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Nova Rajux – O Lado Demônio

Leia antes o Prólogo e Primeira Parada

Esta é uma obra de ficção. Os nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação do autor. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.

Na manhã seguinte o homem urso bocejava jogando os braços para cima. Olhou para o lado e viu o meio dragão dormindo no lugar onde devia, do outro, o meio anão também continuava adormecido. Levantou-se para ver o sol marcando já às nove horas da manhã. Dormira bastante, mas os companheiros não pareciam dispostos a levantar até o almoço.

Drarrar deixou os novos amigos para buscar água pura. Não tinha uma moeda sequer e muito menos o costume de comprar qualquer coisa que fosse. Caminhava na direção das montanhas, onde esperava encontrar alguma nascente ou coisa do tipo. Seus pés tinham a pele dura e não seriam feridos pela natureza, o sol queimava o topo de sua cabeça nua, mas não deixava marca, apenas sentia o calor incomodativo.

Entre as altas pedras encontrou uma fenda na rocha. O homem urso se apertou para passar, pois via luz ainda do outro lado. Já dentro se deparou com um pequeno oasis escondido. Palmeiras emolduravam uma lagoa proveniente das próprias rochas e, se destacando de toda aquela cena, uma criatura de mais de três metros, feita de troncos, pedra, raízes e flores que brotavam lugar sim, lugar não. A criatura flutuava a meio metro do chão e não tinha olhos, ou boca, mas sua mão brincava com a água do riacho.

Drarrar se aproximou naturalmente sem se preocupar com a presença da criatura. Ela se virou como se o observasse, parando de mexer na límpida água doce. O homem urso abriu um sereno sorriso se aproximando mais do ser místico que não emitia nenhum som tentando acalmá-lo, estendendo a mão para que a criatura a encosta-se. O ser de terra e raízes, parecendo cauteloso, estendeu seus dedos grossos que vinham de um braço curto e largo até alcançar o membro esbranquiçado do humanoide. Após se tocarem a criatura pareceu perder o medo e voltou a brincar.

Drarrar ficou ao lado dele, ajoelhado para o lago pegando o líquido com as duas mãos para beber. Olhou ao redor procurando um jeito de levar o líquido de volta, não tinha cantil nem nada do gênero, nem em seu cavalo. O ser místico aproximou lentamente sua mão do chão, ao lado do homem urso, e, com a terra que tirou do solo, moldou um jarro de pouco mais de um litro a entregando ao novo amigo.

O humanoide aceitou o presente e o encheu de água límpida daquele riacho. Drarrar prendeu o recipiente ao seu cinto de corda para que não se esquecesse, olhou ao redor procurando por qualquer coisa interessante, mas apenas a criatura de diversos materiais se destacava daquele simples oasis. Se despediu do novo aliado e deixou o local para que aquele guardião descansasse.

Aquilo era uma cria, um ser que guarda as terras dos que creem em um deus. Era uma cria de Melabu, seres extremamente raros, verdadeiros guardiões da paz, mas podiam ser vistos bondosos e calmos, como Drarrar vera ou furiosos e violentos. Dependia de como eram tratados, mas não era o primeiro encontro do homem urso com uma cria e sabia que aqueles seres eram divinos, tinham uma áurea de bondade ao redor que trazia uma paz indistinguível ao homem.

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Draxgar havia acordado a pouco sentindo uma lambida em seu rosto. Um lobo o acordara. A pelagem do animal era cinza e suas orelhas altas contrastavam com seu rabo comprido que balançava. O meio dragão abriu um sorriso terno obervando o animal dócil. Era comum raças que trariam ameaças as populações seres domesticadas no reino de Melabu. Os seguidores do deus tratavam os seres que para muitos eram inferiores como familiares, já que não tinham famílias de verdade além de suas esposas.

– Vejo que encontrou um novo amigo. – Disse Drarrar se sentando ao lado do amigo lhe entregando o jarro com água.

– Ele que me encontrou. – Completou aceitando a bebida.

– Podem ficar quietos? Estou tentando dormir! – Reclamou Menfur.

– Não seja ranzinza, já está quase na hora do almoço. – O meio dragão cutucou o parceiro de viagem.

– Quando estiver me chame. – Respondeu se virando para o outro lado.

– Vem comigo até a cidade Drarrar? – Pediu Draxgar.

– A vila você quis dizer?

– Isso.

– Claro.

Os dois se levantaram e partiram deixando o amigo em paz, acompanhados pelo novo companheiro animal.

– Já deu um nome para ele?

