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RINOCERONTES NO TELHADO


(Foto: Pierre-Philippe Marcou/AFP)

Um conto de Fábio Cezar

Durma-se com um barulho desses! Não Eram cinco da manhã ainda quando começou. Primeiro as pancadas, depois, os grunhidos.

Estavam lá, cinco ou seis, selvagens, irascíveis, grotescos, a correr de um lado para o outro.

Eu é que não atrever-me-ia a tirá-los dalí. A mordida de um deles seria terrível, apesar de serem herbívoros. Sem falar dos chifres.

Deitei a cabeça sobre o travesseiro novamente. Mas, enquanto os perissodátilos emitiam vocalizações e caminhavam de um extremo ao outro da laje de concreto, eu rolava na cama, inquieto sem conseguir retomar o sono.

Aos poucos foram chegando também os tchiluandas a catar-lhes os carrapatos da carcaça e gorjear satisfeitos.

Apesar do tamanho dos mamíferos e de Toda confusão causada, meus familiares continuavam a dormir, inabaláveis, o sono de Morfeu. Alguns vizinhos chegaram a olhar pelas janelas, entretanto não se importavam com a manada em cima de minha humilde residência. Afinal, aquilo não era problema deles.

Já pelas seis, o estrago era completo: os gigantes famintos haviam devorado as plantas que eu cultivava em vasinhos de cerâmica, quebrando telhas e espalhando cocô, muito cocô, por toda laje.

Tive a impressão de tê-los ouvido gargalhar de mim e de toda aquela situação e transtorno ocasionado.

Enfim, eles, os rinocerontes, venceram e eu desistia de dormir.

Os rinocerontes no telhado, senhores, eram o peso em minha consciência culpada por uma existência de erros cometidos.

Rio de Janeiro, 15/01/2013


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