Não há sensação mais aconchegante do que o calor. O calor do sol, o calor do fogo, o calor do nosso corpo. É uma sensação que te protege de todo mal, te protege da escuridão que assola a noite, te protege o frio que trava seus músculos. Às, às vezes é quente, mas sempre reconfortante.
Eleonore escondia o Rosto por entre a peito Dele, protegendo as pálpebras que queimavam com o sol. Seus pés imundos de areia e a roupa de ontem denunciavam que dormiram na areia da praia depois da longa noite de festa. Ao fundo, o leve porém constante som do mar ecoava em seu ouvido, embalando-a em uma cantiga de ninar cantada por Poseidon. Também ouvia os pássaros do litoral, acordando e anunciando o começar o dia.
Com o rosto em seu peito, sentia a respiração dele movimentando seu rosto para cima e para baixo, em um afago gentil e espontâneo. Sentia suas costelas em sua têmpora, mas era o travesseiro mais confortável que já havia deitado. Não conseguia guardar o sorriso que lhe enchia a boca. Estava tão feliz.
Carinhosamente, subiu seus longos e finos dedos até o rosto dele. As pontas sentiam a rala barba que enchia seu queixo, tão áspero e inóspito. Aquele pequeno chumaço o fazia parecer mais “mal”, o que a seduzia, pois se sentia protegida. Passava a mão e sentia o maxilar firme e bem desenhado, sentia as pequenas mechas de cabelo que caiam de sua testa ao seu rosto. Era tão lindo.
Os braços dele envolviam Eleonore no mais acolhedor cobertor, que a protegia do vento e dos males ao redor. As mãos firmas a seguravam pela cintura, pressionando seu corpo junto ao dele, afinal, eram um só, mesma alma em corpos separados. Não corriam o risco de ficar longe um do outro porque se os corpos se separassem muito, a alma em um deles morreria e ninguém queria isso. Eram mais que ligados um ao outro, eram a vida e a morte de si. Era amor.
No seu ouvido, ela ouvia o bater do coração dele. O ritmo calmo de quem tinha um sono tranquilo, uma música que guiava seu próprio batimento cardíaco. Era como uma banda marcial, que guiava sua alma por uma caminho seguro. Porém, a banda foi aos poucos se distanciando, Seguindo Seu Caminho e Eleonore foi ficando para trás, aos prantos por atenção, para que não a deixassem. Ficou silêncio. O mundo ao seu redor ficou frio, quieto, inóspito. Os braços que antes a seguravam agora a prendiam. O peito que fora um travesseiro, agora era uma rocha. Estava sozinha.
No seu ouvido, ela ouvia o bater do coração dele. O ritmo calmo de quem tinha um sono tranquilo, uma música que guiava seu próprio batimento cardíaco. Era como uma banda marcial, que guiava sua alma por uma caminho seguro. Porém, a banda foi aos poucos se distanciando, Seguindo Seu Caminho e Eleonore foi ficando para trás, aos prantos por atenção, para que não a deixassem. Ficou silêncio. O mundo ao seu redor ficou frio, quieto, inóspito. Os braços que antes a seguravam agora a prendiam. O peito que fora um travesseiro, agora era uma rocha. Estava sozinha.
Eleonore acordou no mesmo barco que pegara anos atrás, seguindo seu caminho para o submundo, onde confrontaria a morte. Era a única direção a qual via sentido, mas era longo e tortuoso. Às suas costas, as almas abandonadas a faziam lembrar do que já teve, a faziam lembrar que já fora feliz. Já havia usado feitiços para apagar a memória muitas vezes, mas os espíritos que a atormentavam faziam questão de cantar seus erros e acertos, de rimar sua perda, sua morte.
Tampando os ouvidos com as mãos, esperava o barco chegar ao seu destino, esperando aquele pesadelo acabar, afinal, aconteceu o que eles não queriam. A alma de um deles morreu, e agora Eleonore vagava pelo mundo, apenas uma casca, com medo de rachar para expor o vazio que estava dentro. Precisava de uma nova alma, uma só dela, era esse seu destino.
O barco sumiu na escuridão, junto a Eleonore, levando-a onde a morte vigia.
Tampando os ouvidos com as mãos, esperava o barco chegar ao seu destino, esperando aquele pesadelo acabar, afinal, aconteceu o que eles não queriam. A alma de um deles morreu, e agora Eleonore vagava pelo mundo, apenas uma casca, com medo de rachar para expor o vazio que estava dentro. Precisava de uma nova alma, uma só dela, era esse seu destino.
O barco sumiu na escuridão, junto a Eleonore, levando-a onde a morte vigia.