A nevoa no ar, intoxicante, trazia a tona meus mais terríveis pesadelos.
Quando criança, sonhava constantemente com minha mãe morta vindo me buscar. O que faz destes sonhos tão reais?
Levantei com o corpo pesado como que carregado de todas as mazelas do mundo. Era um imenso corredor escuro, ornamentado com pesadas cortinas verde musgo e tudo mais se encontrava esfumaçado como em um sonho ou uma lembrança quase esquecida.
Joguei minha visão aos confins da escuridão, defrontando-me com o mistério que o final deste corredor encerrava. Minha atenção se esvaia mais e mais, e puxado para a escuridão eu ia, insone, frágil, morto.
-Soubera andar, pudera ver, tal homem matar, de todo morrer.
As lágrimas escorriam de meu rosto enquanto esta força impaciente me roubava daquele lugar.
Para alem trevas eu ia.
Como a brisa, leve, gelada, era levada minha visão para cada vez mais longe.
O que restava do ser que outrora era homem, sentiu um frio deliberado correr pela coluna. Uma mão tocava suavemente suas costas e tantas outras mãos agora o tragavam para o esquecimento, o sono sem fim.
Será isso a morte? Esquecer de acordar e nunca mais sonhar, deixando para trás as lembranças?