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Taquinho de Minas=

Tags: mordomo loim
Taquinho de Minas=
© Copyright 2013 Taquinho de Minas
1ª Edição - Ano da Edição: 2013 - Belo Horizonte
Produção Executiva: Selma Ferreira Revisão: Heloísa Rocha de Alkimim
Ilustrações em nanquin: Luna Almeida e Rúbia Almeida Ilustração da capa: Zeca Penido
Fotos: Selma Ferreira
Projeto gráfico: Otávio Bretas
FICHA CATALOGRÁFICA
M663v  Minas, Taquinho de
Viagem de Trem/Taquinho de Minas Belo Horizonte: o autor, 2013
152p.  il.
ISBN: 978-85-915284-0-0
1..Literatura Brasileira - Contos        I. Titulo.
CDU: 82-34(81)
CDD: 869
Gráfica e Editora o Lutador Rua Irmã Celeste, 185 - Planalto
31730-743 - Belo Horizonte - MG Fone : (31) 3439-8000
.olutador.com.br

Taquinho de Minas= a seguir

SUMÁRIO
Prefácio          7
Agradecimento           9
O Sonho Real 11
Sorte, ou Azar?          15
O Segredo do Rei      19
Menino Travesso em Noite de Tempestade  25
Muda Revelação        31
Liberdade aos Pássaros          39
Compadre da Onça    45
Mentiras Puras            49
Verdes Lágrimas        53
O Salvador     57
Pequeno Líder            61
No Banco da Praça    67
Capricho Caprichado 71
Mulher Misteriosa      77
A Cidade do Sonho   89
O Sábio           95
O Trapalhão na Noite 99
A Maior Riqueza        109
A Caminho do Além  113
Noite de Princesa, Dia de Teresa       119
Últimos Suspiros        127
Solidariedade Animal            133
Entre a Confissão e a Condenação    141
Viagem de Trem         147

PREFÁCIO
Foram as madrugadas frias
que me trouxeram a inspiração! Foram as manhãs ensolaradas que me aqueceram o coração!
Foram as tardes verdejantes que me encheram de emoção!
Foram as noites enluaradas
que me inebriaram de paixão!… E então me punha a escrever:
jorrava de mim, como de um rio caudaloso, um manancial de histórias
que eu tanto quero contar…
O autor

Agradecimento
Mais uma vez, com o apoio imprescindível de pessoas cuja alma é provida de solicitude, foi possível realizar esta obra que vem desaguar na literatura brasileira.

O SONHO REAL
Era uma vez uma menina muito pobre; chamava-se Luísa e era inteligente, bonita, educada e obediente! Ela acalentava um sonho, talvez o maior de uma criança: presentear a sua querida mãezinha no dia das mães. Mas, como, se era tão pobre, humilde, filha de uma lavadeira?!
Assim pensava Luísa em direção à escola, cami- nhando lentamente pelas ruas do bairro onde morava. A menina levava os cadernos debaixo do braço e, na merendeira, apenas um pão com manteiga e uma garrafinha de limonada.
Ao chegar à escola, Luísa avistou os coleguinhas reunidos a um canto do pátio.
–          Domingo, papai e eu vamos almoçar num restaurante com a mamãe! Contou Marcos, sorridente.
–          Nós  vamos  ao  clube,  mamãe  adora piscina!
Relatou Vanessa, movimentando os braços.
–          Minha mãe prefere ir para o sítio do vovô, ela disse que está cansada do barulho de cidade grande. Falou Gilberto, o mais alto do grupo.

Só Luísa não  tinha  o  que  comentar; encostada à parede, com olhos tristes, escutava atentamente a conversa que prosseguia:
–          A gente vai viajar, é provável que eu nem venha à aula na segunda-feira.
Todos se viraram para a pequena Cíntia, espantados.
–          A gente quem? Indagou Flávio, curioso.
–          Meu pai, minha mãe, minha avó, meu irmãozinho mais novo e eu. Respondeu ela, contando nos dedos.
–          Puxa vida, cinco pessoas! Exclamou Gustavo, filho único de pais separados.
–          Vocês vão aonde, posso saber? Interrogou Adriana, sem acreditar.
Mas não houve tempo para Cíntia informar o lugar, pois a sineta tocou e o grupo se dispersou em correria rumo à sala de aula. Luísa se pôs a andar bem devagar; foi a última a entrar na sala, sentou-se ao fundo e permaneceu calada em meio a uma grande algazarra.
Quando a professora passou pela porta, os alunos fizeram silêncio total.
–          Boa tarde, turma!
–          Boa tarde! Responderam em coro.
– Antes de iniciar a aula de hoje, preciso dar um aviso. Expectativa geral.
–          Amanhã, pessoal, não haverá aula. Informou ela.
–          Oh! Fez a classe inteira em uníssono. Então, a professora explicou o motivo:
–          Como vocês sabem, domingo próximo será o dia das mães; por isso, a escola foi convidada para assistir a uma linda peça de teatro sobre essa data.

