Get Even More Visitors To Your Blog, Upgrade To A Business Listing >>

Longe das Luzes

Por Dan Cilva

A cerveja barata era o que dava super poderes e Aquela roupa justa tornava a chegada nas garotas Um facilitador.  Era um conjunto imbatível.

Naquela Noite Paulo já havia tomado umas seis e com aquela habilidade nas palavras levou umas três cocotinhas ao dark room. Eu pra bancar o diferentão estava encostado no bar esquentando o fundo de um copo de vidro. O suor da garrafa escorria enquanto as bolhas subiam. O ocorrido da noite anterior não saiam da minha cabeça e a vinda até a boate para distrair foi ideia do Paulo que parecia não se importar com ontem.

Eu sei, to insistente nessa ocasião,  então vamos lá.
O carro é meu,  um chevete velho mas cheio de histórias,  umas boas e outras nem tanto,  mas sempre histórias da carne safada. Era quase meia noite dirigindo pelas ruas da República procurando umas novinhas ou um buraco para entrar,  um inferninho, de certo que as três coisas podem ser a mesma.

Entre baseados e cervejas acabamos indo num canto conhecido que nunca deixava na mão,  o Love Light que abocanhava todo tipo de gente já estava bombando.

Tudo numa balada são espelhos e fumaça, espelhos de banheiro onde Beth e Susy retocavam o batom (sim, eram seus nomes de guerra) e a fumaça da maconha já era neblina leve ao som de Tim Maya.

Era lá pelas tantas e as raparigas a tiracolo saímos bem loucos. Eu queria mijar, fui no canto escuro do lado do Love Light. Era um beco escuro mas servia pra isso. To eu lá esvaziando a mente e foi quando eu ouvi um som bizarro lá do fundo do escuro. Parecia algo sendo rasgado violentamente seguido de um despejar. Dois olhos brilharam lá do fundo,  tipo quando você vê um gato no escuro.

Eu travei ali com o pau na mão sem a voz sair, sem as pernas responder. Paulo e as meninas já estão putos me xingando do carro. Eu queria gritar, eu juro. Mas aquela coisa crescendo sobre suas pernas tinha uma presença que me fazia sentir como o rato diante da cobra.

Eu gelei e quase desfaleci após tal animal ou monstro ter sumido no escuro.
Eu não transei aquela noite, Paulo por outro lado pegou duas por uma.
Eu não dormi aquela noite,  meu amigo também não.

Os gemidos e batidas da cama na parede do quarto ao lado só não eram maiores que os golpes que meu coração davam na caixa do peito.

Eu não dormi e só te conto isso na tentativa de aliviar dessa loucura.
"Tudo bem."

Penso comigo que nos olhos de meu ouvinte havia o mesmo brilho da fera da outra noite... Espero ser só a cerveja...



This post first appeared on Contos À Espreita, please read the originial post: here

Share the post

Longe das Luzes

×

Subscribe to Contos À Espreita

Get updates delivered right to your inbox!

Thank you for your subscription

×