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Capitão América: Guerra Civil | Crítica

Foi um processo muito bem planejado da Marvel de construir seu universo. A Fase 1 apresentou um número de super heróis e reuniu eles em uma mega evento. A Fase 2 deu sequência aos heróis apresentados e estabeleceu novos universos a personagens desconhecidos. Eis que estamos na Fase 3, a última Fase dessa mega saga que a Marvel iniciou em Homem de Ferro (2008). Capitão América: Guerra Civil pode ser encarado como a desconstrução da Fase 1 e 2 e o ressurgimento de algo novo no MCU (Marvel Cinematic Universe).

Os fãs ficaram meio divididos no final de Vingadores: Era de Ultron (2015). Muitos que foram enganados pelos trailers sérios, não gostaram do filme leve e engraçado e que no final está todo mundo bem. Em Guerra Civil, mostra que os eventos de Era de Ultron não ficaram nada bem. Eles rondam os Vingadores o tempo todo e após a missão inicial do filme, com os Novos Vingadores enfrentando o Ossos Cruzados (Frank Grillo), que acaba em mais uma catástrofe, é a gota d’água!

“As pessoas estão com medo!” diz Thaddeus Ross (William Hurt), relembrando os Vingadores a Batalha de Nova York, a destruição da SHIELD em Washington DC, o pedaço de Sokovia levantado por Ultron e o desastre em Lagos no início do filme (por algum motivo aparente eles ignoraram que o Thor e os Elfos Negros destruíram Londres e que o Hulk e a Hulkbuster também fizeram um estrago na África do Sul). O governo quer impor o Tratado de Sokovia, que consiste nos heróis se registrarem e trabalharem pro governo, ao invés de lidarem por conta própria como bem querem.

De um lado, Tony Stark (Robert Downey Jr.), assombrado pelas suas irresponsabilidades passadas (entre elas, criar o Ultron) e o peso de Sokovia que cai sobre seus ombros, fica a favor do Tratado. Enquanto Steve Rogers (Chris Evans), defende a liberdade dos heróis e que só eles, sem a mão do governo, são capazes de deter as ameaças que enfrentam. O Capitão Rogers por alguns momentos reflete se o seu ponto de vista é o certo e sempre que ele fica no dilema, alguma figura do seu passado retorna e é no meio da suspeita que o Soldado Invernal (Sebastian Stane) causou um atentado na ONU, que o Capitão América fortalece sua visão política, defende seu amigo Bucky e divide os Vingadores. Com esse atentado na ONU, somos introduzidos a figura de T’Challa (Chadwick Boseman) que não busca nenhum lado político na trama e sim a boa e velha vingança!

Os irmãos Joe e Anthony Russo dirigiram Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014) que é o filme mais pé no chão da Marvel. Um thriller de espionagem, com perseguição de carros, porrada de um humano contra um humano, “ação real”. Era uma estética que não combinava em nada com Os filmes dos Vingadores dirigidos por Joss Whedon, muito mais fantasiosos, coloridos, ação de quadrinhos. Por isso houve uma ressalva da minha parte sobre como os irmãos Russo conseguiriam adicionar esse elemento em Guerra Civil e mais ainda em Avengers: Infinity War parte 1 e 2. Felizmente, os diretores não só conseguiram fazer os Vingadores funcionarem, como criou as melhores cenas envolvendo os heróis em qualquer filme da Marvel!

Talvez a maior qualidade de Capitão América: Guerra Civil é ser, talvez, o terceiro filme de um super herói e ser muito bom. Existe o tabu dos terceiros filmes de super heróis serem ruins (Homem-Aranha 3, Blade Trinity, Homem de Ferro 3, X-Men: O Confronto Final) e esse aqui é muito bom, mesmo tendo as características que estragam os terceiros filmes de super heróis: muita coisa acontecendo! Os irmãos Russos tinham a difícil tarefa de continuar a trama deixada no final de O Soldado Invernal e junto disso, adaptar uma das maiores sagas contemporâneas da Marvel Comics e não só dar o tempo necessário para os heróis, como apresentar o Pantera Negra e introduzir o nosso querido Amigão da Vizinhança, o Homem-Aranha no MCU. Parabéns, conseguiram!

Os heróis são muito bem desenvolvidos e conseguem ter seus momentos, mesmo não sendo diretamente ligados a trama. Em específico para o relacionamento do Visão (Paul Bettany) e da Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) que são momentos simples e já desenvolve a personalidade dos dois e alegra os fãs de quadrinhos também. A Feiticeira Escarlate, aliás, uma das personagens que mais se destaca em Guerra Civil. Os Russo pegaram bem a questão do uso telecinético dos poderes dela e criaram várias situações de cenas impactante e criativas para o andamento do filme.