– Ainda não. – Respondeu o meio dragão. – E não darei, quando partirmos ele ficará aqui!

– Por que não o levo conosco?

– Mais uma boca para alimentar e o cheiro de cachorro espanta as mulheres. – Respondeu piscando.

– Fico curioso de como um animal como esse sobrevive sem comer carne. – Comentou o homem urso.

– Da mesma forma que nós, ele é criativo.

As ruas da vila não eram movimentadas. As casas pareciam-se com as de Melabu, a mudança era que não era grande o suficiente para ter corredores e labirintos. Algumas pessoas, reconhecendo o meio dragão, lhe cumprimentavam.

– Já havia vindo aqui? – Drarrar quis saber do colega.

– Não, os conheci ontem na taverna.

– Falando nisso, não o vi chegando.

– Também não. – Respondeu rindo.

– Estou com fome. Por acaso conheceu algum dono de restaurante ou coisa parecida ontem?

– Na verdade podemos comer na taverna em que estive.

– Me parece uma boa ideia, daí já levamos algo pro Menfur.

O meio urso se deixou guiar por Draxgar. Chegaram sem muita demora ao estabelecimento, mas havia detalhes diferentes. As janelas da frente estavam quebradas, a porta derrubada para fora, arrastada e escorada à parede externa e poucas pessoas lá dentro.

– Bom dia. – Cumprimentou o meio dragão entrando no local.

– Você é muito corajoso para um Melabu! – Exclamou o taverneiro furioso se aproximando.

– Como assim? – Perguntou já pondo as mãos na frente do corpo.

– Não se lembra do que fez com minha taverna na noite passada? – Esbravejou o homem que levava uma faca de cozinha na mão direita.

– Me desculpe, mas não. Mas posso pagar. – O meio dragão levou a mão até onde ficava sua bolsa de moedas para constatar que havia sumido.

– Algum problema? – Perguntou Drarrar ao amigo.

– Meu dinheiro sumiu.

– E não tem como me pagar? – O dono do estabelecimento estava furioso.

– Podemos encontrar outro jeito senhor. – Propôs o meio urso.

– O único jeito é pondo essa cabeça na minha parede para servir de exemplo! – Apontou para o meio dragão que já suava frio.

– Que tal eu trabalhar para pagar?

– Não temos tempo para isso. – Lembrou Drarrar.

– Fique quieto. – Pediu ao companheiro.

– Terá que fazer mais do que lavar uns pratos para compensar as minhas perdas. – Disse o taverneiro balançando a lâmina na direção do jovem.

– Sem problemas, já trabalhei em lugares como esse em Melabu.

– Pode ser um bom negócio. – Comentou. – Começa agora então! – O dono do local destruído entregou a faca ao rapaz. – Lá atrás têm uma pilha enorme de folhas de Melabu. Corte cada uma em três pedaços iguais.

– Sim senhor. – Respondeu Draxgar já se dirigindo para a parte de trás do estabelecimento.

– Temos que sair ao meio dia. – Gritou Drarrar.

– Volte para o acampamento, eu não irei mais com vocês. – Respondeu sumindo por de trás de uma porta de madeira.

O meio urso deixou o estabelecimento cabisbaixo. Perderam um aliado na missão, estavam desfalcados. Estranho como o meio dragão havia se rendido tão fácil, um verdadeiro seguidor de Melabu lutaria pela sua verdade até o fim, mas o rapaz devia ter seus motivos, ou se sentia responsável por aquilo de tal forma que preferiu fazer sua parte.

Quando deixava a vila ouviu alguém correndo atrás dele junto de gritos para que esperasse. Era Draxgar.

– Você não ia ficar?

– Até parece, mas precisamos correr. – Respondeu puxando para que o colega continuasse a deixar o vilarejo.

– Ele te liberou?

– Não, eu fugi, mas já deve ter sentido minha falta.

– O sol ainda não chegou ao topo. – Comentou Drarrar reclamando.

– É sério, você conhece esses caras, ele vai vir atrás de mim.

– Nem vai dar tempo de comer.

– Prefiro minha vida, é melhor pra missão!

– Podia ter ficado lá trabalhando por alguns dias pelo menos.

– Quer mesmo discutir isso aqui? – Estavam na entrada exata da vila.

– Pega ladrão! – Um grito veio do horizonte.

Não era apenas o dono do estabelecimento ferido pelo viajante, e sim mais de dez pessoas furiosas.

– Corre! – Berrou Draxgar saindo em disparada.

