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O trabalho enobrece ou degrada o homem?


Os processos decorrentes do Sistema monetário corrompem a sociedade e alienam as pessoas de seu verdadeiro potencial.”

Desde que São Bento rejeitou a ideia de que um monge pudesse viver apenas de ascetismo graças à esmola, estabelecendo a regra ora et labora, desenvolveu-se a ideia de que o Trabalho manual enobrece o homem. Claro, os poderosos não trabalhavam.

No século XVI, a era de Lutero e Calvino, a menos que você nascesse nobre, a única maneira de ter sucesso e acumular riqueza - já que não havia finanças especulativas como a conhecemos hoje - era trabalhar. Mas o trabalho é um incômodo necessário, uma espécie de penhor a ser dado com relutância à vida para garantir o direito de existir.

O trabalho torna-se assim, não uma forma de realização pessoal, mas o meio de conseguir dinheiro para viver, alimentando um círculo vicioso, criando um desequilíbrio entre nossos desejos mais profundos e os recursos para alcançá-los.

A que ponto chegamos, então? “Ao longo do tempo, inventamos ferramentas que poderiam nos fazer trabalhar melhor, com menos esforço. Poderíamos, assim, ter dedicado mais tempo às paixões, ao bem-estar, à busca da felicidade e do aperfeiçoamento. Infelizmente acabamos nos condenando cada vez mais, limitando-nos ao resultado mínimo da sobrevivência. Como se em séculos de evolução social não se pudesse fazer outra coisa senão voltar à pré-história." Simone Moricca

O certo é que o salário te paga pelo trabalho que você faz, mas não pelas horas que perde, nem pelo teu esforço, nem pela tua energia gasta, muito menos te paga pelos anos que se vão para sempre.

Em vez disso, deveríamos buscar o que nos faz sentir bem e não viver como escravos pensando que temos que sacrificar nossos dias à mera sobrevivência física, dividindo-nos entre a produção e o consumo, em um ciclo interminável de fazer e desfazer que não tem um fim real, exceto o de sobreviver. Devemos voltar a nos cercar de atividades, objetos e papéis que tenham alma e que não sejam conchas vazias, sejam de ouro ou de barro.

De fato, se você distanciar demais o trabalhador do resultado de seu trabalho, ele se sentirá alienado, no sentido de inútil, desvinculado de seu próprio compromisso com o produto ou atividade. Sua sensação será justamente a de trabalhar para ganhar e ganhar para viver. E é isso que hoje tantos de nós se submetem, assoberbados pela abstração de trabalhos hiperterceirizados, desconectados do mundo e às vezes aparentemente supérfluos - a síndrome da tela de Penélope, algo completamente autorreferencial, uma vida que come si mesma sem produzir nada.

A felicidade, até mesmo apenas o bem-estar, está em outro lugar, está na satisfação, está na produção de sentido, de perspectivas, mesmo mínimas.

O Sistema Monetário é considerado uma força positiva na nossa sociedade graças à sua alegação de que produz incentivos e progresso. Na verdade, o sistema monetário tornou-se um veículo para a divisão e o controle totalitário.

Ele é a expressão máxima do lema “Dividir e conquistar”, pois em seu núcleo estão as suposições de que devemos lutar uns com os outros para sobreviver. Que os seres humanos precisam de um “estímulo” recompensador para fazer coisas significativas. Essa é uma perspectiva triste e incrivelmente negativa do ser humano. Supor que uma pessoa precise ser “motivada estruturalmente” ou “forçada” a fazer algo é simplesmente absurdo. Conforme o tempo passa em nosso sistema, a curiosidade e auto-motivação naturais que havíamos quando crianças, são extirpadas, pois as pessoas são forçadas a se ajustar a um sistema de trabalho especializado, fragmentado, quase predefinido para poderem sobreviver. Por sua vez, isso costuma criar uma revolta interior natural nas pessoas devido à obrigação, e foi assim que separamos os momentos de “lazer” e de “trabalho”.

Temos que trabalhar só para produzir, para comprar bens que não precisamos, com dinheiro que muitas vezes nem é nosso, para continuar fazendo parte de um mundo que nos acolhe apenas pelo que temos, portanto, um mundo que não devemos desejar. Enquanto isso, nossos anos se vão, nossas paixões se apagam, nossos sonhos morrem antes de serem gerados. O melhor da nossa vida é estrangulado pela ausência do tempo, pela ansiedade, pela pressa.

Uma economia que usa recursos existentes em vez de dinheiro.

Imagine um futuro próximo onde o dinheiro, a política, os interesses pessoais e nacionais foram eliminados. Embora essa visão possa parecer idealista, ela se baseia em anos de estudo e pesquisa experimental. Chama-se Projeto Vênus concebido por Jacque Fresco que apresenta uma visão alternativa de uma civilização mundial sustentável, diferente de qualquer sistema político, econômico e social já existente.

Fresco acredita que é possível construir uma sociedade assim, na qual as pessoas vivam “vidas mais longas, saudáveis e significativas”. E como se consegue tal prodígio? Fácil: “substituir a economia baseada em dinheiro por uma economia baseada em recursos”. Essa visão emerge da constatação de que processos derivados do sistema monetário, como o trabalho e a competição, corrompem a sociedade e alienam as pessoas de seu verdadeiro potencial.

Nós somos o que nós fazemos. Nossas criações nos caracterizam como seres únicos e inimitáveis. “Pensar é um trabalho árduo; por isso poucos o fazem”. declarou Henry Ford.

Nascemos sem manual de instruções, morreremos sem nunca ter sido antes. Seria esse o significado da vida? Então, o que nos impede de começar um trabalho necessário para a mudança, agora, imediatamente, sem demora? “Vives acreditando de poder viver para sempre…” Já dizia Sêneca, há dois mil anos atrás.

Precisamos começar a abandonar ideais opressivos e caminhar em direção de um sistema projetado para cuidar das pessoas... Não para forçá-las a lutar por sua sobrevivência.

Precisamos dar sentido ao nosso tempo não só porque ele é curto, mas para uma ética de vida que perdemos. Quer o mundo acabe ou não, estamos aqui hoje, e a coisa grave não será o desaparecer, mas o nunca ter existido. Deixamos de existir... a cada dia no trânsito; cada vez que o Sistema nos obriga a gestos que não são nossos; não existimos quando fazemos compras inúteis, quando vivemos nove horas por dia com pessoas que não escolheríamos, se pudéssemos. Não existimos quando decidimos impulsivamente, enquanto a mudança é um processo, um percurso para começar imediatamente, agora, e no qual trabalhar muito, para dar sentido à nossa vida, interiormente, antes que tudo mude. Antes que a mudança não seja mais possível." S. Perotti.

A luta pela sobrevivência é necessária ou é uma falsa crença? Cap.XIII

Tang ping" e "Yolo Economy" – A rebelião silenciosa dos jovens na China e EUA: negar o dinheiro como medida de felicidade.– Cap.10



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