Os irmão Russo conseguiram trazer a melhor versão de uma cena de quadrinhos para a tela com “realismo”. Por mais que adoro o trabalho de Joss Whedon nas cenas dos Vingadores, elas eram só visual, você tinha que ter suspensão de descrença para acreditar nelas. Com o tom pé nó chão na ação do Soldado Invernal, eles põem a câmera perto dos heróis e conseguem dar momento de lutas memoráveis para eles. A cena inicial dos Novos Vingadores em Lagos é empolgante e era só o aperitivo do que o filme iria entregar (o Falcão e o Asa Vermelha são sensacionais). A sequência inteira do aeroporto é a melhor coisa já feita no MCU para os fãs de quadrinhos. Consegue abraçar o visual Marvel e ter um apego real!

O Pantera Negra rouba a cena! Chadwick Boseman toma uma postura muito particular pro personagem, existe uma aura de realeza na figura do T’Challa. O desenvolvimento do arco dele é o melhor, o uniforme é sensacional, as cenas dele lutando empolgam e a Marvel conseguiu deixar todos ansiosos para o filme solo dele em 2018.

Obviamente que o Capitão América é o que mais tem cenas, mas o filme consegue fazer algo até melhor do que a HQ Guerra Civil: não vilanizar Tony Stark. Tanto nos quadrinhos quanto no filme, os heróis apresentam seus argumentos e valores para ficar a favor ou contra o Registro e os dois lados têm argumentos válidos. Porém chega um momento no quadrinho que Tony Stark começa a tomar algumas atitudes questionáveis enquanto o Capitão América parece ser o certo na história. Houve o receio de que como era um filme do Capitão América, veríamos só o lado do Sentinela da Liberdade, enquanto o Homem de Ferro, o playboy engraçado da Marvel, se tornaria o “malvadão” da história do nada.

É interessante ver como a Guerra Civil é movimentada pelos ideais políticos do Homem de Ferro e do Capitão América e não como briguinha de amigos como foi visto no primeiro trailer. Todavia, a parte íntima dos heróis, envolvendo a amizade, é muito bem feito! A relação do Steve e do Tony e como ela foi construída desde Os Vingadores para ser colocada em prova, aqui flui muito bem e claro, a relação Steve e Bucky, que sempre movimentou o Capitão América desde o primeiro filme, é o centro do filme. É muito tocante ver isso aqui em Guerra Civil, porque foi uma construção muito bem feita entre os filmes da Marvel e que dificilmente vai haver um furo narrativo na relação deles! Outros dois que desenvolvem bem uma relação e é um tanto cômico, é o Falcão e o Bucky. Os dois meio que disputam a amizade do Capitão ao mesmo tempo que se entendem e criam uma amizade.

Tanto em Homem de Ferro 3 e Vingadores: Era de Ultron tentaram dar uma transformada em Tony Stark, deixando ele mais sombrio. O problema é que eles não davam o desenvolvimento necessário. Talvez a melhor coisa do personagem em Era de Ultron foi aumentar a tensão dele com Steve Rogers, que já havia começado em Os Vingadores. Se Guerra Civil funcionou, muito foi por causa de Robert Downey Jr; ele nunca esteve tão bem como está nesse filme. Finalmente conseguiram dar um drama ao personagem que convence e não vai ser destruído por uma piada. O ator constrói a figura do Tony Stark engraçado, mas já quebrado e exausto. Com o passar do filme, ele vai ficando mais tenso, nervoso e você compreende as reações dele. Não há nenhuma atitude ou reação que o Stark cometa e que não seja justificável.

Outro questão dramática que é desenvolvido pela figura do Tony Stark e que a cada filme foi discutido de uma forma bem sutil, é a inveja que ele sente por Steve Rogers em relação ao seu pai, Howard Stark. Em Homem de Ferro 2, vimos que a relação de Tony com seu pai nunca foi das melhores; em Capitão América: O Primeiro Vingador, um jovem Howard Stark ajuda no processo de transformação de Steve Rogers em Capitão América e constrói uma breve amizade; em Os Vingadores temos o primeiro encontro de Tony e Steve, cheio de alfinetadas – “era esse o cara que meu pai não cansava de falar?”. Isso também é utilizado de uma forma sutil em Guerra Civil, mas é algo que torna ainda mais particular e dramática a reação de Tony Stark no clímax do filme, principalmente se lembrarmos de uma cena no início onde vemos um Robert Downey Jr. rejuvenescido. Bem tocante!

Outra coisa que o filme consegue muito bem é a construção de tom. Ele consegue ser mais denso que o Soldado Invernal, mas também mais engraçado. Principalmente por colocar os personagens certos para fazer o humor. Como é o caso do Homem-Formiga (Paul Rudd), que está sensacional, a entrada dele funciona, também tem as melhores cenas cômicas e de ação e claro, o Homem-Aranha.

