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Porta do Inferno






(Imagem: Pinterest /goldenwildandhorn.tumblr.com)

 

Em entrevista a repórter de seu país, um especialista no mercado financeiro norte-americano afirmaria que o dinheiro, em última análise, é também garantido por uma forma de fé tão poderosa e essencial quanto a fé religiosa.

A fé que o mundo propõe não é a fé de Abraão, 'que creu, esperando contra toda esperança' (Rm 4,18). Esperança que carrega a fé. Já a fé do mundo arrasta com ela as expectativas múltiplas da nossa miséria.

Esperança é o que se quer, o que se alimenta, o que se vive. É também o que se pode perder, diante de panorama político tão desalentador quanto o nosso. Seguir o noticiário, hoje, é desafiar-se na reconquista de uma esperança cidadã e fugitiva. Exercício penoso e diário imposto ao cidadão de bem, tentado ao desespero pelo escárnio e desfaçatez que tem como exemplo, e cujas consequências experimenta na pele e no bolso.

Depois de ver ruas e praças públicas de Praga tomadas pela multidão, que se despedia de seu líder Vaclav Havel, Zygmunt Bauman, morto recentemente, descreveu o ex-presidente da república checa como um raro líder político-espiritual, um 'gigante'. Em seu esforço para mudar a história, Havel, ainda na palavra de Bauman, dispunha de apenas três armas: esperança, coragem e obstinação.

"Olhamos em torno procurando, em vão, pelos sucessores desses gigantes – e o fazemos numa época em que precisamos deles mais que antes, até onde vai nossa memória coletiva". Bauman acrescenta, sobre o líder checo, que ele nos deixou “numa época em que as pessoas à frente Dos Governos Dos Estados, mesmo dos governos dos chamados 'Estados poderosos', são vistas com dose cada vez maior de ironia e descrença".

"As estrelas não chegamos a cobiçá-las, mas a esperança... tem sido a melhor coisa da vida", escreveu Thomas Mann. Certamente há entre nós uma minoria que cobiça estrelas, mas parece inegável que a esperança não tem sido a melhor coisa da vida brasileira.

Mudar cenário tão desfavorável requer atitude. E um passo importante para isto pode estar na urna eleitoral. É lá que o eleitor, pelo aprimoramento de seu voto, deve safar-se de recair na armadilha que hoje nos faz reféns de um sistema político apodrecido e malcheiroso.

Do contrário, é possível imaginar futuro sombrio, precedido por inscrição como a que o poeta Dante Alighieri pôs à porta do Inferno: 

Deixai toda a esperança, ó vós que entrais.


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