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Carta à Harvard - pra celebrar "Immersion Course in Minimally Invasive Surgery for Latin America"

          "[...] this course was absolutelly enlightment. It is beautiful and a privilege to whitness the development of doctors commited to human health and to medical community, and most gratefull to you all for including the latin american community. We are poor, we are behind, but we have the will to carry on."

                         Jasna Radich, cirurgiã chilena, in: Immersion Course in Minimally Invasive Surgery for Latin America.

       Pela contrapalavra sussuramos outros dizeres e à contraluz avistamos outros mundos e suas sombras, e, mesmo na penumbra, vê-se vestígios. Radich deixa um pedaço de latinidade entre os pilares jônicos da escola médica de Havard – Leia-se Brigham Hospital.

         Era mensagem de final do curso, destinada aos professores presentes ao Brigham Hospital, colado às paredes da bicentenária Escola de Medicina de Harvard. Estávamos juntando as tralhas, desmontando a barraca, entulhando a roupa na mala, quando escreveu na rede social, deixando exalar o buquê da lembrança entre pituitas e papilas, embalando os abraços de despedida. Ao lê-la, sentei-me ao lado de um pote para degustar o ouro vivo da cultura médica, a ponto de lambuzar-me feito criança.

       Foram as últimas palavras? Foi dita com intensidade ou em vão? Ou Estariam os latinos apenas à procura, em si, de abrigo para hospedar essa sabedoria secular? E o que o brasão Ve-Ri-Tas tatuará em nossos pulmões? Teremos ressonância ou falaremos ao vento até faltar o ar?  

    A voz de Radich sussurra no ouvido de todos desde 2015. Foi quando essa trinca de cirurgiões liderou o movimento na América do Norte, partindo do Canadá (Universidade Laval-Quebec), com o objetivo de estender o braço, mão e coração à América Latina. Portando, a voz deixou eco, lógico.

      O tema central é a educação médica voltada para o tratamento cirúrgico do câncer de pulmão, com objetivo de atualização clínica, técnica e científica. Após a quinta edição, o curso teve que pausar e esperar a pandemia passar. Hoje, 2023, pula da Laval (Quebec) e se transfere para Harvard (Boston), por conta da ida de Paula Ugalde, a latina idealizadora do programa. Sobre os líderes do evento, eu convidaria o poeta Manoel de Barros a expressar o que vi: "Já pensou na alegria de uma árvore se mil pássaros fizessem ninhos nela! Seria a própria orquestra do amanhecer.”

        Decerto os amanheceres de nossas caminhadas até o anfiteatro das leituras eram tingidas pelas casas sem muros, adornadas por flores vivas e árvores de intenso verde, que a cidade de Boston mostra. Itinerávamos pela rota de nossos desejos, até bater à porta de Harvard, cuja entrada principal vê-se os pilares que bem lembram o templo de Partenon, referência ateniense à cultura ocidental. Sentados, convivíamos com a palavra e seus sentidos à contraluz, em versão anglo-latina amparada pela sedenta busca do conhecimento.

A edição de 2023 trouxe mais de 75 inscritos, segundo Arianne Pearson, assessora do evento, e mãe da Raphaelle. Além dos cirurgiões locais Scott Swanson e Jon Wee, uma plêiade de convidados participaram, a lembrar Jonathan Spicer (Montreal) e Luís Herrera (Flórida). Todos com a anuência de Rafael Bueno, coordenador da cirurgia torácica do BWH, e quem abriu as portas do Bornstein Amphitheatre, para sentarmos.           

      Ao fim, grifou Alejo, cirurgião colombiano: “Paula, gracias por el espíritu educativo que tanto nos beneficia y por las atenciones recibidas”. Também chamou atenção durante todo curso, hora do recreio, uma criança que acompanhava ativamente o movimento. Tinha os olhos da cor do mar e as bochechas do tamanho do seu sorriso. Ao final, a pequena Raphaelle deixa sua mensagem em francês: Merci, à la porchaine. Ou seja: ano que vem tem mais.


Roger Normando, professor de cirurgia torácica - Hospital Barros Barreto, Universidade Federal do Pará, Brasil.


    






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