Muitos podem achar que é muito cedo ou que é pouco tempo de tela para dizer, mas direi mesmo assim: é o melhor Peter Parker/Homem-Aranha do cinema! Por mais que o filme Guerra Civil, num todo é um acerto, o que fizeram com o Homem-Aranha é de se emocionar. A primeira cena do Tom Holland no filme é a melhor cena dele. Em dez minutos, mostrou como a Marvel conhece o personagem dela, o maior personagem dela e como o Homem-Aranha é importante para tantas pessoas. Sem falar que apresentou a Tia May (Marisa Tomei) mais linda dos cinemas!

Sempre rolou a rixa entre se Tobey Maguire ou Andrew Garfield era o melhor Homem-Aranha (rixa que para mim nunca existiu, porque por mais que o Andrew Garfield seja um bom ator, o papel que a Sony deu para ele interpretar nunca foi Peter Parker nem Homem-Aranha), isso acabou agora. Tom Holland é o Peter Parker jovem, nerd, tímido e um Homem-Aranha piadista, da forma mais inocente possível, fã dos Vingadores e que mesmo não falando, sabe que “com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”. O uniforme dele também está sensacional, mas rola em algumas cenas um estranhamento que parece que ele é digital. Na minha opinião, creio que foi por causa do péssimo 3D convertido que deixou essa impressão, mas vamos ver como fica em “Spider-Man: Homecoming”(2017)!

Capitão América: Guerra Civil é um ótimo filme, mas também sofre de alguns problemas de terceiros filmes de super heróis: personagens de mais. O personagem Thaddeus Ross foi trazido de volta depois de ter ficado lá atrás em O Incrível Hulk (2008), mas a figura dele não tem a devida importância. Por terem trazido de volta ele, imaginei que dariam uma participação mais importante ou algo até pro futuro da Marvel, como ela costuma fazer. Eles poderiam simplesmente ter botado outro personagem no lugar de Ross, como o personagem de Martin Freeman, que está no filme apenas para dizer que está, pois ele é completamente dispensável. Outro personagem que meio que cai de pára-quedas é o Gavião Arqueiro. Todos sabemos que ele nunca foi um personagem muito bem tratado dentro da Marvel e o próprio Jeremy Renner já reclamou disso e mesmo tendo tido um desenvolvimento em Era de Ultron não foi o suficiente, mas ele não estraga a trama, faz o trabalho dele, atira algumas flechas e deu. Emily VanCamp talvez seja a atriz mais funcional ali dentro. Aparece quando é necessário, é desenvolvida, faz o que deve fazer e vai embora!

Como é de costume do MCU, Capitão América: Guerra Civil sofre com seus vilões. Primeiro porque o Ossos Cruzados foi subaproveitado. Pensando em toda a construção do personagem e a origem dele em O Soldado Invernal, esperava que ele realmente tivesse uma relevância (afinal, pra quem leu Guerra Civil, sabe o que ele faz) e não fosse só um vilão inicial. O outro é o “Barão” Zemo. Daniel Bruhl é um excelente ator, manda bem no filme, as motivações dele são coesas e até tocantes, mas são dois problemas: o primeiro é o fato dele não ser o Barão Zemo. ele não tem nada do personagem além do nome e isso é um tanto frustrante pros fãs da Marvel, que são o primeiro público. Se tivessem chamado ele de qualquer outra coisa que não fosse Zemo, não teria problema, afinal, Guerra Civil não precisa da figura de um super vilão. Segundo, é que Guerra Civil tem vários elementos de Batman Vs Superman, sejam eles implícitos ou explícitos e o Zemo faz exatamente o mesmo papel que o Lex Luthor (Jesse Eisenberg) no filme da DC. Isso causa comparações iminentes e dependendo da situação, até injustas.

Já é até clichê dizer que a Marvel acertou de novo. Fez um filme mais denso, com um tom de divertimento forte ao mesmo tempo, mas que a sensação final é um tanto decepcionante. Guerra Civil, da mesma forma que o filme Watchmen, sofre do peso da obra original. Quem leu Guerra Civil, sabe que o final é bem grave, bem pra baixo, uma derrota e que marcou por um tempo as histórias da Marvel. A Guerra Civil dos cinemas, é um ótimo filme, redondinho, não perde tempo fazendo referência com coisas cósmicas nem nada que não seja relevante, mas  faltou um peso no final. Algo que realmente mudasse um pouco o MCU como tanto prometeram. Não é um final alegre, mas mesmo assim ele é um “final Marvel” disfarçado de tenso. Como disse lá no início, ele desconstruiu a Fase 1 e 2 e ressurgiu como algo novo. Entretanto, será o novo, diferente do que já vimos antes? Sejam bem vindos à Fase 3 do Marvel Cinematic Universe!

Nota: Q Q Q Q Q

Observação: Há duas cenas pós créditos. Fique sentado quando o filme acabar!



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