“Bom dia querida! Desculpa por ontem, mas hoje prometo me redimir! Bjs”

Dizia a mensagem de Júlio em seu celular que chegou pelo seu aplicativo de mensagens.

Agatha leu assim que tocou seu aparelho, mas ficou receosa de responder de imediato. Imaginava que qualquer coisa que dissesse de imediato, mesmo que fosse repreensiva, ainda sim demonstraria previsível expectativa.

Não teve como não relembrar das patéticas cenas da personagem de Drew Barrymore em “Ele Não Está Tão a Fim de Você” quando vivencia os seus romances. Não é o mesmo que deseja para si.

Agatha quer transmitir uma imagem de mulher segura, trabalhadora e independente para seu atual parceiro, um dos seus professores de seu curso de Psicologia. Não será pelo fato de ser mais velho, estável, bonito e desejável pelas demais alunas que ele terá liberdade de agir da forma que bem entender com ela.

Afinal, seu namoro começou a pouco mais de uma semana, mas como é comum nos inícios das paixões, começou tão quente que parecem estar juntos há longas semanas corridas entre carinhos, beijos e sexo. Muito momentos quentes de sexo.

E foi esta última intensa lembrança que a fez morder o lábio inferior distraidamente em meio ao metrô lotado em direção a estação Faria Lima. Todos os momentos a dois da sua última noite vieram à tona junto com todas as sensações de bocas, mãos e pênis interagindo por todo o seu corpo nu.

Quando sentiu uma pequena e prazerosa dor foi que se deu conta que um senhor, desalinhado em seu conjunto camisa, gravata e paletó e barba há muito tempo para se fazer, a observava fixamente por trás de seus grossos óculos de grau.

Desfez da inesperada cena sexual que seus lábios limpos de batom estavam lhe provocando esticando e encolhendo em exercícios rápidos na tentativa de fazê-lo se confundir com o que pudesse ter visto.

“Agora é tarde.”

Virou-se na direção da porta se preparando para descer. Quando a porta se abriu tomou rumo em meio aquela multidão que começava a se afunilar para acessar os primeiros degraus que surgiam na esteira da escada rolante de modo que ficasse bem distante daquele senhor que também descera.

Acendeu a tela de seu celular para verificar as horas e fez umas contas calculando a caminhada que faria do Largo da Batata até o Shopping Iguatemi e viu que não chegaria a tempo se não acelerasse os passos, quando saísse da estação, pois estendeu os olhos a sua frente na extensa fila de gente que se formou naquela escada e ainda teriam mais duas longas como aquela pela frente.

O vento frio das manhãs paulistas começou a tomar o ambiente quando se aproximou da saída. Ajeitou sua blusa e, para ganhar tempo, pôs-se a caminhar em passos acelerados.

“Vai ajudar a esquentar.” – Pensava enquanto ia desviando das poucas pessoas lentas que impediam desenvolver a velocidade necessária.