Foi numa quinta-feira, depois sei que vai ser possivelmente numa terça e em outros dias mais. Virei mamãe. Mais ou menos. Explico: participei diretamente de sua noite de trabalho. Aprendi. Vi a rotina da qual ela aponta as dores corporais. Senti o cansaço, o peso, a responsabilidade. Vi a correria, o medo de “dar algo errado”. Vi a rapidez das mãos finas de minha mãe correndo pra lá e pra cá na tentativa de não deixar nada passar, pelas mãos e pelos olhos.
Em contrapartida, vi o sorriso dos outros, correndo para dar tempo de repetir a dose – talvez seja o momento mais feliz e aguardado do dia, para aqueles que pouco têm -. Vi a resposta – gratidão – estampada nos olhos dos meninos mais emotivos, e mesmo os mais durões tomavam coragem de dizer obrigado, no seu próprio dialeto. Vi as meninas que já conhecem um pouco da vida de quem está do lado de cá, perguntarem como vai, um elogio, um desabafo sobre o longo dia.
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Embora eu sempre batesse no peito e me sentisse admirada pela profissão da minha mãe, foi no dia vinte e dois de outubro que reconheci verdadeiramente o valor do que ela faz diariamente: mamãe é merendeira, e eu não acredito que exista alguém mais orgulhosa do que sua filha.