Por Dan Cilva -
Estava bem ali... Entranhada em meus cabelos uma pequena borboleta que lutava em meio ao mar revolto de fios longos e brancos... Era evidente e desesperada sua força em permanecer viva... De pronto com toda a gentileza e delicadeza do mundo, a tirei do entre fios e mesmo abrindo largo a mão, ali ela permaneceu me encarando com uma inesperada coragem.
De dentro do rosto me surgiu um sorriso, leve, suspeito e curioso. Admirava aquele pequeno ser que fizera de devaneio em algum momento de meus dias ancestrais. Recordava pouco das pequenas coisas que fizera e as realmente significantes tomavam luz a cada novo dia que vinha.
Passeou por ali algum tempo. A graça da coragem é que supera o medo e a timidez e estas virtudes não as criei, vieram de algum lugar, de alguém. Talvez você que esteja me vendo neste momento, sim você mesmo, que tantas vezes se questiona o que faz nesse mundo ou se eu estou aqui te vendo de volta.
Quando você surgiu na minha ideia, já pensava nos planos que tinha para você e todos os seus irmãos e irmãs. Sabia que sofreriam e que de algum modo aprenderiam com cada passo dado. Não seria justo te dar vida e dizer sempre o que deve fazer. A escolha sempre foi sua assim como escolhi fazer tuas mãos e teus pés.
Observo atento os grandes e os pequenos... sinto saudade... eita palavrinha danada... Invenção de vocês! Faz querer ver logo onde vão chegar e torcer pelas suas vitórias e pela sua evolução. Aprendo...
Sei que não é um mar de rosas, que boa parte de seus irmãos me ignora até mesmo quando chamo para apenas conversar um pouco, sabe? Por as ideias em dia... é sempre bom receber uma ligação dos filhos de vez em quando.
Ah! Lembrei o motivo de ter criado as borboletas, hihihi, faz tanto tempo!
Filho, não perca as forças, sois forte! Não tema teu irmão, não tema a si mesmo e principalmente não tema a mim!
Lembra que todo forte chora e que no peito há moradia da coragem! Lembra de amar teus irmãos e que quando não conseguir ao menos seja gentil! Residem todos na mesma casa, e se brigam, não há como esse lar ser feliz!
Permitam-se! Sim, pela liberdade de escolhas, permitam-se ser bobos ao menos uma vez por dia e que cada dia haja um bom motivo para sorrir!
Olha a saudade aí novamente! Cutuca aqui dentro como criança puxando a perna da calça da mãe, ai ai...
Agora, borboleta! Me leva essas palavras na cor das tuas asas para quem puder ver e que por algum motivo precise sorrir hoje!
Diga que sinto saudade...