–          Oba! Gritaram os alunos, batendo palmas.
–          Alguém aqui já foi ao teatro?
As crianças levantaram o dedo indicador, menos Luísa; a professora olhou-a com pena!
–          Professora, é necessário trazer lanche? Quis saber Vítor, o gordinho da turma.
Ela balançou a cabeça negativamente.
Carlos ficou de pé para falar mais alto, mas, infelizmente, se atrapalhou.
–          Eu tenho certeza de que a gente vai de ônibus “espacial”!
E a turma caiu na gargalhada. Apesar do engano do garoto, a professora confirmou com um gesto; por fim, encaminhou-se ao quadro e começou a escrever a primeira lição.

–          Por que você está chorando, Luísa? Perguntou- lhe Gabriela ao final da peça.Luísa enxugou as lágrimas num lencinho cor-de- rosa e sorriu para a coleguinha ao lado.
Após os aplausos, a atriz que fez o papel da mãe dirigiu-se à plateia:
–          A direção do espetáculo escolheu uma criança para receber um prêmio, pela emoção que ela sentiu durante a peça.

Suspense total. A atriz continuou:
–          É aquela menina loirinha sentada ali na terceira fileira. Completou, apontando Luísa.
Luísa nem se mexeu.
–          Vá, Luísa, ela está chamando-a. Disse Amanda à sua frente.
A professora veio buscá-la, e conduziu-a pela mão até o palco.
–          Qual é o seu nome, bonequinha? Indagou a atriz com meiguice.
–          Luísa de Jesus. Respondeu a menina, timidamente.
–          Levante a cabeça, para que todos vejam seu rostinho lindo! Pediu a professora, acariciando-lhe os cabelos compridos.
–          Como se chama a sua mamãe? Tornou a atriz. Luísa falou com voz clara:
–          Maria de Jesus.
Nesse instante, um homem grisalho aproximou- se da garota, entregando-lhe uma mochila e uma caixa magnificamente embrulhada em papel azul celeste!
Na volta para casa, Luísa transbordava de contentamento ao ver o seu sonho se transformar  em realidade; o  coração  palpitava  de  alegria  só  de imaginar o momento de presentear a amada mãezinha, no domingo Dia das Mães!

SORTE, OU AZAR?
Acordei numa manhã chuvosa de segunda-feira.
–          Puxa, quinze para as seis! Exclamei, percebendo que não alcançaria o ônibus em tempo.
A chuva fustigava a vidraça da janela do meu quarto de pensão. Em vinte minutos, já de banho tomado, desci apressado as escadas.
–          O café é servido a partir das seis e meia, moço. Informou a mulher, enquanto passava pano no chão da copa.
Na rua, a tempestade caía forte, encharcando-me sem dó! Eu esquecera o guarda-chuva no armário. Entrei na padaria da esquina.
–          A nova remessa de pão sai do forno em cinco minutinhos. Falou a moça no balcão.
Fiz que sim com a cabeça e pedi um café com leite.
–          Ai! Gemi ao queimar a boca com o líquido fervente.
Após dez eternos minutos, os pães chegaram. Perdi o ônibus das seis e trinta. Mastigava um pão sem manteiga, quando senti um alguém tocar de leve o meu braço.
–          Moço, me dê um trocado? Choramingou a criança ao lado.
Entreguei-lhe o outro pão e apontei a xícara de café com leite esfriando sobre o balcão. Atravessei correndo a rua e quase fui atropelado.
–          Ô, maluco, cuidado!
Virei para trás e só vi um carro cinza passando.
–          Para que tanta pressa, moço?
Alguém me puxou pela mochila. Parei, sem reação.
–          Estou atrasado para o serviço. Expliquei, sem ao menos ver quem era.
O sujeito embargou-me o caminho, olhando-me de frente. O aguaceiro cessara, felizmente.
–          Quero lhe fazer um convite.
Fitei-o, mas não o reconheci; sua fisionomia e seus cabelos brancos não me lembraram ninguém.
–          Domingo, eu faço aniversário, vá almoçar comigo! Convidou ele, sorrindo.
–          Mas eu nem sei quem é o senhor. Disse-lhe, sem jeito.
–          Você não é o filho do Antenor? Balancei a cabeça negativamente.
–          Desculpe-me, rapaz, é a velhice! Lamentou ele, soltando-me.
Continuei a andar.
–          Foi por água abaixo o meu primeiro dia de trabalho! Murmurei desolado.
Enfim, consegui pegar o ônibus das sete e quarenta.
Cheguei à fábrica às oito e cinquenta; e, para a minha surpresa, o portão estava aberto. Ao entrar, avistei uma multidão de operários no centro do pátio. Um homem gordo e calvo relatava que, no início daquela manhã, ocorrera um assalto na empresa.

