Publico esta opinião muitos, largos meses após ter lido o livro.
The It Doesn't Matter Suit and Other Stories é um conjunto de dois contos e um poema infantis, escritos por Sylvia para os seus filhos, Frieda (cujo livro George me apela imenso) e Nicholas. Esta obra é um pouco diferente daquilo que conhecia de Sylvia Plath, mas não surpreende a sua versatilidade e amplitude enquanto escritora, nem a forma como conseguia alcançar o mundo imaginativo da infância.
O conto que dá o título à colecção é sobre Max Nix, cujo sonho era ter um Fato. Este fato seria a roupa perfeita para toda e qualquer ocasião.
If Max had a suit for doing Everything, the cats in the alleys and the dogs of Winkelburg would follow him uptown and downtown, purring and grrring with admiration.
Enquanto pessoa (cuja cadela) é seguida por gatos de rua, compreendo perfeitamente de onde viria este desejo de Max. Um dia, chega à casa da família (Max é o mais novo de muitos irmãos) um "wonderful, woolly, whiskery, brand-new, mustard-yellow It-Doesn’t-Matter Suit". Os irmãos vão experimentando o fato, um a um, do mais velho ao mais novo - todos o vão rejeitando, a mãe Nix a fazer cortes e costuras a cada um de modo a que lhe sirva, todos com receio que o amarelo mostarda, a lã, a textura do fato seja inadequada para qualquer tipo de actividade, todos com receio que as pessoas de Winkelburg os julgassem. Todos, até que o fato chega a Max.
Quantas coisas não rejeitamos com medo (infundado, desnecessário) do julgamento dos outros?
O segundo conto, Mrs. Cherry's Kitchen, tem alguma magia e muita imaginação e, de certo modo, antropomorfiza electrodomésticos (dos pequenos aos grandes). Mrs Cherry, uma fada do lar, com muito brio na sua cozinha, que agradece à sua torradeira sem saber que existem forças mágicas por trás da mesma (os pixies Salt e Pepper) - e sem saber que o agradecimento não é suficiente, que a torradeira quer fazer mais da sua vida. Talvez um pouco moralista se lido de forma muito literal - a cada um o que é seu, a sua função, ficar limitado ao papel que nos foi atribuído -, mas nem eu estou assim tão mal humorada para ler o conto assim. É divertido.
Por último, The Bed Book não é um livro, mas sim um poema sobre camas. Foi o que menos gostei dos três textos deste pequeno volume, mas percebo o seu encanto. Acho que nunca tinha lido um poema sobre camas...
Ilustrações de David Roberts.
4/5 não é o melhor da Sylvia Plath, nem o melhor livro infantil que já li
Podem comprar esta edição na wook, ou em português com as ilustrações de Rotraut Susanne Berner, na wook.