Posso ver,
Matar sem querer,
Expurgar o dócil,
Dar lugar ao fácil.
Posso ser,
Querendo não perceber,
Exterminar vidas,
Correr de almas sofridas.
Posso me perder,
Deixar-me enlouquecer,
Destruir o ninho,
Consolar-me no caminho,
Entre pedras ancestrais.
Posso envelhecer,
Entre formas anormais,
Envenar o puro,
Enxergar no escuro.
Posso emudecer,
Arrancar minha voz,
Gritar no ouvido do meu algoz,
Que ando muda,
Perdida, louca, suicida.
Posso renascer,
Virar novamente criança,
Elogiar meu desespero,
E celebrar a esperança.
Posso muito, posso pouco.
Aos poucos tomam forma,
As formas deste tronco
Em que matei , fui e morri.
Dentro do amor, em que aprendi e sorri..