O SEGREDO DO REI
Vivia num castelo ao sul da Europa um rei, cuja história correu o mundo: Soraya, sua primeira esposa, tinha os cabelos negros e morreu numa noite sem lua, ao pular de um despenhadeiro.
–          Bom dia, senhor, posso abrir as janelas? a manhã está linda! Perguntou-lhe a camareira com olhos baixos.
–          Sim. Respondeu ele, à meia voz.
–          Vossa Majestade deseja tomar o café aqui no quarto? Quis saber ela, descerrando as janelas.
–          Prefiro. Tornou o rei, grave.
–          Enquanto preparam ao senhor um magnífico café, direi ao Mordomo que venha auxiliá-lo no vestuário.
A um aceno afirmativo de cabeça, a mulher deixou os aposentos e dirigiu-se pressurosa à cozinha.
Sibele, a segunda esposa do rei, tinha os cabelos castanhos e foi encontrada morta com uma faca cravada no peito; descobriram-lhe o corpo a dez milhas de distância do castelo.
Depois de transmitir a ordem à copeira, a camareira comentou com o mordomo:
–          Eugênio, Sua Majestade optou por tomar o café no quarto. – Achei-o muito estranho hoje. Concluiu ela, aflita.
–          Não se preocupe, Luzia, o rei fica invariavel- mente assim diante de um grande acontecimento. Tranquilizou-a o bom mordomo e, encaminhando-se às escadas, disse:
–          Então, vou ajudá-lo a vestir-se.
A terceira esposa do rei era Sarah. Essa tinha os cabelos loiros, além de ser a mais jovem e bela das três castelãs! Sua morte, entretanto, foi a mais trágica de todas: sabe-se que ela se perdeu na selva e que as feras devoraram-na.
–          Com licença, senhor. Pediu o mordomo, assomando à porta.
–          Entre. Autorizou o rei, de pé ao lado da cama.
–          Eugênio, como andam os preparativos da viagem? Sem interromper o serviço, o mordomo garantiu-
lhe sorridente:
–          Tudo arranjado nos mínimos detalhes, e a seu gosto!
–          Eugênio. Chamou-o, carrancudo.
–          Pois não, senhor.
–          Refiro-me, em especial, às minhas caixas.
–          Estão esmeradamente espanadas, devidamente ajeitadas na mala, e envoltas em túnicas. Minuciou o mordomo, orgulhoso.
A porta do quarto rangeu, abrindo-se em seguida; por   ela   passou   uma   criada   empunhando   duas bandejas e, ao depositá-las sobre a mesa, retirou-se sem fazer ruído.
–          Excelente apetite, senhor, vejo-o na hora do almoço.
Assim que Eugênio saiu, o rei debruçou-se na janela por alguns instantes, depois sentou-se à mesa e se pôs a comer com voracidade.
Ao fim daquela luminosa manhã, chegou ao castelo uma carruagem da qual desceram dois homens. Um criado os conduziu à presença do mordomo, que os recebeu solícito:
–          Sejam bem-vindos ao castelo do rei…
–          Somos amigos de velha data! Cortou-o o mais alto.
–          Desde os tempos da puberdade. Acrescentou o outro.
–          Lamento profundamente, cavalheiros, mas o rei não poderá revê-los. Desculpou-se Eugênio, pesaroso.
–          Está enfermo, o nosso amigo? Arriscou um deles.
–          O que ele tem, meu Deus? Assustou-se o outro, erguendo-se nas pontas dos pés.
–          Sua Majestade, felizmente, goza de excelente saúde!
Aliviados, os visitantes esboçaram um sorriso.
–          Sendo assim, por favor, diga a ele que quem está aqui é Visconde de Serra Branca. Informou o primeiro.
–          E eu sou o Marquês de Palmeiral. Identificou-se o segundo, curvando-se numa mesura excessiva.
