Entre duas estrelas há medidas de tempo e um vazio derradeiro que nunca finda.
Vera tilintava o sino da porta da loja de cristais sem perceber do vazio entre seus olhos e o que de fato buscava alí.
Danilo ainda tencionava os dedos contra as palmas em punhos cerrados, por um vazio que separou o medo da morte e um atropelamento que teria sofrido.
Vazio, espaço, sofrimento...

O espaço na sala havia uma enorme cadeira ligada a grossos cabos de alta voltagem e o entre tempos que separa a vida do condenado.
Condenados ao vazio da ausência de deus ou deuses, vago da ignorância do após. A incerteza da casualidade, perdemos a capacidade de questionar, querendo cada vez mais por menos e tudo restando o nada aqui dentro, o vazio.
Como no ar que pulou aquele desesperado que não encontrou nos espaços de sua vida possibilidade alguma de vitória.
Venceu aquele que luta por centímetros nas ferragens entre um retorcido automóvel e um caminhão de dezoito rodas.
A roda da vida deixa espaço para respirar mas ainda somos crianças em seu útero respirando por aparelhos com telas e conexões 3g.
Respiramos com dificuldade.
Ainda há espaço.
Quero dar um fim mas não encontro espaço.