Revival é o mais novo Livro do renomado escritor norte americano Stephen King. O autor dispensa apresentações, é considerado um dos maiores escritores da atualidade e das últimas décadas; escreveu clássicos como Carrie, O Iluminado, A Coisa, O Cemitério, A Espera de um Milagre, O Saco de Ossos, entre tantos outros infinitos títulos conhecidos. Por ser um grande fã de sua obra, ter lido incontáveis livros dele e sempre aguardar ansioso notícias sobre seus escritos, as palavras que escrevo tem um certo pesar.

Como tem uma sinopse forte, e os divulgadores do livro terem destacado que o autor estava de volta com o terror, dizendo que o livro era encerrado com um desfecho assustador e que revolucionava a carreira de King entrando para a lista de seus clássicos, acabei criando muitas expectativas. Muitas mesmo. Talvez seja por isso que me decepcionei profundamente com as quase 400 páginas (na versão brasileira) que devorei em 3 dias.

“Revival” trata de perda da fé, drogas, eletricidade, morte, cura e rock’n roll, entorno da vida de Jamie Morton, e desde o principio, vendo que o livro começava narrando a infância de Jamie nota-se que haverá muita coisa a ser desenvolvida. Sabendo que Stephen tem o poder de fazer seus leitores se apegarem profundamente aos personagens, eu, ávido, esperei para que isso acontecesse. Esperei até o fim da leitura e continuo esperando.

O livro é narrado por Jamie e acompanha sua vida inteira – ambientada no Maine. O livro começa descrevendo a infância de Jamie e o seu primeiro contato com Charles Jacobs que era o novo reverendo da pequena cidade onde Jamie morava com a família. Jacobs, sua mulher e seu filho pequeno viraram ícones da comunidade por conquistar a simpatia de todos, principalmente das crianças que ficavam encantadas com os “truques” que o reverendo fazia. Esses truques e brincadeiras envolviam eletricidade – a grande paixão da vida dele. Jamie acaba se tornando um grande amigo de Jacobs, revelando uma ligação muito forte e quase sobrenatural entre os dois, mas quando uma tragédia acontece o reverendo é forçado a sair da cidade. Sem notícias do homem que mudou sua vida, Jamie narra sua adolescência, e entorno disso descreve suas primeiras paixões: sua namorada e a música. A história consegue ser transmitida com bastante paixão e nostalgia até que, sem aviso, o cenário muda.

Na próxima parte Jamie está com 20 e tantos anos, uma carreira não muito boa no mundo musical e um vício em drogas o acompanha, e ele reencontra Charles Jacobs. É a partir daí que a coisa toda desanda;

Nenhum personagem tem mais tempo suficiente na trama para se mostrar interessante o suficiente para merecer nossa compaixão, por mais que, ás vezes, o drama carregado pareça querer nos forçar a isso quando segue narrando a história com cortes imprevisíveis, e apresentando um Jacobs cada vez mais fanático, estranho e até mesmo louco em cada encontro que os dois personagens principais têm.

Depois de muitas reviravoltas, introduções religiosas e simbolismos, bastante enrolação e personagens aparentemente sem importância e aprofundamento, chegamos ao final que foi tão elogiado pela crítica. O clímax construído para o ato final começa em poucas páginas antes do desfecho, e é uma das poucas coisas que realmente funcionam com perfeição, me deixando bastante apreensivo para o tão comentado “final traumático” do livro. Me traumatizou sim, mas não dá maneira que eu esperava, e sei que vão haver pessoas achando bom, no mínimo satisfatório, mas comigo não funcionou tão bem.

King queria fazer uma homenagem ao seu começo de carreira, retornando ao horror e visitando obras de Arthur Machen e Mary Shelley e é na nostalgia que envolve o livro que ganha minha afeição, mas por tantos pontos falhos ao redor da trama sobram poucos elogios: um deles vai pra primeira metade do livro e outro para as últimas páginas do livro que dão uma sensação aterradora e desconfortável de desesperança.

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