O mordomo olhou-os fixamente nos olhos e comunicou-lhes, peremptório:
–          É escusado insistirem, porque o rei foi taxativo ao dizer que não quer ver nem a própria sombra.
O rei banqueteava em seus aposentos, quando o mordomo aproximou-se; e, sem delongas, relatou-lhe o episódio. O monarca ouviu-o em silêncio, por fim falou:
–          Você é o servo mais fiel em todo o meu reino, Eugênio!
–          Obrigado, senhor, não faço mais do que a minha obrigação.
Ao término da tarde desse ensolarado dia, o rei encaminhou-se para onde o mordomo havia posto  as malas.  Abriu  a  maior  delas  e  inspecionou-lhe  o conteúdo; por sob as túnicas, suas mãos tocaram levemente as caixas e, com a respiração suspensa,  ele trancou a mala rapidamente, em cuja tampa seus lábios roçaram como num beijo sagrado!
Ao anoitecer, Eugênio recebera no castelo a visita de duas religiosas.
–          Eis o dinheiro que Sua Majestade lhe prometeu, Madre.
–          As obras de caridade o agradecem, e as pobres crianças ficarão muito felizes! Disse a mulher, recebendo das mãos do mordomo um envelope.
– Orei nunca faltou coma sua valiosa contribuição. Completou a outra irmã de caridade, acompanhando a mais idosa pelo corredor.
–          Boa noite, dignas senhoras! Desejou-lhes o mordomo, à saída do castelo.
–          Eugênio, Eugênio, socorro!
Os berros do rei despertaram toda a criadagem. Veloz como um raio, o mordomo irrompeu no quarto e encontrou-o sentado na cama, suado e ofegante.
–          Cá estou. Que foi, senhor?
–          Eu tive um sonho horrível com elas! Murmurou ele, passando um lenço pelo rosto.
–          Não é nada, Majestade, não se impressione à toa, é apenas o jantar que não fez a digestão. Acalmou-o o mordomo.
–          Elas dançavam em volta de um canteiro de rosas, e me acenavam; à medida que eu chegava mais perto, o canteiro crescia e elas se diminuíam; de repente, um fogaréu se apresentou à minha frente, além da fumaça que me sufocava…
O mordomo compadeceu-se do rei, e falou-lhe com brandura:
–          Hei de velar pelo seu sono nesta noite; amanhã, a viagem far-lhe-á bem; descanse em paz, senhor!
O dia amanheceu chuvoso. O mordomo acom- panhou o rei até o convés do navio.
–          Boa viagem, Majestade, divirta-se; afinal, o senhor sempre almejou conhecer a Ásia!
Chovia forte quando o navio zarpou mar afora. A tempestade desabou em pleno oceano, inexorável e fatal. Após duas semanas do naufrágio, um pescador retornando          da        pescaria           sentiu  que      algo     batera de  encontro  à  sua  canoa.  Este,  ao  pegar  o objeto, constatou que se tratava de uma mala.
–          Serão tesouros?! Exclamou ele, retirando as caixas contidas na mala.
Os olhos do pescador perscrutavam o interior  de cada uma das caixas; no semblante do homem, estamparam-se o espanto e o horror!
Ele afastou com os pés para o canto da embarcação a mala cuja fechadura fora arrombada com uma ferramenta; e, de mãos trêmulas, colocou na mala as três caixas e arremessou tudo ao mar.
–          Papai, o senhor jogou os tesouros para o tubarão? Indagou a criança, incrédula.
–          Esses tesouros não são abençoados, filho.
E, ao olhar outra vez para as águas, o pescador não avistou mais a caixa preta; a vermelha, ainda estava meio submersa; porém, a amarela flutuava ao longe como um pingo de sol!…

