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Alguma coisa longe da sensatez

Tomei contato com a banda The Baggios pela primeira no início de 2009. Naquele trabalho de garimpagem que costumamos fazer à procura de novas bandas e experiências sonoras, acabei topando com uma pequena resenha acerca de um Duo Sergipano de blues rock fundado na cidade histórica de São Cristóvão, cujo nome homenageava um andarilho hippie da cidade e que supostamente teria influências que iam de Raul Seixas, Robert Johnson e Jimi Hendrix à Black Keys, White Stripes e Jon Spencer Blues Explosion.

Baixei a primeira demo do duo, de 2007, pra ver do que se tratava. Eram nove faixas, Mas Foi suficiente escutar na sequência as cinco primeiras, Pegando um punga, Na porta do bar, Aqui vou eu, Não perca tempo e Baggio sedado, pra ficar convencido de que, não fossem os percalços da vida e de um ramo difícil como o da música autoral independente, a dupla estava destinada a se tornar uma das melhores bandas do rock nacional muito em breve. E aquela demozinha ainda tinha as ótimas Cosmopolita, Uma bem beleza e Pisa macio interestelar, além de uma faixa em inglês, From where coming those woman. Era um som honesto, jovem, meio sujo e com sentimento de estrada. Fiquei pensando se algum braço do Mississipi desaguava lá pras bandas do Sergipe...

Logo na sequência ouvi o segundo EP, Hard Times, de 2009, que já trazia alguns elementos novos: Hard Times, No matagal, Oh cigana, Supersonic explosion, Candangos bar, No meu bem estar viriam a confirmar meu julgamento inicial. Os ingredientes novamente estavam todos ali. A fórmula era simples, como a de todo bom rock’n roll, mas ia aos poucos ganhando novos ingredientes e temperos, sem perder em nada a potência e a jovialidade do primeiro trabalho.

O primeiro disco cheio do duo, intitulado simplesmente The Baggios, apareceria apenas em 2011, mostrando que eles vinham mesmo pra ficar, que não iriam desistir, como conta a letra de O azar me consome, faixa de abertura do álbum. Álbum que visivelmente havia surgido depois de um longo período de gestação e amadurecimento sonoro, que retomava algumas canções que já haviam sido gravadas nos EP’s e trazia um punhado de boas músicas inéditas, como Em outras, Não estou aqui e Morro da saudade. Quando o duo sergipano lança Sina, em 2013, com faixas como Afro, Blues do aperreio, Sem condição, Sina, De malas prontas e Tardes amenas, o destino de que falávamos no começo se completa e com ele uma boa mistura de rock, blues, sotaque e sonoridades nordestinas.

Desde que escutei o primeiro EP fiquei imaginando como seria um show ao vivo da dupla. Era difícil imaginar que uma guitarra e uma bateria pudessem dar conta daquela sonzeira pesada ao vivo. Em 2012 pude finalmente assistir a um show da banda, aqui em Belo Horizonte, e constatar que sim, que os caras davam conta de fazer um som pesado e encorpado mesmo com apenas dois instrumentos. Mas foi ainda mais bacana assistir ao show da dupla aqui em Belo Horizonte na noite de ontem, um show cheio de energia, parte da turnê de comemoração de dez anos da banda. A mim deu a impressão de que valeu a pena não ter desistido, que valeu a pena ter ficado na estrada e ter tentado “alguma coisa longe da sensatez”, como a dupla prometia fazer desde a primeira faixa daquela demo de 2007.



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