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SOBRE CARNAVAL E BIG BROTHER BRASIL

Tags: carnaval

Carnaval é uma data bem contraditória, onde os puritanos cultuam o sexo sem medo de julgamentos e os machões homofóbicos botam para fora seus instintos reprimidos, vestindo vestidos e babydolls. Tudo, é claro, em nome da alegria.

Passei muito tempo tendo a obrigação de não gostar dessa data. Reclamava pelo simples fato de reclamar, apenas para assumir o papel de ser o “do contra” na situação. Esse também era o mesmo comportamento diante de novelas e Big Brother Brasil.

Acredito que acontece com a gente, de uma forma bem sutil, um fenômeno semelhante ao que assisti no filme Forminha Z, quando decidem desde cedo o papel que cada um irá desempenhar dentro do formigueiro.

Também acontece isso em nossas relações sociais. Ainda na nossa infância, vem alguém – ou um grupo – e define o que seremos para o resto da vida. E no meu caso, fui rotulado como o “cara inteligente”. 

E no script do “cara inteligente” não é permitido gostar de programas de televisão e nem de carnaval.

Isso é muito chato e pode ser facilmente contestado. Afinal, nos últimos anos conheci muita gente inteligente de verdade e eles não são assim.

Descobri que as pessoas que mais admiro a inteligência não estão nem um pouco preocupadas com isso com a minha admiração.

Elas vivem normalmente aproveitando tudo o que lhes é oferecido e quando discordam de algo, simplesmente dão as costas e vão embora. Nada de discursos inflamados ou sermões com lição de moral. Não querem ser exemplo de nada e não fazem questão de que os outros saibam o que estão pensando.

Bem diferente daquele pseudointelectual que me ensinaram a ser. Aquele que tinha que opinar sobre tudo mesmo quando desconhecia o assunto.

Ser “o cara inteligente” é cansativo. E isso só acontece porque não é algo natural. Trata-se de uma intepretação de um personagem que criaram para o espetáculo da vida.

Há algum tempo decidi seguir os passos daqueles que não estão nem aí com a minha decisão. Os sábios disfarçados de pedreiros, pintores, garçons, faxineiros, avós e donos de bares, para citar só alguns exemplos.

Descobri que gosto de carnaval. Da mesma forma que gosto de novela, caso ela seja bem escrita, é claro. E isso não me deixa mais ou menos burro. É muito bom sentar no sofá ao lado do meu pai e assistir aos desfiles das escolas de samba sem me preocupar com o que vão pensar de mim depois.

Nem gosto tanto dos desfiles, como não entendo nada dos critérios técnicos de avaliação, parece que todos são iguais, mudando apenas as cores do estandarte carregado pela porta bandeira.

Porém, é gratificante curtir um momento em família sem correr o risco de fazer um comentário que poderia ofender meu genitor.

Relaxar e rir dos comentários no sense do velho é, sem dúvida, um show à parte, que me faz perceber como minhas atitudes eram insanas.

O que eu não gosto é dos clichês de carnaval.

Daquela necessidade incontrolável de se demonstrar alegria. Ou da obrigatoriedade de ter que viajar para o Rio ou Salvador, como se esses fossem os dois únicos lugares do planeta onde é possível ser feliz.

Obviamente, gostar ou não de carnaval não significa, necessariamente, ser conivente com seus métodos de financiamento.

Esse é um assunto que vale o debate, mas, de uma forma mais ampla. Bicheiros e traficantes estão bem mais presentes na sociedade do que deveriam. E relacioná-los apenas com as escolas de samba é justamente o que muita gente por aí deseja.

Aliás, restringir o conceito de carnaval aos desfiles na Sapucaí é mais um dos clichês que devemos tentar evitar.

Hoje, quando vejo uma propaganda sobre o BBB percebo o quanto fui ingênuo e me deixei manipular pelo sistema que sempre critiquei. Falando besteiras durante muito tempo, julgando pessoas, coisas e comportamentos que existiriam independentemente da minha opinião.

Foram algumas críticas duras e sem fundamento nenhum. Ou seja, fui um verdadeiro idiota arrogante escondido atrás de uma fantasia de intelectual. Tomado por um sentimento de superioridade que me tornava tão superficial quanto um político em campanha eleitoral.

Portanto, decidi que agora a nova regra é experimentar antes de opinar. Caso contrário, o silêncio é sempre a melhor opção.

Sendo assim, digo que gosto do feriado de carnaval. Sobre novelas, eu até assisto, mas, dependendo muito da trama. Já em relação ao Big Brother, confesso que tentei assistir. Porém, nesse caso, não mudei meu conceito.

Continuo não gostando, da mesma forma que não curto conversar com muita gente ao mesmo tempo em festas, por exemplo.

E este programa não oferece nada além disso… Uma grande festa onde as pessoas encenam seus personagens pré definidos e potencializam problemas que são irrelevantes diante de qualquer fatura de cartão de crédito.

Achei muito cansativo. Prefiro a ficção.


Tagged: big brother, carnaval, televisão


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