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Capitães da Areia

Vocês que rondam a casa dos 30. Também vocês que já entraram e ficaram para o jantar. Talvez seja a hora de revisitar os clássicos da literatura nacional. Aqueles, que nos traumatizaram em nossa tenra juventude colegial. Que nos deram a certeza de que ler era chato. Revisitar, digo por força de expressão. O que fiz com Memórias Póstumas de Braz Cubas e Memórias de um Sargento de Milícias (só agora percebi que meus dois traumas são memórias) não foi ler.

Bons anos depois sou um leitor mais experiente. Um indivíduo mais maduro. Em tese. Por que não?
Escolhi Capitães da Areia, de Jorge Amado. Obra de vestibular, todavia menos distante no tempo / espaço.

Os Capitães da Areia são um grupo de meninos que vive nas ruas de Salvador. Liderados por Pedro Bala, na maioria órfãos, usam do furto e de outros ilícitos para sobreviver. Crianças abandonadas a própria sorte, negligenciadas por uma sociedade mesquinha. Amadurecem e endurecem cedo demais.

O que Jorge Amado consegue é mostrar ao leitor que de fato estas crianças não tiveram opção. E que a fundo eram crianças! Necessitadas de carinho e cuidados. Mas que recebiam uma coerção violenta que só fazia crescer o ódio em seus pequenos corações. Ódio dos ricos, de qualquer autoridade e muitas vezes de si próprios. Não pensem, porém, que a obra é só dor. Há muitos momentos divertidos, como quando acompanhamos os intricados planos de Pedro Bala em andamento. Cada guri que pernoita no trapiche tem sua personalidade. Seus sonhos. Seus traumas.

Capitães da Areia é uma espécie de Goonies. Não os que queríamos ver. Os Goonies que fingimos não ver. Espalhados pelas ruas de nossas cidades. O livro dói. Pesa na consciência do leitor e arde por sabermos que se mantém tão atual. O tipo de obra que te torna mais sensível e humano. Que faz refletir e ver, finalmente, as pessoas que vivem nessa condição. Depois de experimentá-lo até entendo e concordo que deva ser uma leitura obrigatória. Não para adolescentes, claro. Para os adultos que hoje vociferam preconceitos nas redes sociais e não conseguem se imaginar calçando os sapatos furados do próximo.

Essas crianças viviam do jeito que sabiam e podiam.




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