morte, clamar por quem lhe deu a vida.
Mãe, mãe, mãe, mãe!
Seus gritos não alcançaram os ouvidos da mãe. Após A sessão de espancamento, foi encostado na lateral de um carro. Largado, não esboçava reação alguma. Mas seu corpo reagiu, com a morte, três dias depois.
Qualquer assassinato é revoltante, mas há alguns que movimentam nossas mais profundas fibras e que nos deixam totalmente indignados. Precisava acontecer isso por, segundo a versão dos policiais, “direção imprudente”? Arrancado à força do carro e submetido a uma execução...
O pano de fundo é óbvio: racismo estrutural. E não adianta vir com o argumento de que os agressores, todos eles, também são pretos. Isso não lhes tira a capacidade de terem preconceito com sua própria cor.
Vivemos em um mundo rodeado por muitas sombras. Tenho, em meu íntimo, que devemos buscar a luz, de todas as formas possíveis. Não é nada agradável escrever coisas com este gigantesco grau de negatividade. Mas às vezes é preciso, para alertar, para tornar cada vez mais evidente que é urgente que se faça algo para evitar estas ações terríveis, que aproximam a humanidade da bestialidade.
No entanto, enquanto nada é feito, só nos resta clamar...
– Mãe, mãe, mãe, mãe!