O homem urso até pensou em ficar, mas sabia que seria ignorado pela multidão e eles iriam atrás de seu amigo.

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Chegaram ao acampamento com um pouco de folga. O meio anão ainda dormia, ou fingia fazê-lo.

– Acorde seu louco! – Gritou o meio dragão puxando a barba do companheiro de viagem.

– O que está acontecendo? – Perguntou se levantando já furioso.

– Temos que partir. – Disse Drarrar.

– Por quê? – Quando perguntou viu a multidão ao longe.

Os três montaram em seus cavalos, Draxgar ajudado novamente pelo meio urso.

– Esquecemos de desamarrar as cordas. – Anunciou Menfur.

Com o bando furioso se aproximando, Drarrar só teve tempo de puxar seu facão da cintura e acertar as três linhas grossas contra a árvore. Na primeira não partiu todas, mas na segunda os animais estavam libertos.

Os três cavalos saíram em disparada sem direção, apenas fugiam. O bando ficou para trás logo e o trio estava agora seguro novamente, mas sem ideia de onde estavam.

Ao redor, altas paredes de pedra não deixavam o sol chegar por outro lugar se não um estreito exato sobre suas cabeças. Apenas poderiam ver o sol por duas horas, das onze até à uma hora da tarde. Por sorte, se pode se ver aquilo como sorte, podiam ver o astro com clareza ainda.

– Estou com fome. – Anunciou Drarrar.

– Eu confuso. – Disse Menfur.

– Eu resolvo os dois problemas. – Draxgar fez seu cavalo parar e desceu para se acalmar. Ainda não estava acostumado com o animal e a fuga o deixara de estômago revirado, ajudado pelas bebidas ingeridas na noite anterior.

Os outros dois imitaram o companheiro de viagem e desceram do lombo dos pobres alazões. Até eles foram pegos de surpresa e se sentiam abalados.

– Por que tivemos que sair da vila? E por que tinha um bando de moradores com facões e ansinhos atrás de nós?

– Isso é minha culpa. – Respondeu o meio dragão.

– Me diga alguma novidade. – Ironizou Menfur.

– Um taverneiro maluco me acusou de algumas coisas que eu não fiz.

– E por que ele te chamou de ladrão? – Perguntou Drarrar.

– Quase me esqueci. – Draxgar tirou de baixo do paletó vermelho e verde um saco branco. – Peguei algumas folhas de Melabu.

– Por quê? Temos comida nos cavalos! – O meio anão tentou apanhar sua bolsa que antes estava presa ao animal, mas ela havia sumido.

– Sério que não haviam notado? – Perguntou o meio dragão.

– Você sim? – Questionou Drarrar percebendo que a sua não estava mais lá também.

– Quando acordei vi, devem ter roubado enquanto dormíamos.

– Como não percebi isso? – O arqueiro não acreditava.

– Existem pessoas realmente habilidosas por aí. – Comentou o meio urso.

– Isso não é hora para elogiar ladrões! – Esbravejou Menfur.

– Vocês viram o meu lobo?

– A última vez que o vi foi na porta da taverna.

– Que lobo? – Menfur estava por fora.

– Sai por uma janela dos fundos, ele não deve ter me visto.

– Alguém me explica o que está acontecendo? – Gritou o meio anão puxando a barba e arregalando os olhos.

– Perdemos os mantimentos e saímos da estrada. – Explicou Drarrar.

– Mas como isso tudo aconteceu? Por quê?

– Isso não é importante. – Completou.

– Que lugar é esse? – Interrompeu Draxgar.

– Algum cânion, não dá pra saber aonde vai dar. – Explicou Menfur.

– O jeito é seguir em frente. – Anunciou o meio urso.

– Sem suprimentos? – Perguntou o meio anão.

– Temos as folhas e um pouco de água que peguei de manhã, procuramos mais logo.

– Por que não voltamos? – Propôs Menfur.

– Não sabemos se estamos mais perto da vila de antes ou de uma próxima e prefiro não arriscar a encontrar aquele bando de novo. – Explicou Drarrar.

– Podemos morrer desidratados ou de fome.

– Podemos morrer de cortes e furos.

– Não vamos passar fome. – Disse Draxgar. – Não com nosso companheiro conosco. – Bateu no ombro do meio urso.

– Já que os dois concordam, não adianta eu contrariar.

– É a melhor opção. – Tentou Drarrar.

– Sim, sempre é. – Resmungou o meio anão montando em seu cavalo.

Os outros dois fizeram o mesmo para que pudessem continuar a viajar pelo cânion.

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