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O mal

"Você acredita no mal?"
Esta pergunta me foi feita por um estranho no balcão de um bar sujo de um canto sujo de uma cidade cheia de imundícia.
"Acredito no Homem e todas as merdas que é capaz de fazer"
Mais um gole subiu no copo é desceu a goela tamborilando e queimando garganta a baixo e lá no escuro das minhas entranhas senti um pouco de conforto subindo para a cabeça.
"Mais uma, eu pago" disse o estranho.
Por pior que me tornasse ao beber, cada gota tornava em mim uma noção cada vez mais apurada do mundo.
"O mal... é este mundo de promessas fáceis e arrependimentos derramados nos ouvidos alheios"
Já havíamos secado uma garrafa de wisck barato quando notei que apenas nos três restamos naquela madrugada, eu, o estranho e o dono do bar.
"É hora de ir" eu disse.
As notas amassadas sobre a madeira velha do bar pagavam bebidas e gorjeta ao barman. Meus pés tentavam se acertar um após o outro já me levando pela rua molhada daquele fim de noite.
As luzes estouraram por entre as espaçadas gotas de chuva que caiam uma a uma. As pernas moles e um relaxamento mental não me permitiu perceber quando cheguei em casa.
Minha noção e tolice distanciaran-se enquanto as chaves tilintavam enquanto girava uma delas na fechadura da porta. A madeira do meu piso rangiu mas eu não dei nenhum passo. Minha casa de dois andares era do tipo antiga e teimosa resistindo a duas guerras e toda a linhagem medíocre de minha família e toda sua luz, naquele instante ela estava escura. Os interruptores apenas clicavam de cima para baixo e repeti o gesto na gola esperança de banir a escuridão, cúmplice de sons e formas advindas de infernos criados por uma mente maliciosa irrigada com álcool vulgar.
Sabia que morava só é que havia um roteiro da casa que não se modificada, era silenciosa e grande suficientemente para alimentar a solidão.
Enchi-me de coragem e adentrei as trevas atrás de luz. Sabia que restava ainda alguma vela ou toco que fosse. Os dedos atrapalhados procuravam entre gavetas e objetos sem valor uma fonte de luz qualquer. Sentia atrás de mim a treva que engordava e crescia em tamanho e força e cada demônio que surgia em minha mente se aproximava mais e mais.
Encontrei por fim um esqueiro que deixou uma fraca luz por onde eu passava, mas foi suficiente para encontrar velas e espalha-las pela casa.
A água da pia de meu banheiro está gelada e fez o trabalho de me tirar o resto do efeito do álcool degustado aquela noite com um total estranho.
Por fim o sono pesou minhas pálpebras, arrastei meu corpo até a cama, uma vez deitado sob o grosso cobertor marrom deixei o sono vir mais e mais.
"Você acredita no mal?"
Essa voz tomou  para sempre o silêncio da noite e o brilho afiado cortou a noite junto a porta do meu quarto.



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