A gravidade das palavras Ditas me impede os movimentos
Sob o peso das mal ditas meus músculos me recusam
Mais que a pressão do meu corpo, me paralisam os sentimentos
Agora preso sob os olhares dos que acusam
Tentei me levantar em vão
Não há o que me mova através da sala
Não há o que me atraia mais que o chão
Perplexo, procuro abrir a boca que se cala
Há alguns dias as luzes se apagaram
O conforto e o medo do escuro se confundem
Como o desalinho dos que se amaram e odiaram
O descompasso dos que se matam esperando que se curem
Não há mais maneiras de mostrar que foi Leve a intenção
E que perfuram a alma os dedos apontados
Aquela que lhe foi entregue sem proteção
Como fazem os que amam descuidados
Foi sem medo que me levantei outras vezes
Fui me apoiando em seus pés indecisos
Juntos caminhamos juntos por meses
Entre pedras, névoas, sorrisos
Levanto minhas mãos espalmadas
Esperando que me abrace e me leve
E que por entre nossos dedos calejados
Comece agora o futuro que se escreve