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Queda

Por Dan Cilva

Caí de cabeça, não metaforicamente, mas foi uma Queda e tanto. Segundo os médicos, era um milagre eu estar vivo. Eu havia perdido parte da massa cerebral, porém minhas funções estavam intactas. Foi após despertar que o vi. Papai não costumava vir ao meu socorro quando eu era criança, mas com o risco de minha morte prematura, acordo com ele segurando minha mão no leito.

Seus olhos cheios de lágrimas transmitem uma única dor, a do arrependimento. Sem palavras, o momento, ao mesmo que perdura algumas eternidades, leva mais de mim em cinco minutos do que a vida toda sem meu pai.

Sinto o calor de sua mão sobre a minha e quentes também são as lágrimas que escorrem por meu rosto. Dizem apenas “que saudade”. Há tanto para dizer, tanto o que fazer, mas não há mais tempo.

Meu pai se levanta, recolhe o velho chapéu surrado e silenciosamente sorri.

- Adeus, meu filho. Sempre estive contigo.

Eu Queria gritar, contudo as palavras não saíam. Eu desejava abraçá-lo e sentir seu calor terno mais uma vez. Papai sumia como se nunca tivesse existido. Nos dias que seguiram, fui acompanhado por uma junta médica para saber se minha queda não deixara mais que uma cicatriz e um corte de cabelo horrível. Jamais contei a eles que vira meu pai vivo. De certo me internariam em algum sanatório.
Por vezes acreditamos jamais ser amados, mas basta uma palavra para repensar toda uma vida de equívocos.
Pai, sinto saudades e arrependimento. Queria uma chance para dizer o quanto te amo. Queria ser criança outra vez.

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