No dia 11/05/2015 a dupla de violonistas Rodrigo Y Gabriela se apresentou em São Paulo, show precedido pelo de 10/05/2016 que ocorreu no Rio de Janeiro. O Teatro Bradesco estava longe de casa cheia, afinal os músicos são poucos conhecidos por aqui. Eu mesmo não me recordo de como ouvi o trabalho da dupla pela primeira vez. Lembro-me sim o quão apaixonante foi aquele inaugural contato. A imensa alegria, cada vez mais rara, de ser apresentado a uma banda nova e excelente.

É música instrumental, que os dois definem com “música de fusão”. Durante uma das diversas agradáveis conversas que tiveram com o público em São Paulo, refutaram o rótulo de “flamenco-rock” que receberam de um grande portal de notícias brasileiro (não direi que foi o R7). Evidentemente que o sangue latino – são mexicanos – borbulha em seus acordes, mas muitas outras influências podem ser percebidas  na mistura que resulta em uma musicalidade bastante original. Para se ter uma ideia, um dos primeiros projetos musicais dos dois foi uma banda de heavy metal, o Tierra Acida.

O show em si foi dos mais agráveis e descontraídos que já assisti. Não era turnê para promover o lançamento de um disco novo, algo que só deve acontecer no próximo ano. A intenção dos dois nesta passagem pela América do Sul era divulgar sua música como um todo. Apesar do teatro pouco povoado, Rodrigo e Gabriela se surpreenderam com o público por aqui. Eles tocavam de acordo com o que o pedíamos, o que obviamente incluiu seus jovens clásicos como Diablo Rojo, Tamacum e sua releitura de Orion, do Metallica. Que banda hoje em dia aceita sair do set rígido e tocar de surpresa?

A precisão técnica da dupla ao vivo impressiona, bem como a potência da percussão rítmica que Gabriela produz na caixa do violão. Cada um a sua maneira, os violonistas são extremamente carismáticos. Em um  determinado momento da apresentação convidam parte da platéia (limitada ao que os seguranças consideram seguro) a subir no palco e assistir ao show com visão privilegiada. Tivemos até um cover de Symphony of Destruction, do Megadeth, com um rapaz da platéia nos vocais. Além de uma versão de Creep, do Radiohead, cantada em coro pelo público e por, pasmem, Rodrigo. O violonista canta e canta bem! No próximo trabalho Rodrigo y Gabriela terão músicas com vocais, de cantores convidados e do próprio.