Era Noite quando tudo ocorreu.
Eu estava acolhido entre as cobertas, dormindo a sono solto.
Tedy, como todo animal de pelúcia, tem a missão de proteger crianças de todas as idades pelo mundo todo, contra terríveis pesadelos e monstros de armário e de baixo da cama.
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Tal criatura era meu ursinho, presenteado a mim, pelo meu pai quando nasci. Para todos os cantos da casa ia eu e Tedy, travar grandes aventuras em nosso pequeno mundo imaginário.
Naquela noite não seria diferente.
Quando a tantas da madrugada, ouvia-se o assovio do vento contra a janela e o desenrolar sobre o telhado da casa, a Sombra do blusão tomava forma contra a parede.
Como um rastro de piche, aquilo deslizava, se esgueirava, contorcendo-se e se alongando, parando sinuosamenfe sobre o grosso cobertor que me mantinha aquecido.
O animal de pelúcia vigiava de maneira ímpar, cada movimento da sombra pela cama.
Houve um clarão como um relâmpago e a criatura feita de sombra e dd medo, Agora se desmanchava no ar como um borrão que nunca existiu.
Quando eu tentei contar aos meus pais não manhã seguinte, diziam-me que tudo não passava de um sonho bem caprichado e que eu deveria assistir menos televisão antes de dormir.
Os meses passaram e eu me Encontrava rodeado de Presentes e um bolo que indicava minha idade. Doze anos de infância saudável e sem preocupações maiores do que os presentes que eu ganharia no natal seguinte.
Muito cansado de brincar com primos e amigos de escola, todos muito empolgados com o vídeo game novo, caí no sono em pleno sofá.
Quando despertei, já me encontrava sob as cobertas mas Tedy não estava lá. Percorrí como os olhos por todo o quarto.
Como se me falta-se o ar, o desespero tomava lugar. Corrí até a janela com a idéia repulsiva de que mamãe havia jogado Tedy no lixo e que sem ele, agora eu era um adulto.
Senti o frio tomar conta do meu ser e a sombra depositar suas mãos geladas e ásperas em meus ombros e me arrastar para dentro da escuridão.
Hoje estou no quarto de meu sobrinho, é noite e só agora posso me arrastar até ele. Preciso de ajuda, sem meu anjo, tornei-me aquilo que mais temia.
Agora vago entre existências, em busca de uma última luz.