Essa é a mais recente campanha do Itaú - uma convocação para todos os brasileiros que basicamente diz: "O futebol muda as pessoas... O futebol muda o país... Vamos jogar bola que vai dar certo.". Como podemos imaginar, essa postura cínica do Itaú - que apenas diz tais coisas de forma mascarada pelo descaso para angariar clientes, já que este é o "banco oficial da copa e da FIFA" - levou muitas pessoas ao cúmulo (incluindo moi).
O facebook foi povoado de comentários contra essa campanha, e esse foi um dos motivos que me levou a fazer esse post.
A crítica
Convenhamos primeiramente uma coisa - o futebol muda uma única coisa no nosso país, isso quando muda, que é a diferença socioeconômica (muitas vezes para pior, muito pior). Se vocês lembrarem bem, na década de 70, durante o governo Médici, a ditadura fervia no Brasil. E os brasileiros jogaram bola, muita bola; foram tricampeões. Mas o que isso mudou? Nada! Não fossem os ativistas políticos e estaríamos hoje vivendo numa ditadura.
Então, eis que surge uma campanha estimulando-nos a jogar bola. Concordo que possa ser uma metáfora para algo como "vamos fazer alguma coisa", "vamos agir"; mas que metáfora infeliz de se escolher essa do Itaú. E, contudo, não creio que tenha sido uma metáfora. O Itaú é o patrocinador da "tão aclamada" copa de 2014, quando o Brasil resolveu gastar seus recursos em esportes e corrupção do que em educação e saúde, então é mais uma campanha para mostrar isso, que ele estimula a prática de futebol ou pelo menos concorda com ela.
Não obstante, não é de hoje que o Brasil é um país inerte politicamente. A maior parte das pessoas sequer move um dedo para mudar o país. Nesse sentido, esse comercial se torna um reflexo dessa indolência corrosiva que acumulamos dia após dia. Tão acomodados nos tornamos, que a maioria de nós sequer enxerga a mensagem patética do comercial e somos arrastados pelas palavras mansas e cores vibrantes na tela.
Nós infelizmente não somos um exemplo de país. Somos um país de alienados (a maioria) que abre espaço a esse tipo de propaganda. E este é o banco feito para você. Senti-me envergonhado até a alma quando vi esse comercial. Todo o meu escasso orgulho de ser brasileiro foi pelo ralo até o esgoto mais próximo para encontrar alento com o orgulho dos demais. Sinto-me como a bola desse comercial, tendo-me as ideias chutadas pelas ruas do Rio de Janeiro porque não valem nada.
O que vale ali é jogar bola e ter uma conta no banco. A educação decai dia após dia, a Dilma não sabe se veta ou não o código florestal que não protege a floresta, a saúde está um caos, os políticos são um reflexo da nossa apatia e falta de informação, a corrupção corre solta, somos todos os dias inundados com informações irrelevantes e tendenciosas pela televisão, revistas como a Veja ignorando fatos relevantes do mundo para manter sua qualidade de PiG; e jogar futebol vai mudar o Brasil. Jogar futebol é a única maneira de mudar o país!
Se isso for verdade, queridos leitores, convoco-os a jogar futebol. O futebol estimula o comércio e a economia, que é o que mais precisamos para gastarmos o dinheiro ganho única e somente com o esporte (ou a corrupção). Para que se preocupar com saúde e educação? Com cidadania? Um jogador tem sua saúde garantida e educação não lhe é tão necessária.
Caso discordem disso, peço-lhes que ajam. Reclamem, critiquem, comentem, boicotem! Não fiquem parados. A não resposta ainda assim é uma resposta: é concordar. Pelo menos nesse momento, não sejamos apáticos. Façamos do Brasil aquilo que nós queríamos que fosse.
Ou, então, joguemos futebol. Parece que isso realmente muda o Brasil!
Carpe Diem, queridos leitores.