Por Dan Cilva
Sempre escorria pelo seu rosto, Hora Chuva, hora lágrimas. Desdenhava da vida esperando por fim, que o fim fosse chegar. As ondas rebentavam na encosta de sua alma e o farol de seus olhos, por mais que tentasse resistir, inclinava-se ao opaco desespero.
Queria por vezes gritar mas era gritante o esforço em prender o demônio dentro do peito. Carniceira era sua Boca que vivia a reclamar baixinho como um leito que está a secar.
Devora, este mal, devora!
E Veio a chuva, derretendo, solvendo as papilas com palavras malditas, veio a chuva que derradeira derretia os grilhões da boca. Abocanha o mal, abocanha, sangra os dentes de tanto apertar e o que sai é o lamento dos fracos. Isso faz o perdido, o escurecido, a mão treme e a arma brilha no quarto escuro e na noite fria que só os grãos de chuva se equiparam as gotas de horas que se fazem em par intermináveis, sozinha a arma grita e as gotas, aquelas gotas morrem sozinhas.
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