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Quando ta escuro e ninguém te ouve há um delay dos pensamentos, uma curva de emoções.
Uma lagrima escorre e a solidão deita ao lado.
Do canto do olho empoça algumas lembranças fugazes que insistem e lembrar o rosto o quanto ainda transborda aqui dentro. Demônio, é tu?

Seu vestido é branco e seus longos cabelos negros que se estendem à escuridão, entoam a canção do fim. Seus olhos são de um verde não confiável e seus lábios sussurram falhas que acreditei ter esquecido.
Você deve achar que tudo isso não passa de uma desordem de meus pensamentos e que tudo que há no escuro aqui é apenas construção de uma frustrada vida sem sentido. Talvez...
Eu não posso me mexer, eu não quero me mexer. Sei que me levará e restará apenas esta casca oca e mesmo que ainda viva, de fato minha alma já teria morrido.

Um após o outro. Eles me entram a carne... Outro e outro. Meu dono disse que tenho sífilis.

Era minha última noite, meu ultimo suspiro. A agulha entra, meu ar sai e não volta...
É você demônio?

Logo que fui levada para um quarto desconhecido, braços e pernas foram arrancados de mim. Não era preciso membros para servir prazer aos homens doentes. Constantemente era aplicado um composto de drogas para me manter inativa enquanto a ação violadora me contaminava. Eram ricos, porcos e imundos. Muitos tinham doenças graves e mesmo enquanto escorria dos meus olhos lágrimas, eu tinha o que restava do meu corpo destruído.
Deus se foi junto com minhas pernas e tudo que ainda havia de bom em mim logo se fora com meus braços.
Um a um foi me preenchendo com ódio.

É você demônio?

Sinto se aproximar. Chegue mais perto, eu não mordo...

O que? Um favor? Aceito!

O que eu quero?

Mãos para descrever minha ira com as entranhas do mundo e pés para correr minha história sobre os corpos que deixarei no passado...

Ela é linda!
Olhos verdes nada confiáveis, de pele branca e longos cabelos negros como as trevas, lábios vermelhos como o sangue, vermelhos como o ódio.
A cortina de breve se abre, ele entra e vê que há alguém debaixo de um lençol rosa. São dois movimentos, puxar o pano e sua cabeça rolar pelo chão.
Eu sento sobre sua barriga e com seu rosto olhando, servindo de testemunha ainda tenho dez segundos antes que o cérebro morra.
Com minhas novas mãos eu o faço em partes tentando encontrar minha parte de paz.
Minhas pernas me levam para fora daquele quadro doentio...



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