Por Dan Cilva
Preciso voltar...
Não aguento o tamborilar do lápis contra o papel da minha prova. Gostaria que acabasse logo essa aula, amanhã estarei aqui novamente. Por que os Pais nos mandam estudar todos os dias?
Preciso voltar...
Logo que o sinal da escola soou, passei velozmente pela porta e nem vi quando desci os degraus para fugir dali pelo velho portão de aço caindo aos pedaços.
Apos o ultimo degrau, me aguardava um pé e em seguida o gosto de Sangue e asfalto se misturava em minha boca. Os chutes vinham de todos os lados. Minha pele ardia e a carne chorava com cada novo golpe.
Preciso voltar... Não Feche...
Caralho! Um momento apos o outro e um sorriso no canto da minha boca onde escorria um fio de sangue quente desabrochou um sorriso malicioso. Alguém dentre os agressores gritou por ter o pé rasgado em dois.
Não feche...
O mundo era agressivo, hostil e queria me destruir a cada segundo. Cada respirar era uma forma de me manter dentro, me controlar. Contar até dez... Uma piada de mal gosto.
Ele tombou, eu me ergui entre todos que congelaram de medo. Era eu, sou eu... A somatória do surto, a dor tornada pelo chão como o sangue dos culpados que agora fugiam. Era o fim.
Retomando...
Agora eram muitos que ladeavam cercando os agressores, eu era o monstro.
A vitima entre os olhares culposos entre os jovens herdados de pais irresponsáveis que se acovardaram por um sistema de regras de certo ou errado gerindo monstros, gerando corpos no necrotério.
Uma instituição podre gerando pessoas podres que nem a fertilizante estão servindo. Cruéis, ladrões e preconceituosos. Assim somos ensinados herdando o ódio de nossos pais pelos pais dos outros, pelos filhos dos outros.
Mostramos nosso pior até nos sentirmos seguros e tornamo-nos o pior de nos mesmos. Covardes...
Não feche...