MENINO TRAVESSO EM NOITE DE TEMPESTADE
Era uma vez um menino que se chamava Loim; ele morava num sítio, onde havia um pomar cheio de árvores carregadas de frutas maduras.
Um dia, seus pais foram à cidade e proibiram-no de sair de casa. Mas Loim era levado, desobediente e teimoso.
Quando anoiteceu, e a sua irmãzinha Camila adormeceu, ele pulou a janela e correu para a estrada. Naná, a empregada, sem desconfiar de nada, vendo que tudo estava em silêncio, também foi se deitar.
Muito longe, havia uma luz; Loim ficou fascinado por ela, partindo em sua direção.
O menino atravessou uma ponte, passou debaixo de uma cerca de arame e subiu a montanha; no topo desta, havia uma fogueira perto da qual dançava uma velha apoiada numa vassoura. Assim que ela avistou Loim, chamou-o:
–          Meu neto, venha cá, meu netinho.
Loim hesitava, não deu um passo à frente.
–          Eu tenho docinhos, bolo de chocolate, tudo para você, meu netinho!
Loim, que era louco por docinhos e bolo de choco- late, não resistiu à tentação; acompanhou a velha e entrou com ela num lugar. Era um lindo castelo! Ele ficou encantado com a piscina redonda, a sala de jogos de todas as espécies, o parque repleto de brinquedos coloridos…
–          Você quer brincar? Perguntou ela, bondosa. Ele fez que sim com a cabeça.
–          Conte para a vovó, qual é o seu nome?
–          Loim. Respondeu ele, sorrindo!
–          Rá-rá-rá, Loim parece com passarim. Ela soltou uma gargalhada.
Depois, a velhinha puxou Loim pela mão, dan- çando agarrada à sua vassoura. Ao final do corredor, ela abriu uma porta de vidro e entraram num galpão; Loim levou um enorme susto e quase caiu no chão.
O menino avistou uma enorme cascavel pronta a dar o bote; ele correu para a direita. Lá, um leão rugia com tanta ferocidade, batendo violentamente as patas na grade da jaula, que o coraçãozinho de Loim disparou. Apavorado, ele correu para a esquerda; ali, uma onça pintada, trepada numa árvore, mostrou- lhe as garras afiadas.
–          Socorro! Gritou ele.
–          Rá-rá-rá, Loim, filhote de passarim, então voa, senão os bichos vão devorar você. Respondeu a velha malvada.
O menino olhou na direção da  voz  e,  para  a sua surpresa, viu a velhinha sentada num banco de madeira; ela segurava uma bandeja com docinhos e dois pedaços de bolo de chocolate.
O leão conseguiu arrebentar a jaula, a cascavel se arrastava pelo chão, a onça desceu do galho.
–          Socorro! Gritou Loim, de novo, morrendo de medo.
–          Rá-rá-rá, eu adoro crianças que desobedecem aos pais, não há neste mundo comidinha mais saborosa! Comentou a velha bruxa.
Loim resolveu correr para os fundos daquele galpão imundo, horroroso. De repente, ele encontrou uma escada de ferro na qual subiu rápido feito um raio, alcançando o telhado. A onça foi atrás dele veloz como um foguete e saltou sobre a escada.
O menino teve uma ideia genial: empurrou a escada com toda a força que os seus braços gordinhos foram capazes; esta girou e tombou nos pés do leão, que ficou urrando de dor. Enraivecido, o rei da selva atacou a onça, e as duas feras se enfrentaram numa luta de vida ou morte. A cascavel se enroscou dentro de um pneu de caminhão e permaneceu quietinha.
Aliviado, Loim nem quis assistir à briga dos bichos. Andando pelo telhado, no escuro, ele não enxergou bem o caminho e caiu lá de cima.
O menino rolou na ribanceira até chocar o corpo contra uma pedra. Ele passou as mãozinhas pelos cabelos sujos de terra, depois limpou com a camisa o rosto ensanguentado.
Começou a chover forte; trovões explodiram no céu, relâmpagos cortaram o ar. Loim se levantou, mas uma rajada de vento o derrubou. A chuva caía pesada; à sua volta, apenas o breu.
O menino criou coragem. Decidiu sair dali, contornando a pedra para se proteger da ventania. Espantado, observou a cerca de arame arrancada e o rio transbordando pela enchente; a ponte, as &aacu


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